Antes de mais um disclaimer. Não sou jogador de Pokémon, e embora tenha experimentado alguns episódios anteriores, spin offs e até Pokémon GO, nenhum joguei tantas horas como Sword e Shield. A razão? Em todos os capítulos decido que vou “apanhá-los” todos, mas depois rapidamente se torna aborrecido, sobretudo por não ter as quests bem assinaladas, ou simplesmente por não me levar na mão aos acontecimentos da história. E Pokémon Sword fá-lo na perfeição. Sei sempre para onde ir, e o que fazer, e pelo caminho, sempre que me apetece, posso parar para apanhar novos Pokémon para a minha coleção. Perfeito! E sim, os fãs puristas vão ver isto como negativo, mas eu não.

Pokémon Sword and Shield esteve envolto de algumas polémicas, com os fãs a acusarem Game Freak de alguma preguiça na omissão de diversos Pokémon de gerações anteriores no jogo, omitindo a importação do National Dex, em favor do Regional Dex. Além de que o serviço Pokémon Home, que visa guardar em cloud as criaturas, foi adiado para Fevereiro, os jogadores estão limitados à consola para manter a sua coleção do novo jogo. Sword e Shield introduz ainda diversas novas criaturas, num total de 400 pokémon para apanhar nesta aventura.

Ainda assim, o jogo vendeu seis milhões de cópias na primeira semana. A oitava geração da série colocou o estúdio numa posição de impasse entre tentar puxar pela série para a frente, ao mesmo tempo que preservava a essência do universo, que é apanhar, colecionar e trocar os Pokémon, tornando-se o melhor treinador possível.

Diga-se de passagem que me diverti bastante a jogar este novo capítulo da série. Talvez a simplicidade e a forma organizada como o mapa apresenta os caminhos para as diversas cidades, para além de uma área mais aberta à exploração tenha sido a principal razão. A nova região de Galar oferece diferentes ambientes meteorológicos, relacionados com o tipo de pokémon, e as chamadas Wild areas, zonas abertas, com biomos distintos que cativam a procura de todos os monstrinhos. O melhor de tudo é que nunca nos sentimos perdidos graças ao excelente sistema de fast travel, que nos permite revisitar as áreas já visitadas.

Para mim foi fácil procurar pokémon e regressar aos centros clínicos para curar a equipa sempre que necessário, e regressar rapidamente ao local anterior. Até porque as Wild areas oferecem diferentes condições meteorológicas e mudanças da hora do dia, o que significa pokémon distintos para apanhar mediante as condições. E há versões shinies e outros itens raros para encontrar.

Ainda estas áreas abertas há raids para defrontar criaturas gigantes em forma de bosses, possível de jogar até quatro jogadores em cooperativo, ou preencher o resto da equipa com bots. Estes bosses são muito poderosos e requerem alguma estratégia, mas uma vez derrotados podem ser capturados e constar na coleção dos jogadores, assim como recompensas como itens raros.

E mesmo graficamente este novo jogo está bastante bonito, com cidades grandes como Hammerlocke ou Motostoke, e outras mais pequenas, mas todas elas com a sua arena onde temos de defrontar o respectivo campeão. O ambiente geral lembra a cultura britânica, os canais, os edifícios trabalhados e claro, as áreas de campos. Aliás, o principal objetivo é defrontar os oito campeões para recolher o seu selo, como estrutura principal da aventura.

Basicamente terão de subir o nível da equipa antes de enfrentar o campeão local. Mas antes terão de ultrapassar um desafio, diferente em cada ginásio, que inclui alguns puzzles. Diga-se que não são muito divertidos e até desnecessários.

Uma das grandes novidades neste novo capítulo é a transformação Dynamax dos Pokémon nas batalhas especiais, contra os treinadores ou raids cooperativas. Basicamente a personagem transforma-se numa versão gigante e poderosa, acedendo a uma série de golpes por dois ou três turnos. Há quem ache desnecessário, mas pessoalmente gostei de sentir um toque de monster movie no choque entre titãs.

O jogo continua a ter todas as ferramentas de colecionismo, os filtros para encontrar mais facilmente as criaturas, e até a possibilidade de aceitar trabalhos e enviar os pokémon que estão na caixa e não utilizados para completar essas missões, acumulando experiência, créditos e até certos itens.

Em termos de conclusão, Pokémon Sword and Shield mantém a essência da série, introduzindo algumas novidades, mas também cortando outras. É bastante fácil de entrar e jogar, mesmo os que não acompanham a série. Os combates são dinâmicos, intensos, e o colecionismo incentiva a continuar.