Há muito, muito tempo, que eu me propus para começar a escrever para o Rubber Chicken. Há tanto tempo que eu nesta semana fiquei embaraçado quando vi a data do meu registo no site. Artigos até hoje? Zero. Ideias, essas, existiram muitas. Desculpas, então, ainda mais. O mais incrível é que ao aproximar de mais uma desculpa, eu propunha um novo texto, e não o fazia. Razões? Bem, a vida. A vida acontece e muitos textos se podiam ter escrito enquanto ela acontecia mas não foi possível. E eis que chegamos aqui e o destino quis que o meu primeiro texto para a galinha fosse uma análise ao Zombie Army 4: Dead War. E, sabem que mais? Fui eu que pedi para o fazer.
Até poderia ser uma boa metáfora se eu alguma vez tivesse estado vivo. Eu nunca carreguei no botão iniciar no Rubber Chicken – até agora – e, por isso, até a ideia de metáfora que poderia ser bem apropriada falha. Até faltou planeamento no meu primeiro texto/análise. Mas ainda antes de irmos a fundo – o quanto possível – de Zombie Army 4, pedia ao leitor que reflectisse um pouco e se, em algum momento, achou que nesta página alguém o iria tentar convencer a jogar Zombie Army 4. Ora, é mesmo isso que vou tentar fazer.
Contudo, também queria que soubesse que eu serei o primeiro a apontar para o tipo de entretenimento unidireccional que este jogo é. E que o crítico – neste caso, eu – ainda o torna mais unidireccional ao recusar explorar as suas possibilidades colaborativas. Ou seja, toda a minha experiência acontece numa espécie de one man show, aliás, um one man army. E, apesar de imaginar um jogo bem mais divertido em co-op, a Rebellion nunca descurou que eu me pudesse divertir sozinho.
O franchise nasceu como um spin-off de Sniper Elite. Todas as entradas na série são equilibradas e muito elementares naquilo que propõem: um shooter na terceira pessoa em que o jogador mata zombies – nos escombros da Segunda Guerra Mundial, pois claro – com um lote aceitável e variado de armas que permitem uma mistura ok entre um shooter táctico / defensivo e uma espécie de abre caminho à Gears Of War. Há constantes gratificações ao jogador e uma kill cam que oferece momentos altamente masturbatórios em câmara lenta. E não há que ter vergonha: joga-se e trabalha-se para esses momentos. Porque cumprem.
Zombie Army 4 é uma consequência de Zombie Army Trilogy, editado em 2015 que juntava duas expansões de Sniper Elite V2 e um terceiro jogo até então ainda não editado. A esparsa ausência de novidades é uma qualidade deste quarto capítulo. Quando penso no franchise, penso nos jogos de corridas que são mais de arcada do que de simulação e que têm um único objectivo: ser melhor do que os outros. Esse objectivo é muitas vezes conseguido por tentativa e erro, pequenos ajustes, um sem número de tentativas que ao fim de algumas horas colocam o jogador num modo de tunnel vision que se mistura entre prazer e obsessão.
Zombie Army 4 consegue esse efeito em minutos. É uma das suas grandes valências, apesar das constantes recompensas e upgrades, há um facilitismo em entrar no jogo e cumprir o que é pedido: matar zombies, seja com headshots ou acrobacias imaginárias que levam à kill cam. A Rebellion fez um óptimo trabalho em descomplexar esse processo, permitindo que a casualidade depressa se torne numa obsessão. E isso é conseguido através de uma campanha com uma história disparatada – um exército das trevas de Hitler regressa à terra – com objectivos simples mas consequentes para avançar a narrativa: e a narrativa é apenas uma desculpa para matar mais e mais zombies.
É parvo, é. É simples, é. Só que é satisfatório e recompensa o jogador conforme a sua ambição/determinação em levar avante a o disparatado acto de matar mortos-vivos. Zombie Army 4: Dead War é como atravessar um corredor da morte sabendo que a determinação e o empenho irá tornar o jogador um vencedor intocável aos calduços. E se deixa fazer isso em cidades como Milão, Veneza ou até num zoo, melhor. É mais bonito. Quem nunca quis dar uns tiros na cabeça de uns gondoleiros?