Um dos finalistas nacionais do Indie X foi Miguel Gonçalves com o seu jogo Portobello Beat. Podem ler aqui uma pequena entrevista que lhe foi feita acerca do evento, do seu jogo e dos seus planos para o futuro.
Quais eram as expectativas quando foi enviada a candidatura para o Indie X? E como foi ser chamado como um dos finalistas?
Eu por acaso só cheguei a enviar a minha candidatura no ultimo dia possível. Umas semanas antes eu tinha ido ao Game Dev Meet no Porto pela primeira vez e o Ricardo Mota (um dos organizadores do Indie X) estava lá e sugeriu que eu me candidatasse. Eu não estava a espera de nada por isso foi uma surpresa quando recebi o email a dizer que tinha entrado. A surpresa foi maior quando vi quais eram os outros finalistas. Foi bastante estranho ser um finalista na mesma competição que os The Game Breakers.
Que tal foi o evento? Pontos altos e baixos.
O evento foi bastante Exaustivo, foram 4 dias seguidos e nós estivemos lá das 9 da manha até ás 10 da noite quase todos os dias. A parte mais difícil deve ter sido tentar explicar o meu jogo a centenas de crianças que pareciam um pouco mais interessadas em encontrar a tenda do Fortnite que havia lá no XL Games World. Mas houveram muitos mais pontos altos, consegui conhecer muitos devs fantásticos e posso dizer que fiz bons amigos enquanto estive lá, foi também bastante surreal falar com o Rami Ismail (um dos criadores de Nuclear Throne) sobre o meu jogo e sobre game development, honestamente não estava muito a espera disso quando me tinha candidatado.
O Indie X foi bastante relevante para mim, eu acabei o meu curso recentemente e agora estou a fazer freelance e a tentar arranjar trabalho dentro da indústria. Por isso este evento foi uma oportunidade fantástica para fazer networking e criar contactos com quem possa precisar de ajuda no futuro.
Qual foi a inspiração para Portobello Beat?
As minhas 2 maiores inspirações para o Portobello Beat foram o Punch Out!, onde eu tirei muita inspiração para as animações e designs das personagens, e o Rhythm Heaven um jogo de ritmo da Nintendo onde o Jogador tem que completar vários mini-jogos de ritmo com historias e personagens diferentes ao som do ritmo da musica. Esta foi obviamente a maior inspiração dado que eu também queria ter aquele feel de ser um jogo curto mas cute.
Um rhythm game baseado em boxe com cogumelos humanizados não é uma combinação de palavras comum tal como a ideia que gerou este jogo, porque foi seguido este caminho?
Pois, o jogo ainda chegou a ter bastantes iterações em termos de design antes de começar a trabalhar nele, no inicio eu sabia que queria fazer alguma coisa rítmica, a ideia do boxe veio um pouco naturalmente dado que o boxe é um desporto aonde o ritmo é essencial (não tanto o ritmo musical mas era perto o suficiente) nos primeiros designs as personagens eram humanas, mas isso era um pouco limitado em termos de cores e também era um pouco genérico, dai fui explorando outras coisas, animais, robots, etc… honestamente não sei muito bem dizer como é que eu calhei em cogumelos, suponho que sempre gostei deles, mas as formas e cores dos diferentes cogumelos acabaram por ser uma fonte enorme de inspiração para as personagens do jogo.
Qual foi o maior entrave na criação de Portobello Beat?
O jogo foi feito como projecto final universitário, a equipa era só de duas pessoas, eu dirigi o jogo e tratei de maior parte da vertente artística e o meu colega tratou de maior parte da vertente técnica, mas fizemos os dois um bocado de tudo. O maior entrave na criação do jogo deve ter sido o facto que nós só tivemos cerca de 6 meses para fazer o jogo enquanto também acabávamos outras cadeiras. Tivemos que cortar vários aspectos do jogo e não tivemos muito tempo para testar o jogo, mesmo assim eu acho que fizemos um bom trabalho para o tempo que nos foi dado (nós também trabalhamos um pouco no jogo depois do dia da entrega).
Para quem está a estudar videojogos, como vês o mercado em Portugal? Desde a comunidade de devs até aos produtos que são lançados no mercado.
O mercado em Portugal ainda está em crescimento obviamente, mas eu acho que a comunidade existente é extremamente chegada e dedicada, só agora é que estão a sair projectos maiores de Portugal, mas eu acho que para quem está a estudar videojogos isto é uma boa altura para fazer parte da comunidade e ajuda-la a crescer.
Os videojogos são uma indústria digna de investimento, valerá a pena trabalhar neste sector?
Apesar de ainda não estar a trabalhar no sector profissionalmente, eu acho que vale a pena trabalhar neste sector, ainda está a crescer por todo mundo e ainda há muitos caminhos a percorrer nesta industria e muitas inovações a espera de acontecer.
Para terminar, que planos há para a Wearable Trousers no futuro? Algo que possa ser revelado?
A equipa que trabalhou no Portobello Beat não tem nada planeado para o futuro próximo, eu claro que planeio em continuar a fazer pequenos jogos no meu tempo livre, mas entretanto vou postando pequenas animações e projectos mais pequenos no meu twitter @miguel.madate. Quaisquer projectos futuros provavelmente vão ser postados lá.