Em 1860, um senhor chamado Milton Bradley inventou um jogo de tabuleiro chamado The Checkered Game of Life. A lenda do jogo é engraçada. Aparentemente Milton Bradley investiu num negócio de litografias e um dos maiores pedidos que tinha era a de uma fotografia de Abraham Lincoln, mas na cópia que ele tinha Lincoln aparecia sem a sua barba característica portanto ninguém a queria comprar. Tentando evitar a ruína financeira aproveitando o equipamento que tinha comprado e arranjando um modo de “vencer na vida” Bradley criou um jogo que era precisamente o retrato de vencer na vida onde os jogadores tinham que chegar ao fim evitando vícios e problemas. E aqui estamos, mais de 150 anos depois e The Game of Life ainda aí está no mercado, dando a Bradley uma vitória muito maior do que um negócio de reprodução de fotos.
A Marmalade Studio tem a mais recente variação de The Game of Life: Vacations. Desde 1960 que há versões melhoradas do jogo em várias plataformas, maioritariamente no seu formato original, o tabuleiro, mas esta é uma edição que utiliza o sistema mais moderno de jogo em plataformas Android e iOS num ambiente tropical numa ilha com um vulcão activo… porque é esse o sítio que vamos habitualmente passar férias… De um ponto de vista visual é perfeitamente compreensível e tem bastante impacto visual, um dos pontos mais fortes deste jogo por ser tão bem aproveitado.
O conceito de The Game of Life: Vacations é simples. Um jogo de tabuleiro que tal como o Jogo da Glória ou tantos outros em que o vencedor é quem chegar à última casa primeiro, com mais pontos acumulados. E como se acumulam pontos? Tirando fotos em locais turísticos, fazendo actividades e comprando recordações. Para quem já fez daquelas férias de pacote num resort qualquer das Canárias às Caraíbas sabe como é, há aquelas pessoas que encontramos de vez em quando que “têm que ser melhores que nós”. Nós fomos ao sítio A? Eles foram ao A e B e ainda passaram pelo ponto C e têm fotos para provar. Nós fomos à praia? Eles fizeram asa delta por cima da praia e mergulharam do ar em grande estilo. Visitamos o sopé de um vulcão? Eles fizeram um churrasco na lava… The Game of Life: Vacations mete isto num jogo de tabuleiro digital.
Há jogos mobile que são feitos para passar o tempo, pegamos nele durante 5 minutos e depois largamos. Até jogos multiplayer têm essa particularidade, jogos rápidos. The Game of Life: Vacations demora o seu tempo, permite 2 a 4 jogadores (se necessário controlados pela IA) e entre decisões e as óptimas animações, um jogo pode ser bastante demorado. É por isso que não podemos pensar nele como um jogo de “WC” ou de “autocarro” mas sim um jogo de férias, ou até de uma noite de board games em que estamos à mesa com amigos passando o aparelho de mão em mão a cada jogada, ou até online, mas acima de tudo com tempo. Além deste factor, também funciona melhor num ecrã de tablet que num smartphone, no mínimo com 7 polegadas para ver todos os pormenores como devem ser.
The Game of Life: Vacations é um jogo de família, sempre o foi, tal como tantos outros de tabuleiro. A Marmalade Studio conseguiu aproveitar as novas tecnologias e adaptar o clássico de modo a torná-lo acessível às novas gerações tão pouco adaptadas a sistemas analógicos. Perfeito para noites de família nas férias de verão para mostrarem aos filhos como se fazia quando tínhamos a idade deles. Mas num ecrã de um dispositivo moderno.