Todos têm uma ou outra história de Natal, mesmo celebrando-o ou não, mas as coisa boas ficam para sempre no nosso coração. A nostalgia pode-nos puxar para um sentido do niilismo dependendo ou não da maré emocional.

Por estas alturas todos nós temos um certo ritual, algo que nos liga a um cantinho alegre das nossas memória. Vou contar-vos o meu.

Era uma TV similar à da foto, uma de marca branca Aurora que ainda funciona e que a vou ligar este Natal.

Na minha infância complicada não tive acesso aos jogos mais recentes, a Master System chegou de uma forma um pouco tardia já que a malta toda tinha Mega Drive e já se falava da Sega Saturn e PlayStation!

Mas eu lá me contentava, coisa que hoje em dia o consumismo agressivo não dá tréguas e que os os Pais têm dificuldade em controlar. Os meus souberam manter-me feliz com o que tinha.

Naquele tempo quando sabíamos de alguma novidade ou de promoções era sempre na época do Natal

Hoje aquela nostalgia transformou-se num ritual: por esta altura dos dias de Natal e Ano Novo, vamos para a aldeia, para a casa dos meus Avós, uma casa de aldeia simples e remediada, que só há “bem pouco tempo” teve electricidade instalada, lembro-me como fosse ontem, tinha eu os meus 5 anos quando lá foram meter luz.

Hoje muitas famílias tem o ritual que toda a gente tem, fazer a Árvore de Natal e o Presépio, tenho saudades de ir ao campo buscar musgo para o presépio, os rituais também mudam e pode ser qualquer coisa desde que nos traga boas recordações, a nostalgia é tramada!

E depois disso nos meus 10 anos tivemos lá uma TV comprada pelo meu Avô, uma TV a cores, onde todos os fins de semana do Verão víamos religiosamente os Jogos Sem Fronteiras!

Na nossa casa em Setúbal tínhamos ainda uma a preto e branco! Por isso façam as contas mentalmente.

Estou a preparar a minha mala, meto lá a minha Master System 2 que por acaso agora tem um mod rgb para TVs modernas, e meto uns quantos jogos, mas do que tinha na altura, mas um deles vai sempre, obrigatoriamente!

É o Ninja Gaiden, o meu jogo favorito e aquele que na minha opinião é o melhor jogo alguma vez feito para a consola, pelo menos será o melhor da série.

Tal como agora se discute por aí nas redes sociais que o Die Hard não é ou é um filme de Natal (mas que obviamente é), qualquer jogo é o jogo de Natal, sem qualquer vergonha, a nostalgia é também boa, e se o jogo também for bom não interessa. Estamos felizes e estamos entretidos.

Para muita gente pode parecer estranho um Ninja Gaiden para uma consola da Sega, mas sim a Sega obteve uma licença na altura que a Nintendo dominava um monopólio com a sua NES.

O jogo é na sua essência um Ninja Gaiden, mas não tem as falhas óbvias dos da NES, sobretudo é um jogo mais acessível, hoje temos aquela discussão sobre os jogos serem dificultes demais ao ponto de se tornarem divertidos e aprazíveis! Discussão reacendida com a popularidade do Dark Souls.

Naquele tempo a dificuldade vinha de duas formas, ou era um defeito devido a limitações técnicas ou eram os prazos apertados ou baixos orçamentos, se bem que muitos destes factores podiam se acumular. Para nós nem sempre era mau, a dificuldade extra dava mais rendimento!

A serie Ninja Gaiden na era 8 bits era isso mesmo, muita da dificuldade existente era ou por limitações técnicas da consola ou por mau design.

Um dos problemas das versões da Nes era a detecção de colisões que envolviam os sprites dos jogos, muitas vezes invisíveis ou eram obstáculos que nos faziam parar, cair ou falhar um salto, a versão exclusiva da Master System não tinha esses erros.

O da Master System tornou-se um aprimoramento e é uma jóia de jogo, é ainda agradável mesmo aos olhos de hoje, como tem uma jogabilidade muito acima da média dos jogos da altura para a consola, mesmo com as limitações que tem, porque nada é perfeito, bem se calhar quase nada, tirando o Tetris que também o levo comigo.

No primeiro Natal que o tive não o acabei: o comando original da consola além de já muito usado era péssimo para algumas manobras de diagonais que eram necessárias para activar os powerups e pela ausência dum terceiro botão. Consegui colmatar essa falha com um comando de Mega Drive cujo D-pad ou direccional era perfeito para o jogo!

Terminei-o no Verão quando fui passar as férias com a minha Avó, muitas horas de seguida porque o jogo não tem modo de salvar, muitos gritos ouvi para ir almoçar, lanchar ou jantar!

Hoje cumpro o meu ritual, levo a minha Master System vou acabá-lo pela vigésima vez mais uns quantos anos já que perdia a conta mas pelo menos são umas vinte runs!

Bom Natal!