Olá alunos, a aula de hoje vai ser dedicada a um dos meus assuntos favoritos. Desenhos animados de sábado de manhã. Vamos à pergunta do Ricardo e depois continuamos.
Olá Professor.
Uma destas noites os meus filhos estavam a ver desenhos animados no tablet há algumas horas. E eu disse-lhes:
Quando tinha a vossa idade só tinha desenhos animados aos fins-de-semana de manhã e no Agora Escolha. Se queria ver o mesmo episódio outra vez, tinha que esperar ao pé do video e gravar numa cassete. Não tinha tudo à disposição.
Acho que nem me ouviram, ou se ouviram não perceberam metade das palavras que disse… O que vale é que tenho jogos para me aliviar do stress que me leva à pergunta:
Porque não há jogos que aproveitem bem essas séries como Defenders of the Earth, G.I. Joe, Thundercats ou He-man and the Masters of the Universe? E já agora, onde anda o jogo do Saber Rider and the Star Sheriffs? Há alguns anos estava a ser feito para a 3DS mas nunca mais ouvi falar nisso.
Obrigado
Ricardo Vale
Ricardo, obrigado pela pergunta.
Para começar, tenho que dizer que pela tua lista de referências de desenhos animados devemos estar mais ou menos na mesma geração ou talvez até sejas um pouco mais velho que eu porque podias ter ido a coisas mais recentes com jogos bastante bons como DuckTales, e outros.
A tua pergunta é fácil de responder: Porque ninguém quer.
Ou melhor dizendo, porque ninguém quer investir nas licenças necessárias para fazer esses jogos quando podem simplesmente regurgitar as mesmas coisas genéricas pelas quais não são obrigados a pagar extra e adiantado. Algumas franquias como Transformers têm alguns jogos melhores como Devastation e outros piores como este. G.I. Joe teve um jogo mobile lançado recentemente mas não sei se vale alguma coisa, provavelmente não. E Masters of the Universe tem um jogo de PS2 tanto quanto sei. Talvez com a série nova do Kevin Smith na Netflix façam um jogo mas não me parece, como não apareceram jogos novos de Voltron ou Castlevania por isso não vou meter as mãos no fogo. Thundercats nunca teve jogos tanto quanto sei nem Defenders of the Earth, mas continua a ter das piores músicas de intro de sempre, é quase lendária.
Um dos problemas de criar jogos que estão acoplados a licenças e royalties é que têm que ser monetizados em grande escala daí a maior deles cair no mercado mobile. Há alguns jogos como Devastation que aproveitaram bem a franquia num grande jogo de acção. Se me perguntassem não seria o meu jogo ideal de Transformers, isso seria um ao estilo dos Fire Emblem, os originais, não este mais recente da Switch só que não é disso que estamos a falar nessa perspectiva, Saint Seiya também tem um óptimo jogo de luta, e um viciante jogo mobile, mas o meu sonho é tê-los em JRPG clássico. Não seria difícil, as histórias já estão escritas, era mesmo só fazer o jogo. Seriam complicados de fazer? Não mais complicado que foi criar os jogos que já existem mas seriam de monetização mais complicada. Estes dois exemplos mostram porque não há jogos da maior parte dessas propriedades, ninguém se pergunta como fazer um jogo que agrade ao público mas como fazer dinheiro com eles. Uns permitem essa capacidade de recuperação de investimento, outros por mais nostálgicos que sejam já não. E para quem faz jogos (porque estas licenças não são agarradas por pequenos estúdios indie) é isso que importa, e as decisões são tomadas pelo número que vem naquela linha onde diz Lucro.
E depois vamos pensar que muitos deles não se adaptam aos dias de hoje, como faríamos um jogo de Captain Planet apesar da sua mensagem ser mais actual que nunca? E de Thundercats, usávamos a série original, a de 2011 ou a actual? Quanto a Saber Rider, acho que já ninguém sabe, nem sequer os devs que não fazem updates há imenso tempo. Caiu no limbo de produção como tantos outros que nunca irão ver a luz do dia.
Até à próxima e lembrem-se que se tiverem perguntas para o Professor Machado, devem enviar para perdidosemachados@gmail.com