Ashes of Oahu foi lançado a 29 de Agosto pela Wyrmbyte. A acção decorre no Hawai e só isso já merece algum destaque. Não é assim tão comum enquanto cenário e, sobretudo, enquanto setting cultural. A temática, confesso, vincou o meu interesse e vontade em nele mergulhar. Mas o mergulho em águas revoltas traz muita coisa boa, mas também muita coisa que me deixa a torcer o nariz.

A direcção artística de Ashes of Oahu tem alguns pontos interessantes, com contrastes marcantes e uma palete de cores desenhada para forçar esses mesmos contrastes. E há, de facto, um conjunto de coisas que colocam o jogo num elevado patamar de qualidade e de valor percepcionável. Depois há outras que deixam a nu o facto de este se tratar de um projecto realizado por uma equipa pequena. Note-se que, fazendo-lhes justiça, está aqui um trabalho soberbo. A complexidade, a densidade, a riqueza da história, das mecânicas, da árvore de talentos, do mapa e de todo o universo construído são por demais evidentes. Há MUITO para fazer e descobrir em Ashes of Oahu. Só que não é normal vermos um estúdio tão pequeno a abraçar um desafio desta envergadura. E as lacunas aqui e ali são, também elas, evidentes. Algumas animações, alguns cenários menos bem conseguidos, luzes, texturas, alguns diálogos e, sobretudo, algum polimento em matéria de gameplay, interface e de dosagem são os pontos que mais saltam à vista e que, lá está, fazem torcer um pouco o nariz.

A complexidade inerente ao relacionamento com inúmeras facções promete horas de jogo

O jogo debita um sem-número de capítulos de lore e de coisas a fazer antes de eu ter tempo de dar dois goles na cerveja. E torna-se difícil de encaixar tudo de forma a que fique consolidado e, com isso, com que se crie uma ligação emocional à nossa personagem e ao que de nós se espera. A quantidade de informação é imensa e a velocidade a que a mesma é debitada, aliada à forma como isso é feito, não ajudam a minimizar a entropia inerente a uma nova montanha a escalar. 

Ai Zé, que estás todo brilhante

Pessoalmente, agradar-me-ia um scope menor. Menos coisas, menos habilidades, menor área a explorar, mas muito mais detalhe nessas coisas. Muito mais atenção ao pormenor. Mas, assim como assim, Ashes of Oahu não deixa de ser um jogo extremamente interessante, por um valor bastante acessível, feito por um pequeno estúdio que ousou enfrentar um tubarão armado com um palito, uma casca de laranja e um guardanapo. O resultado é um jogo com muito por polir, mas riquíssimo em termos de conteúdo. Recomenda-se a fãs de jogos a fazer lembrar um FarCry dos recentes, à procura de um desafio original.

Epá, que maçada. E agora, quem vai regar as plantas?