Utilizando a abertura da saudosa rubrica Mystery Box do Isaque Sanches: já conhece Arkanoid? É claro que já. Um dos jogos arcade mais influentes de sempre, “filho” de Breakout, criado pelos míticos Nolan Bushnell e Steve Wozniak, e que conduziu a incontáveis clones e adulterações ao longo dos últimos 40 e muitos anos. 

Drawkanoid, um discreto indie lançado há dias quase ao preço da uva mijona no Steam é o mais recente desses clones. Mas na realidade, chamar-lhe clone é ser injusto para o exercício criativo que faz de Drawkanoid uma experiência completamente distinta dos seus pais e avós.

Provavelmente a linha de pensamento do estúdio QCF Design que conduziu à criação deste jogo advém de exasperadas frases de jogadores de Arkanoid quando a bola invariavelmente lá caia pelo fundo do ecrã. “Mas porque é que eu não posso mexer a raquete para onde eu quero?” ou “Porque é que a bola não desacelera quando chega perto de mim?”. 

A resposta a estas duas perguntas são as mecânicas base de Drawkanoid, um jogo em tudo quase idêntico às suas inspirações não fosse um facto que o distingue, e muito: a raquete é desenhada por nós, no ângulo e posição que quisermos e volta a desaparecer depois do contacto com a bola.

Para nos permitir algum espaço de manobra, quando a bola se aproxima da nossa zona de exclusão (situada no último quarto inferior do ecrã), ela entra em câmara lenta, permitindo-nos desenhar a raquete no local e ângulo onde preferimos.

À primeira vista a união destas duas mecânicas tornam o acto de perder uma impossibilidade… mas não. Quantas vezes um pequeno deslize do rato nos faz desenhar a raquete num ângulo que empurra a bola para trás de nós, fazendo-nos perder? Ou quantas outras ricocheteiam a bola num ângulo que não nos é favorável e nos obriga rapidamente a ter de desenhar uma nova raquete, noutra posição?

Drawkanoid tem um espírito próximo desta vaga roguelike, em que o score que fazemos até perdermos é materializado em dinheiro, que podemos depois utilizar para comprar upgrades. Estes upgrades têm que ser equipados em slots limitados, tornando o acto de escolher o nosso loadout uma parte grande do nosso sucesso em Drawkanoid.

Com um visual vibrante e simples que grita synthwave, mas com as constantes entradas em bullet time os autores decidiram remover-lhe qualquer banda-sonora, portanto é daqueles jogos que ganham muito em ter uma música escolhida por nós como fundo. 

À venda por 5,93€ em promoção de lançamento, Drawkanoid é um jogo simples que nos mantém presos por muito tempo, elevando a fórmula testada e ganhadora de arcada, adicionando-lhe elementos contemporâneos de roguelike e as mecânicas de bullet time e de traçar a nossa raqueta. Uma óptima escolha para fãs de arcadas e uma excelente escolha como palate-cleanser de jogos mais demorados.