Explica lá isso dos jogos de tabuleiro!

Fixe… fresh meat!!!

Quando se falam em jogos de tabuleiro a primeira ideia que nos vem à cabeça é o Jogo da Glória, Snakes and Ladders e Monopólio. O Pedro Nunes escreveu um excelente artigo (neste caso Monopólio) que explica porque é que os jogos de tabuleiro do antigamente, não têm nada ou pouco a ver com os jogos de hoje em dia. Começar pelos jogos que nos entreteram enquanto pequenos não é uma boa ideia.  Então o que é que o nosso neófito deveria começar por jogar? Acima de tudo, o nosso recém chegado deverá pesquisar bastante bem este universo, pois os jogos de tabuleiros são como as pessoas, existem diversos jogos e estilos, tantos quanto as personalidades das pessoas.

‘Bora começar?

Settlers of Catan

“Dois mé-més para a troca… alguém tem barro???”

Em 1995 ‘nasceu’ o jogo que inaugurou e trouxe para o grande público o interesse nos jogos de tabuleiro modernos. Settlers of Catan de Klaus Teuber é um clássico quase intemporal dos euro-games. Claramente competitivo ganha o jogador que conseguir fazer 10 pontos (na sua variante clássica) ao expandir a sua rede de cidades e infraestrutura rodoviária, para além de conseguir criar o maior exército da ilha de Catan. Para tal em cada turno serão rolados dois dados (d6) aos quais serão alocados recursos para os jogadores que ocupem os territórios selecionados aleatoriamente. É um clássico, na medida em que grande parte dos jogadores que o experimentam, apreciam a sua componente estratégica e a facilidade em socializar através da fase de trocas comerciais. A sua componente de confronto directo entre jogadores torna-o um excelente jogo de comeptição.

Ticket to Ride

Um clássico da Days of Wonder, desta vez de Alan R.Moon. Em Ticket to Ride cada jogador vai competir para ligar as mais variadas cidades dos Estados Unidos. Para tal, cada jogador, à vez, vai recolher de um leilão diversas cartas com carruagens coloridas. Quando alcançar o número desejado de cores o jogador escolhe duas cidades no mapa para colocar a sua linha. Existem cartas de objectivos que dão mais pontos. As distâncias maiores são mais pontuáveis que as menores. Decididamente e por ser um jogo extremamente simples e fácil de aprender adequa-se plenamente para toda a família.

Dixit

 

Surgiu na França em 2008e é invenção de Jean-Louis Roubira. Pode ser considerado um jogo fora do âmbito mais geek. Vencedor do Spiel des Jahres em 2010, tornou-se um dos mais bem sucedidos jogos com cartas, a nível mundial. Muito por culpa da sua arte que parece sair de um sonho dado o evidente surrealismo da mesma. É um daqueles jogos onde a inteligência em identificar padrões mais mecânicos pouco conta pois a inteligência verbal e intuitiva é a pedra de toque de toda a partida. À vez cada jogador dá uma pista o menos objectiva possível e os restantes terão de adivinhar qual a carta escolhida. Se a pista for demasiado óbvia os pontos não serão bons. O ideal é ser escolhido por apenas uma pessoa. Joga permanentemente com os conceitos pré-fabricados subjacentes à experiência de vida de cada um. Excelente para introduzir aqueles amigos novos no meio que podem ter medo de coisas demasiado estratégicas. Um party game onde todos e todas vão gostar se se conhecer melhor. Em conjunto com Settlers of Catan e Ticket to Ride é um dos grandes jogos de entrada no mundo do boardgaming.

King of Tokyo

“Porrada… porrada nele!!!”

Para passar o tempo aconselha-se um dos mais bem sucedidos fillers de sempre.  King of Tokyo já analisado aqui no Rubber é criação de Richard Garfield responsável um jogo de cartas em 1993 chamado Magic: The Gathering. Escusado será mencionar que Richard Garfield possui o toque de Midas. Tanto Magic: The Gathering (altamente estratégico) como King of Tokyo venderam (e vendem) milhares de unidades por todo o mundo, todos os anos.

Sushi Go

Entre o género filler e um tipo de jogo bom para toda a família temos o Sushi Go de Phil Walker-Harding onde tal como num restaurante e à vez, as diversas refeições vão passar no tapete rolante. Cada jogador retira o ‘prato’ que mais lhe apetecer. As diversas combinações dão pontos no final da partida. Dada a sua simplicidade e a sua arte simplificada, torna-se bastante apetecível para miúdos e graúdos. A componente de estratégia é mediana e existe sempre o fator surpresa ao recebermos as cartas do jogador imediatamente ao nosso lado. É mais divertido quando jogado entre cinco jogadores.

