O enorme apreço que o João Machado enunciou no seu top do ano pela sequela de One Finger Death Punch é igualmente partilhado por mim. 

Só quem nunca jogou nenhum destes jogos é que não percebe que para além do visual simplista com stick figures, esconde-se um dos brawlers mais satisfatórios que podem jogar, mesclado com elementos de rhythm game, num desafio tão intenso que depois de terminarem um nível sentem-se o Bruce Lee a flectir os músculos peitorais na sua famosa pose.

Musashi vs Cthulhu, lançado há poucos dias em Early Access no Steam pelo estúdio brasileiro Cyber Rhino Studios segue na mesma senda, adicionando à jogabilidade de OFDP uma estética próxima da banda-desenhada.

O personagem principal é Musashi, o famoso samurai da História do Japão, que se vê a braços com uma invasão de criaturas hediondas leais a Cthulhu. À semelhança com o protagonista OFDP, Musashi não se move sem ser com o impulso de cada ataque, adoptando uma postura estacionária até que os inimigos se aproximem. 

Musashi vs Cthulhu tem comandos que apesar de simples, são menos imediatos do que esperaríamos, já que a única forma de conseguirmos atacar os monstros que vão surgindo à esquerda e direita é acertar precisamente nos seus pontos fracos. 

Para quem, como eu, está a jogar com um comando de Xbox 360, os ataques são feitos à esquerda, carregando cima, esquerda e baixo nessas direcções específicas, ou o equivalente à direita com Y, B e A. A dificuldade está, obviamente, na mecanização imediata destes botões de ataque, para que consigamos atacar os inimigos nos seus pontos fracos.

Musashi tem 3 “pontos de vida”, ou seja, 3 hipóteses de falharmos antes de ser game over e termos de começar do início. Cada vez que um monstro nos toca e nos “tira” 1 ponto de vida, Musashi projecta um campo de força que repele os monstros nas duas direcções, dando-nos um pouco de espaço para entrar de novo no ritmo de derrotar cada um dos monstros que nos cercam.

Este não é de todo um jogo fácil, e o espírito arcade de termos um score que mede do 0 o nosso desempenho em cada playthrough é desafiante o suficiente para sentirmos o peso de treinarmos as nossas reacções, e o mecanismo olhar/pensamento/mãos.

Apesar de estar em Early Access, Musashi vs Cthulhu apresenta-se já como um jogo interessante, cujo desafio nos consegue agarrar ao longo de várias horas. Repensaria, se fosse os seus criadores, as indicações visuais no ecrã, estudando-as para que mais facilmente sejam identificáveis pelo nosso olhar, quiçá, através do aumento da escala destes elementos. 

Tirando esse pormenor, e a curiosidade de saber quanto conteúdo diferente o jogo possui, já que a minha ineficácia não me permitiu avançar o suficiente para desbravar até ao “fim”, Musashi vs Cthulhu é um excelente jogo para todos aqueles que ficaram apaixonados por OFDP, e que têm aqui um novo título do mesmo género para se deliciarem.