Acho que já andava para jogar Pillars of Eternity há uns anos. Não tantos quantos o jogo tem mas pelo menos há 3 ou talvez 4 porque tinha um colega no emprego que sempre que havia uma conversa sobre jogos entre os três que partilhamos aquele espaço durante meses ele dizia que só estava a jogar Pillars. Ele queria “platinar” o jogo, se o conseguiu ou não não faço ideia porque ele acabou por ir para outra empresa e perdemos contacto mas agora que tenho estado a jogar o port do jogo na Nintendo Switch há semanas percebo o fascínio dele com este mundo.

Apesar de eu detestar pessoalmente a expressão podemos dizer que Pillars of Eternity é um “sucessor espiritual” dos Baldur’s Gate e Icewind Dale, ou até Planescape: Torment. É um RPG “clássico” em perspectiva isométrica carregado de lore, personagens super interessantes, enredos cativantes e diálogos com melhor escrita e desenvolvimento que 91% dos livros, séries e filmes lançados nos últimos 15 anos. Só por isso não recuso dar-lhe essa medalha de sucessor dos melhores RPG da era moderna, Pillars of Eternity vai buscar o necessário como inspiração e homenagem a esses jogos e ao invés de falhar como tantos outros antes e depois dele, mantém a fasquia da qualidade ao nível dos seus ídolos. Por esta razão apenas, a compra deste jogo é recomendada para quem nunca o fez em qualquer plataforma que prefiram e ele esteja disponível.

Além disso, como se não fosse suficiente, o que torna Pillars of Eternity tão bom? O que faz dele um RPG tão bem conseguido que o fez receber tantos elogios da crítica mundial?

Para fazer um bom comentário a Pillars of Eternity é preciso olhar para a sua história. Ambas as três como diz o povo. A história da sua criação e como Pillars foi criado com o apoio de mais de 77 mil fãs no Kickstarter que foram puxados pelo sentido nostálgico de trazer de volta os RPG clássicos que já foram mencionados, clássicos com particularidades de estrutura e mecânicas que na altura eram inovadores mas que hoje em dia seriam considerados antiquados, a história em que se inspira de RPG de party em perspectiva isométrica e uma grande dependência de texto que tem que ser lido é quase totalmente fora do que se faz actualmente, e esse texto que é a história principal de Pillars e a sua espinha dorsal.

A Obsidian Entertainment teve pequenos toques de génio quase imperceptíveis para tornar o jogo mais “moderno” como por exemplo a necessidade de ter material de acampamento para passar a noite nas masmorras e recuperar alguma energia, algo que impede o que eu usava quase como cheat nos Baldur’s Gate em que colocava a minha party a dormir e recuperar do dano que sofreram a cada combate. Com a utilização de camp supplies de número limitado tendo em conta a nossa escolha de dificuldade somos obrigados a escolher com mais atenção e cuidado quando usar esta opção. Outro aspecto interessante é que a certo ponto nos tornamos senhores de uma pequena região e temos que a recuperar e gerir com poucas consequências mas dando mais conteúdo ao jogo.

Pillars of Eternity acima de tudo tem boas histórias, e é isso que sustenta todo o jogo. Podemos até dizer que os pilares de Pillars são as suas histórias muito bem escritas, apesar de estarmos em 2015 (quando foi lançado) e mesmo agora quase em 2020 conseguimos jogar algo que nos faz estar constantemente a ler. Há voice acting no jogo feito entre outros pelo Matthew Mercer mas a história, os diálogos e tudo mais é fluído, tão ou mais fluído que muitos romances em listas de best-sellers. Só por isso é altamente recomendável, tudo o resto torna-o obrigatório na vossa plataforma de eleição.