Precisei de ir pesquisar o meu próprio artigo de 2016 para perceber que foi mais ou menos por estes dias do final de Fevereiro que desse ano que publiquei a análise a Street Fighter V. Um jogo, que relembramos, estava altamente assombrado pela fala de conteúdo gritante para um título com a importância histórica e comercial como Street Fighter é.

Street Fighter V

Conhecemos bem a história da Capcom para com aquela que é uma das maiores séries de fighting games de sempre: com edições lançadas atrás de edições, a introduzirem novos personagens, e que numa era pré-DLC nos obrigava a todos a comprar múltiplas versões sucessivas e melhoradas do mesmo jogo. Um assunto que eu acho que a própria Capcom se auto-parodia com as edições Super, Ultra, Hyper, e só faltaria uma Do Caraças Edition para completar o ramalhete.

Não sei se o lançamento da Champion Edition – a versão, que, alegadamente, fecha a porta de desenvolvimento de Street Fighter V – ter sido programada para o dia de S. Valentim é alguma private joke dos seus criadores, mas depois de o ter jogado durante algum tempo até acredito que seja uma prenda da Capcom para os seus fãs mais apaixonados.

Para quem tem a edição base é-lhe possível comprar a Champion Edition com um upgrade DLC que custa 24,99€. Um valor algo pesado se pensarmos que houve quem tenha comprado cumulativamente todos os DLCs de personagens adicionais, e que tendo em conta o último DLC lançado em 2018, este adiciona 6 personagens.

A melhor escolha desta Champion Edition vai mesmo para quem não chegou a comprar nenhum dos DLCs das 4 seasons, ou quem não tem sequer o jogo base. 

A Champion Edition é assim o corolário de um jogo que podia ter sido entregue aos bichos depois do desastroso lançamento que teve em 2016. Mas numa postura que não esperava da Capcom – e tendo eu próprio de admitir a diferença de postura da empresa que parece querer redimir-se de tantos erros no passado recente – houve uma aposta para lentamente implementar a Street Fighter o conteúdo que ele tanto necessitava, e progressivamente fazer dele um dos mais sólidos fighting games da História.

Com 40 personagens, 34 arenas de combate e mais de 200 roupas para escolher, o conteúdo de single e multiplayer de Street Fighter V – Champion Edition faz finamente jus à memória do título de Ryu, Ken e companhia.

Num cenário idílico – mas desfasado do mercado actual – esta versão que vemos chegar em 2020 deveria ter sido aquela que sempre devíamos ter tido, logo no lançamento original. Um jogo coeso, com um elenco de luxo, diversificado, com muito infinitas horas investidas num dos melhores jogos de luta de sempre.