Há muitas maneiras de contar uma história. Oralmente; por escrito; numa imagem; ou em várias, numa música, num álbum, até pode ser num combate de wrestling. The Tiny Bang Story conta-nos várias histórias em puzzles e através da sua resolução. 

The Tiny Bang Story é daquelas pequenas pérolas que infeliz e provavelmente vão passar despercebidas no mercado cada vez maior da Switch. À primeira vista parece “só” um puzzle game encapsulado em arte que mistura o real, fantasioso e um pouco de surreal. Passando umas horas a tentar resolver os seus enigmas vemos que é muito mais que isso. Só quando já tinha jogado o suficiente desta bela obra para fazer este artigo é que descobri que é um port de com 8 anos de existência. O facto de não ter percebido isso é apenas mais um ponto a seu favor. A sua jogabilidade, música e arte são bons o suficiente para, traduzindo a expressão inglesa literalmente, “passar o teste do tempo”.

A razão principal é que The Tiny Bang Story não tem um posicionamento cronológico, há máquinas, há natureza, há tudo o que para nós sempre existiu, nada ali é estranho mesmo que a sua localização e aplicação seja pouco familiar às vezes, a sua jogabilidade é clássica e ao mesmo tempo única, a sua música é intemporal. A Colibri, estúdio que criou este jogo, conseguiu equilibrar tudo a um nível imenso.

É difícil explicar o que “é” The Tiny Bang Story sem retirar parte do seu encanto. O que se pode dizer é que existe um pequeno planeta que se desmanchou num puzzle. Um daqueles clássicos de peças. O nosso objectivo é reconstruir o planeta. Para isso, temos que apanhar as peças que vão construir a secção seguinte, para as apanhar todas temos que resolver pequenos quebra cabeças e outros puzzles mais complexos para avançar nos set-pieces que nos vão sendo apresentados. Em certas partes do jogo temos ajuda, uma pequena dica para onde está uma das possíveis peças que nos faltam se a pedirmos, mas mais do que isso depende de nós e da nossa capacidade de observação.

Na sua base The Tiny Bang Story é isso, um jogo de puzzles e de procura de objectos, mas quando vemos que cada puzzle é construído com um cuidado tão grande e real que percebemos que é mais que isso, é uma história contada em pequenas histórias de imagens. Nem todas são realistas, mas todas existem. Cada cenário, cada imagem conta-nos algo e conta bem, porque não temos texto, não temos instruções audio mas mesmo assim, sabemos o que temos que fazer porque faz sentido. Na maior parte dos casos…

The Tiny Bang Story tinha tudo para ser frustrante como outros jogos de procura de objectos mas consegue estar no espectro oposto, é calmante, é sossegado, os puzzles não são irritantes, porque como já disse fazem sentido. E talvez seja a sua arte, talvez a música acompanhados da construção naturalista dos seus enigmas, se calhar é isso mesmo, tudo junto. 

A questão é um jogo que vale a pena. Não é longo, mas vale a pena, perfeito para jogar com crianças ou em família e é sem dúvida altamente recomendado.