Splendor

(Só hoje é que reparei que a capa tem uma beibe… noice.)

Antes da francesa Space Cowboys ter explodido com os seus jogos mais recentes (mantenham-se atentos ao Rubber Chicken) Marc André lançou Splendor um dos melhores card games com componente de engine-building e set collection de sempre. Ganha o primeiro a conseguir um número de pontos pré-determinado. Para isso os jogadores vão competir entre si pelas melhores cartas em leilão usando jóias para as comprar. Depois de reterem as cartas compradas estas passam a dispensar o uso de fichas para a compra de outras cartas melhores e com pontos anexados a si. Daí a lógica de engine-build, onde a máquina de caçar pontos vai sendo apurada com o desenrolar da partida.

Takenoko

Confesso que durante cerca de 10 segundos quase que senti pena em conduzir um comercial a diesel (daqueles que amandam uma bufa de monóxido de carbono cada vez que vou às 5000 rotações) ao olhar para esta capa queridinha

P.S. Já existe uma expansão com a sr.ª Panda e Pandinhas à mistura. até a comprava mas os meus índices de masculinidade proíbem esse passo.

Pandas… Que raio de besta é que não gosta de pandas gordinhos e queridinhos? É conhecido entre o meu círculo de conhecidos como o chic-flic dos jogos de tabuleiro, pois é quase garantido que uma beibe mais tímida estará no mínimo curiosa em conhecer o Panda todo quiducho e fofinho, da capa. Este é aquele jogo indicado para confessarem à vossa cara metade o vosso segredinho porco do vício em jogos de tabuleiro. “Beibe tenho um problema… estou agarrado aos jogos de tabuleiro desde 2011…”-Antes que ela fuja em lágrimas, certa que descobriu o que te torna basicamente num ácaro social na escala do jet-set, sacas do Takenoko e dizes-“´Pera aí! ‘Pera aí!! Tenho aqui uma cena que és capaz de gostar!!!“… e wham! Ela vê um panda!. “Oh tão fofinhoooooo!“. Antoine Bauza soube aliar uma arte bem conseguida a um jogo que se aprende a jogar em 10 minutos. Competimos por alimentar o nosso panda e fazer crescer bambu no nosso jardim imperial japonês.

Azul

Não julguem um jogo pelo seu aspecto pois um dos mais bem cotados jogos no BGG é precisamente Azul

 

Michael Kiesling lançou em 2017 um grande jogo chamado Azul. É completamente abstrato e isso poderá interessar aos jogadores com personalidades mais analíticas e calculistas. Cada jogador vai, à vez, completar o seu mural de azulejos. Para tal vão retirar tiles das fábricas e preencher o seu player mat. Ganha quem conseguir os padrões pré-determinados compostos por linhas e colunas. É igualmente muito simples de jogar e possui uma componente de estratégia que pode ser aprimorada continuamente e à medida que se jogam mais partidas. É portanto bom para começar a desenvolver o raciocínio lógico. A título de curiosidade, Portugal e os seus azulejos serviram de inspiração, pelo que quem começa normalmente é o último jogador a ter estado em Portugal.

Pandemic

Pandemic de Matt Leacock re-inventou praticamente os jogos cooperativos. Com um crescimento cada vez maior todos os anos, os jogos cooperativos têm vindo a saber e a fazer de modo muito inteligente a mistura com o mundo dos Role-Play Games. Matt Leacock fez precisamente isso em Pandemic. Um grupo de jogadores com as mais diversas profissões une-se para, e em equipa, combaterem quatro epidemias a nível mundial. Partem do CDC em Atlanta com o objectivo de salvar a Humanidade e possuem habilidades de jogo assimétricas entre si. O sucesso de Pandemic é tão grande que à semelhança de Settlers of Catan também possui um campeonato mundial onde um dos prémios é uma viagem a qualquer cidade indicada no tabuleiro de jogo. Com um nível de dificuldade mediano, faz com que se criem amizades rapidamente entre jogadores desconhecidos pela na sua união na luta contra o tabuleiro. Excelente para socializar com momentos de suspense na altura de virar as cartas. Excelente para jogar e desenvolver espírito de cooperação entre amigos e desconhecidos. É sem dúvida o melhor jogo para introduzir alguém aos jogos cooperativos.

Espero ter conseguido ajudar pelo que convido todos a exprimentarem uma noitada de jogatana, no vosso grupo de gameboarding local. Já existem bastantes a nível nacional… Ah e lembrem-se do fair-play pois é apenas um jogo. Umas vezes perdemos e outras vezes ganhamos!

Também temos lá pessoas adultas, bonitas e sexy… Não é tanga… A sério pá!