Já joguei largas dezenas (possivelmente umas poucas centenas) de jogos de estratégia, mas assumo que há muito tempo não jogava a nenhum tão estranho quanto Lornsword Winter Chronicle. Um título que mistura no mesmo caldeirão momentos de RTS, Action RPG e uma lógica belicista com aura de Lemmings. Confuso? Um pouco. E ainda não tenho a certeza se existe aqui potencial ou é um daqueles casos em que apesar da experimentação, se torna um caso falhado.
Há uma parte de mim que percebe que aquilo que me faz estranhar Lornsword Winter Chronicle passa pelo facto de que tudo isto é estranhamente familiar, mas ao mesmo tempo, bizarro. É-nos tão fácil criticar a indústria e os criadores que a compõem por se limitarem a reproduzir ad nauseam o que outros fizeram, que tenho pelo menos de conceder algo ao estúdio Tower Five: pelo menos tentaram criar algo diferente.
Em Lornsword Winter Chronicle controlamos um comandante num ambiente tribal, na sua revolta contra o Imperador e o temível Império que ocupa a região. As ilustrações que vão acompanhando a narrativa e os diálogos dos personagens têm uma identidade própria e até servem para destacar a direcção de arte do jogo, pelo menos no que diz respeito às ilustrações, quase esboçadas, altamente memoráveis.
São as decisões mecânicas aquelas que maior estranheza criam quando mergulhamos em Lornsword Winter Chronicle. Na sua essência um RTS com um foco tremendo em base building, recolha de recursos e treino de unidades, misturado com elementos de Action RPG, em que controlamos o nosso Comandante, um general mais poderoso e com habilidades que o distinguem dos restantes soldados.
O objectivo de cada missão de história é igualmente simples: destruir as bases inimigas protegendo a nossa fortaleza ao mesmo tempo. O primeiro lado a ser aniquilado, perde.
A primeira estranheza é que, apesar do jogo estar em Early Access no Steam no PC, o seu mindset foi pensado para comando ao invés de rato. É com o comando que controlamos o nosso Comandante (trocadilho não intencional) e activamos os seus poderes com os botões. É possível que numa era pré-Diablo III nas consolas tudo isto fosse menos fácil de entender, mas a realidade é que se sente que estas aventuras de Action RPG controlados com comandos aprenderam, e muito, com o que a Blizzard estabeleceu.
Apesar de termos uma habilidade que nos permite “chamar” os soldados para a nossa volta e obrigá-los a seguirem-nos, o comportamento destes (e dos adversários) segue uma lógica quase-Lemming, em que estes se enfileiram em direcção à base adversária para a destruir, ou morrerem a tentar. Acredito que algo que poderá ser implementado para adensar a componente estratégica do jogo é a possibilidade de podermos criar os pontos do troço de movimento que as unidades percorrem, estabelecendo tácticas para subjugar os nossos oponentes.
A introdução de co-op split screen é algo estranho, inicialmente, mas que só vem cimentar a ideia de que os autores estão a apontar o seu desenvolvimento para lá do mercado do PC.
Lornsword Winter Chronicle é uma experiência bizarra e percebe-se que ainda há muito caminho e muita margem de progressão neste período de Early Access. É possível que aquando da sua finalização muitas das dúvidas que o rodeiam se dissipem, mas por agora ainda é muito complicado recomendá-lo, por muito que a equipa da Tower Five esteja meritoriamente a tentar criar novas experiências neste género.