Chegou recentemente vindo de uma campanha bem sucedida em Kickstarter um excelente ‘set colection‘. Chama-se Fantastic Factories e poderá sobreviver ao teste do tempo, tornando-se um excelente jogo para agarrar o vício dos demais jogadores durante muito tempo. É uma criação das mentes de Joseph Z Chen, e Justin Faulkner que via Kickstarter criaram a Metafactory Games com sede em Seattle nos Estados Unidos. A famosa frase ‘less is more‘ (‘menos é mais’) justifica-se na plenitude com este jogo. Sou apologista de jogos simples e fáceis de aprender tais como alguns dos quais já falei aqui (Cat Lady , Mystery of the Temples ou mesmo Mini World War II).

Com distribuição mundial, de momento, pela parte da Deep Water, Fantastic Factories apresenta-se como um jogo bem pensado onde cada jogador é um industrial que irá estar em competição com os outros jogadores para construir as fábricas mais eficientes e espetaculares. Para tal vamos escolher: ou plantas arquitetónicas representando as mais diversas tipologias fabris, ou recrutaremos os mais diversos profissionais da construção civil para nos ajudarem a construir o nosso império fabril. Para tal teremos que equilibrar a produção de recursos no que diz respeito ao metal (necessário para construirmos as nossas fábricas), e no que diz respeito à energia produzida que é obrigatória para o transformar o metal num objecto construído.

Eis o jogo disposto como se fosse um anúncio da TV Shop!

Fantastic Factories é um set colection, dice rolling/worker placement facilmente categorizável como race game com algum engine build, isto porque o jogo termina, assim que um jogador possuir 12 bens produzidos ou 10 cartas de fábrica estejam na mesa. Atenção que só essas contam como fábricas de facto construídas; isto porque dada a mecânica de jogo cada jogador vai invariavelmente acabar a partida com cartas de planta arquitetónica na mão. Quando esta condição de fim de jogo se verificar, faz-se um turno especial.

A mecânica

O setup é simples. Cada jogador possui um tabuleiro de jogador e quatro cartas de plantas arquitetónicas. No início do jogo são dispostas duas fileiras de cartas. Num baralho estão os subcontratados (compostos pelos diversos profissionais da construção civil) que nos poderão ajudar na partida e no outro estarão as plantas arquitetónicas representando os diversos tipos de estrutura a construir. Cada fileira vai dispor quatro cartas. Em cada coluna de duas cartas irá ser disposto de modo aleatório um token com um símbolo.

O aspecto geral da partida… neste caso: seis construções na mesa… quatro para despoletar o fim de jogo!

Os tais tokens que são dispostos de modo aleatório no início de partida indicando o descarte por coluna.

Sempre que quisermos recrutar alguém basta descartar uma carta de planta arquitetónica com o mesmo símbolo. Para construir é exatamente a mesma mecânica. Naturalmente, estas cartas de construção de fábricas, necessitarão quase sempre de um custo pré-determinado em metal e energia. Como são fábricas, no fim de um turno, se alocarmos um dado, produzem bens o que serve para acelerar o fim do jogo. A gestão da mão e da partida irá andar sempre em redor destes três recursos. O metal e a energia só podem ser acumulados até um limite de doze sendo que o excedente é descartado a cada turno de jogo.

Bens produzidos…

…metal…

…e energia.

Existem duas fases de jogo. Existe fase de mercado em que cada jogador à vez recruta mão de obra e ‘compra’ plantas no mercado e a fase de produção em que o motor construído gera recursos. É nesta fase que os jogadores usam o tabuleiro de jogador e os quatro dados coloridos que cada um tem. Ao rolar os dados, os recursos serão alocados ou para produzir energia, ou para minerar metal, ou ainda para ir buscar cartas de mão de obra a fim de agilizar o processo de construção de fábricas. O descarte de cartas para se poderem construir fábricas e recrutar ajudantes, vai ser uma constante em toda a partida. Sendo um engine build, uma vez que as próprias cartas de fábrica construídas produzem recursos, nestas os dados poderão ser alocados para as ativar.

 

Um exemplo de dados duplos usados para gerar recursos.

As cartas de fábrica construídas funcionam, particularmente bem, nos casos em que a capacidade construída, é superior à gerada apenas aquela constante nos pelos tabuleiros de jogador. Um bom truque é mesmo usar os valores duplos dos dados para incrementar a produtividade, usando os bónus para acumular recursos extra. Existem ainda dados brancos que poderão ser apropriados momentaneamente para ativar mais acções quer sejam em fábricas construídas quer constem das acções base do tabuleiro de jogador. Estes dados brancos são geralmente de uso de uma só vez por turno.

Alguns dos muitos subcontratados para nos ajudar à nossa empreitada!

Uma das cartas mais fortes do jogo… e por falar de arquitetos…

 

Por acaso já conhecem um grande arquiteto português chamado Taveira?                                                                                                                                                                                             (Para todos que foram clicar na setinha… vergonha, seus tarados acham q̶u̶e̶ ̶e̶u̶ ̶t̶i̶n̶h̶a̶ ̶o̶ ̶d̶e̶s̶c̶a̶r̶a̶m̶e̶n̶t̶o̶ ̶e̶ ̶a̶ ̶o̶u̶s̶a̶d̶i̶a̶ ̶d̶e̶ ̶c̶r̶i̶a̶r̶ ̶u̶m̶a̶ ̶h̶i̶p̶e̶r̶l̶i̶g̶a̶ç̶ã̶o̶ ̶a̶q̶u̶i̶ e que me deixavam por um link destes aqui???)

Pela experiência que tive as cartas de subcontratado ajudam imenso a optimizar e a fazer um arranque rápido na construção das nossas primeiras fábricas. A fim de manipular, a nosso favor, o resultado do dado, a carta Dojo, por exemplo, é das melhores pois permite mudar um resultado em uma pinta. Num jogo onde os valores duplos de dado são importantes para gerar bónus produtivos e num jogo onde o uso de dados extra é difícil, este tipo de mecânicas de jogo é importante para afastar a aleatoriedade do factor sorte na nossa vez de jogar.

Não se assustem com as imagens dos protótipos… Os player mats levaram um upgrade para a sua edição final!

As regras são tão simples que mesmo num jogo a cinco a partida de Fantastic Factories segue muito fluída o que é excelente para motivar os jogadores mais novos e impacientes. Arrisco-me mesmo a prever que este jogo poderá não ser esquecido tão prontamente. Aliás os participantes da versão em Kickstarter tiveram ainda direito a algumas cartas promocionais a acrescentar numa futura expansão.

Em jeito de conclusão acho que a arte de Fantastic Factories está bem conseguida. O aspecto de Lego das cartas personagem tal como a paleta de cores vivas ajuda a dar uma imagem um tanto pueril mas bem disposta ao jogo. O próprio design da simbologia nas cartas permite com muito pouco esforço e ao fim de algumas partidas  memorizar os efeitos e requerimentos das cartas. Seria ideal se o tivessem conseguido fazer de modo a que ficasse sem dependência de regras completa, no entanto é daqueles jogos que pela sua complexidade reduzida dá um excelente jogo para ser jogado em família. A Metafactory Games é uma estreante no mundo dos jogos de tabuleiro no conseguiu criar com Fantastic Factories uma boa base sólida numa partida editorial que em nada envergonha os seus criadores. Todo o mérito da campanha de Kickstarter bem sucedida é de facto merecido.