Um dos jogos que tive mais gosto em jogar a dois ultimamente, foi um spin-off de um dos jogos mais conhecidos do mundo: Settlers of Catan. Deixo aqui a oportunidade para agradecer ao Ricardo Magalhães a sua amabilidade em me ter deixado experimentar. Com uma mecânica sobejamente apurada pela parte de Klaus Teuber , Rivals for Catan, da alemã Kosmos,  é um excelente jogo competitivo a dois. Como é hábito da tradição alemã no que diz respeito a jogos de tabuleiro temos uma versão muito bem pensada em termos de mecânica e funcionamento geral.  Rivals for Catan é um daqueles jogos para dois tão bem pensados que para mim ao está ao nível de um Patchwork do Uwe Rosenberg, o que é um dos melhores jogos competitivos para dois, presentemente no mercado.

O objectivo, à semelhança de Settlers of Catan, será fazer pontos para despoletar o fim da partida. À semelhança do jogo pai em Rivals for Catan ambos os jogadores começam com duas aldeias. Ao contrário da versão em tabuleiro, ambos os jogadores começam com um terreno de cada tipo. As partidas são jogadas à vez entre cada oponente. Com o desenrolar dos dados duas coisas acontecem. O dado que possui pintas diz qual o terreno na nossa posse que gera recursos. O dado com figuras já permite dar uns toques especiais à dinâmica de jogo a dois.

Para indicar o número de recursos basta rodar para a posição certa. Chega-se a três e é o limite. Simples.

O dado de seis faces desenhadas tem seis desfechos diferentes. O ponto de interrogação obriga a revelar um evento que muda o desenrolar da partida; a espiga de trigo representa um ano excelente pelo que ambos os jogadores escolhem um recurso à sua escolha para produzir imediatamente. O símbolo da clava representa os invasores que roubam a lã e o ouro (à semelhança do que acontecia com os ladrões). A harpa, o machado e a balança representam pontos de supremacia no comércio, força militar e na diplomacia. Até um dos dois possuir três figuras ambos ganham um recurso à sua escolha.

Depois dos três símbolos estarem jogados na mesa ganha somente quem tem a supremacia. Sendo um card game pleno a existência de outros marcadores por via de tokens é quase nula à excepção dos marcadores de supremacia. O que em tabuleiro era feito com um  pequeno cartão aqui é feito com um token. Vale um ponto. Funciona exatamente como os pontos de maior via de comunicação e maior exército da versão pai. São efémeros e podem mudar de mão muitas vezes numa partida.

Voilá os tokens… nada de grandes artifícios.

Um evento em que a força jogada em mesa importa

Como Rivals for Catan é essecialmente um city buider com engine build o importante será maximizar a produção de recursos para poder comprar os edifícios que dão mais pontos. A lógica será pensar bem no que se joga isto porque o espaço para a construção é finito. Com uma aldeia temos acesso a quatro terrenos (podendo estes ser partilhados por outras duas urbes) e dois espaços de construção onde colocamos uma infraestrutura ou um aldeão. Quando promovemos uma aldeia a cidade, ganhamos dois espaços de construção adicionais. Quando o espaço se esgota ou podemos substituir o que está construído por novas construções ou podemos expandir construindo estradas nos extremos laterais e instalando novas aldeias. Para tal e à semelhança da versão pai teremos que deixar estradas de distância entre cidades. O curioso, é que raramente se sabe o que é que a nossa aldeia vai ter como terrenos adjacentes, o que torna a sorte um elemento por vezes determinante no caminho para a vitória.

A bandeirita representa um ponto de vitória. Certos edifícios só podem ser construídos em cidades o que nos obriga a promover aldeias.

Algumas cartas da versão base…

Siglind, a ‘viking’ que fez um raide no meu coração <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3

As cartas que podem ser biscadas correspondem a três tipos. As que têm letras no canto destinam-se a ser usadas (e descartadas  após uso) de modo a, instantaneamente, fazerem uma ação específica. Existem depois as cartas de aldeão e de infraestrutura que possuem o seu custo no canto. Os aldeões trazem sempre símbolos de força, diplomacia ou comércio apensos a si. As infraestruturas influenciam positivamente o modo de produção dos recursos circundantes.

Existem igualmente navios que permitem trocar recursos em excesso por recursos em falta. Apesar de não serem um aldeão nem infraestrutura ocupam um espaço na mesma.

As expansões

Existem presentemente três expansões para Rivals for Catan. No contexto deste player contra player as expansões não são mais que conjuntos adicionais de cartas que influenciam a interação entre jogadores. São as expansões as seguintes: a Idade do ouro, a Idade dos Conflitos e a Idade do Progresso.

Na Idade do Progresso ambas as fações são confrontadas com diversas cartas especiais que alteram significativamente o modo de engine build provocando assimetrias profundas. um jogador está obrigado a manter o adversário em cheque permanente. O baralho de cartas da Idade dos Conflitos cria uma dinâmica de jogo com muito take-that à mistura onde a sabotagem e destruição de edifícios entre fações é permanente. Definitivamente é a versão onde o conflito é quase directo. O progresso é travado bruscamente especialmente se jogarmos repetidas vezes cartas que provocam o roubo e/ou evaporação de pontos já jogados na mesa. Com a Idade de Ouro, como seria de esperar, ambas as fações são confrontadas com a possibilidade de construir os edifícios citadinos mais chorudos em pontos.

Resta acrescentar que todas estas três idades podem ser misturadas e jogadas em uníssono. Dada a profusão de cartas aconselha-se mesmo a house rule de permitir o jogo acabar somente quando um número de pontos maior que o determinado, for alcançado. Por isso se estão à procura de um jogo que queiram jogar a dois até porque a maior parte da malta cortou-se e não pôde aparecer Rivals for Catan é de facto uma escolha acertada!

Um daqueles detalhes para os quais não estava nada à espera… O próprio Klaus Teuber faz um cameo no seu próprio jogo!