Ao longo dos anos a Omega Force adaptou o seu reconhecido formato musou, introduzido em Dynasty Warriors, a muitos outros universos, de The Legend of Zelda a Dragon Quest e Fire Emblem e até Attack on Titan, todos eles com uma boa qualidade, reconhecida pelos respetivos fãs. E One Piece: Pirate Warriors não é excepção, recebendo o quarto capítulo da sua saga.

O que torna esta série tão apelativa é a quantidade absurda de inimigos colocados no ecrã para enfrentar: centenas e milhares de adversários que literalmente voam com um murro e combos de golpes, dando ao jogador uma sensação única de poder. Ainda que para isso, a maioria dos inimigos seja estática e pura carne para canhão. Mas é giro, ver os números a explodirem no ecrã, revelando feitos como eliminar 500 inimigos de uma única vez.

One Piece: Pirate Warriors 4 não inventa a roda e mantém-se bastante fiel ao género e à sua própria série, mas introduz algumas novidades interessantes. O modo Titan, por exemplo, coloca inimigos gigantes no campo de batalha para enfrentar, sendo mais duros e resistentes, cujos pontos fracos devemos explorar. Não é que no geral os encontros sejam muito difíceis, mas considerando que o jogo não perdoa se tiverem o azar de morrer num local avançado da missão, terão de recomeçar todo o nível de início.

Isto porque há missões com objetivos principais e secundários, além das habituais zonas que devem ser capturadas aos inimigos. Alguns desses objetivos principais, ou melhor, as condições de derrota passam pela morte de outras personagens que nos acompanham, sempre que estão em apuros devem ser rapidamente ajudadas, caso contrário game over e o reinício da missão, sem direito a check points.

A campanha apresenta oito diferentes sagas inspiradas na antiga série de anime, cada uma com diversos capítulos, oferecendo uma longevidade de cerca de 15 horas no modo principal, incluindo o arco Alabasta. Obviamente que o jogo não faz um resumo detalhado das respetivas sagas, como Dragon Ball Z Kakarot também não o fez, mas é uma representação em resumo muito agradável.

Para além do modo história principal, Dramatic Log, o jogo conta com dois outros secundários. No Free Log, as missões finalizadas do modo principal podem ser jogadas livremente com qualquer personagem desbloqueada. Já o Treasure Log é um conjunto de missões secundárias, com diversos bosses para enfrentar de forma sucessiva. A recompensa passam por medalhas especiais que servem de ingredientes necessários para evoluir ainda mais as personagens nas árvores de talentos.

As missões são longas, repletas de eventos dinâmicos a surgirem constantemente no mapa, obrigando a explorar ponta a ponta todo o cenário, libertando sempre que possível os diferentes distritos da cidade. E o leque de personagens envolvidas é impressionante, com mais de 40 nomes no universo possíveis de controlar para além do protagonista Monkey D. Luffy, como Sanji, Franky, Usopp, Nami e Nico Robin, para destacar alguns.

O estúdio fez um bom trabalho na oferta de alguns dos golpes de assinatura das respetivas personagens. Apesar de haver os típicos ataques rápidos e poderosos, desencadeando diferentes combos, há um leque de quatro habilidades configuráveis, atribuídas a cada botão do comando em combinação com o gatilho. Essas habilidades têm barras que enchem à medida que esmurram os adversários e podem ser truques especiais, como simples buffs temporários. Antes da missão podem escolher as que necessitam de uma lista que vai sendo desbloqueada ao longo da aventura. Há ainda um power dash, que leva os inimigos à frente enquanto se esquivam de algum ataque.

No geral, os combates são bastante satisfatórios, no entanto, a produtora continua a fazer-se pelos números, pois o conjunto de personagens amontoado reage como um só, e os inimigos são copy paste até ao infinito, algo que é habitual nos jogos musou. Mas os mini-bosses e bosses reagem bem e são desafiantes, sobretudo quando têm diversas camadas de escudo para abater antes de começar a fazer dano.

Um problema diz respeito à câmara de ação. Com a ação frenética é fácil os inimigos saírem do ecrã, mesmo com a opção de trancar nos adversários maiores. Muitas vezes golpeamos por instinto, encostados a paredes, outras falhamos habilidades especiais porque a câmara resolve fazer um 360. Muitas vezes damos por nós a lutar contra a câmara, invés dos inimigos.

Ainda que divertidas, as missões tendem a tornar-se repetitivas e esse é um problema recorrente em cada jogo do catálogo da Omega Force. No final do terceiro arco fica a sensação de que tudo o resto vai ser repetido, com diferentes personagens e animações, mas a estrutura das missões são as mesmas.

De um modo geral, One Piece: Pirate Warriors 4 é um jogo altamente virado para os fãs do anime, tentando capturar o humor e o absurdo deste universo de piratas. Mesmo sendo um jogo musou, com fórmulas bem definidas, é para mim mais divertido que a sua série mais séria e histórica que é Dynasty Warriors e Samurai Warriors. Se gostaram dos anteriores spin offs, então este novo jogo é para vocês.