Por vezes exigimos mundos abertos para explorar, ou narrativas profundas, repletas de emoções e excelentes personagens. Mas há alturas em que esquecemos que um videojogo tem, simplesmente, de ser divertido. Certos jogos estão simplesmente disponíveis para pegar e jogar, seja por cinco minutos ou por sessões mais longas, e My Friend Pedro é daqueles títulos que nos colocam constantemente um sorriso na cara, porque é estúpido e divertido, e repleto de estilo.

Querem saber a história do Meu amigo Pedro? Não faço ideia. Apenas sei que ele é uma banana e dá missões à nossa personagem anónima. Portanto, sabemos mais sobre a banana, neste caso o seu nome, do que nós próprios. Mas por mim não preciso saber mais nada. Apenas os controlos, que se aprendem em dois minutos e partir para a chacina.

My Friend Pedro: I like to shoot, shoot, shoot Shotguns with Bananas

My Friend Pedro é daqueles jogos que parecem saídos de um filme de John Woo, e a personagem uma mistura de Jacky Chan com Chuck Norris, e um pouco de Neo e John Wick de Keanu Reeves. Para se salvar do perigo, a personagem rebola, salta e dá mortais sem nunca deixar de disparar, e pode fazê-lo em câmara lenta, numa espécie de bullet time infinito, pois a respectiva barra volta a encher rapidamente. Sim, há claras inspirações de Max Payne e Matrix, mas a perspetiva side scrolling 2D dá-lhe um toque único.

O jogo não pretende prender os jogadores em sequências complicadas. Os checkpoints são praticamente no local onde se morre. E acabar a aventura numa única sessão de jogo? Sim, bastam uma três horas para passar os cinco cenários, divididos em diversas pequenas missões. Mas o que o estúdio propõe é voltar a repetir e matar os inimigos com velocidade, mas também estilo, pois serão avaliados no final, com direito a repetições dos melhores momentos.

E até tem bosses no final de cada um, uns mais duros, outros mais engenhosos. E há perseguições de motas, em que o estilo do mascarado não diminui. A mota torna-se uma espécie de extensão do corpo do assassino acrobata e rapidamente estão a fazer loopings, cavalos e saltos, em câmara lenta, claro. A diversão não diminui…

My Friend Pedro é descrito pela sua editora, a Devolver Digital, pois claro, como um ballet violento. E não é para menos. Os inimigos estão colocados em locais onde é preciso saltar e rodopiar, que é a forma como a personagem se esquiva dos disparos dos adversários. Mas é o improviso que tornam o jogo ainda mais divertido. A personagem consegue utilizar elementos do cenário para arremessar aos inimigos, da simples faca, uma bola, bidão ou até mesmo um skate arremessado nos dentes logo após sacar um ollie. E porque não lançar uma frigideira ao ar e fazer ricochete e acertar em assassinos colocados estrategicamente em locais, onde eles pensam que não os podemos atingir?

Entre pistolas e uzis empunhadas em dual wielding como mandam as regras, a personagem tem acesso a outras armas poderosas, como uma caçadeira, metralhadora e até uma sniper, capaz de atingir inimigos ao longe rapidamente. E há uma mecânica para trancar a mira no inimigo, enquanto se dispara para outro, simulando a capacidade de atingir dois adversários em cada ponta do cenário. E se isso não chegar, há sempre elementos explosivos no cenário que servem para desenrascar.

Para além da ação, os níveis contêm alguns puzzles ambientais, de manipulação de objetos ou elevadores, ou simplesmente saltar entre cordas, evitar alarmes, deslizar sobre barris e muitos, muitos saltos entre paredes e outros elementos que requerem alguma habilidade adicional, mas sem nunca abrandar a ação.

Esta nova produção da Deadtoast Entertainment é uma evolução muito considerável do jogo original lançado em flash em 2014, que pode ser jogado através do site oficial da produtora. As bases das plataformas e o ragdoll divertido que compunham esse divertido jogo foram aprofundados e atualizados. Mas foi a satisfação da ação está melhor que nunca.

No entanto, está longe de ser desafiante, e após terminarem esta aventura de ação, praticamente não existem argumentos para recomeçar. A não ser repetir a diversão, se possível, com mais estilo ainda, e com menos ajudas. Não deixa de ser um daqueles jogos rápidos para mostrar ao nosso amigo Pedro quando vai lá a casa e pergunta: tens novidades? Claro que sim, my friend… Pedro!