Se há coisa que temos agradecido no confinamento cá em casa são os bons jogos cooperativos que têm saído nos últimos meses, especialmente aqueles que nos fazem rir. Tivemos Stretchers, que nos “esticou” gargalhadas genuínas em cada serviço de resgate. Ou mesmo Good Job, com a sua loucura laboral a surgir sem aviso e a conquistar-nos a todos com a sua Física realista mas tresloucada.

Moving Out, publicado pela Team17, vem juntar-se a esta santíssima trindade de jogos demasiado parvos e demasiado bons para serem ignorados. Se no primeiro exemplo que demos somos uma parelha de paramédicos a espalhar o caos enquanto salvamos pessoas, e no segundo somos pobres trabalhadores a subir a pulso (e a destruição) dentro de uma companhia, em Moving Out somos a mais destrutiva e simultaneamente a mais eficaz das empresas de mudanças.

Com a possibilidade de cooperação de até 4 jogadores, este indie physics based puzzle game dá-nos um tempo limite para carregarmos para a nossa carrinha todos os itens de uma propriedade. Uma tarefa que parece mais fácil de explicar do que fazer.

Apesar de Moving Out ganhar todo o seu brilho no modo cooperativo, existe um modo single player que adapta a dificuldade para que uma tarefa que carece de 2 ou mais pessoas não se torne impraticável com uma.

E sabem que mais? Acredito que haja algum realismo na forma como (des)cuidada como podemos tratar as caixas e pertences dos nossos clientes. Já viram filmagens escondidas de estafetas (maioritariamente nos EUA) a atirarem caixas de encomendas à distância contra as portas? É que é mais ou menos isto que podemos fazer aqui.

Nas primeiras horas de Moving Out tanto eu como o meu filho tentávamos ordeiramente ir carregando as coisas com cuidado para o camião, mas o tiquetaque do relógio levava-nos a falhar missões com muita frequência. A nossa solução: pegar em todos os objectos, o mais rapidamente possível e atirar tudo para perto do camião. Não é pousar: é atirar. Em algumas situações em atirava para ele, ele segurava no ar, e atirava para o passeio. Empilhar primeiro e arrumar depois.

É claro que este táctica se torna menos eficaz com os obejctos marcados como “frágeis” aqueles que não podemos simplesmente atirar janela fora porque partem, e fazem respawn no local original, obrigando-nos a carregá-los novamente. Mas normalmente deixávamos estes para o fim para serem carregados com maior cuidado.

Moving Out é caos. É atirar mercadoria para despachar e fazer perguntas depois. É tentar perceber como organizar o camião dado o seu espaço limitado. É pensar nos objectos pesados que necessitam de ser carregados por mais que uma pessoa (mas que em single player são carregáveis apenas por uma), como sofás, frigoríficos, TVs gigantes, e atravessar os labirintos das casas (e não só) até ao camião.

São 30 níveis diferentes, criativos, que vão de casas com piscina no meio, a mansões com vários andares, que nos vão obrigar, literalmente, a atirar o que der pela janela fora. E salve-se quem puder. Ainda bem que os donos nunca nos estão a ver a trabalhar, porque acredito que o nosso street cred nas redes sociais iria andar pelas ruas da amargura.

A rejogabilidade prende-se com as diversas sub-tarefas que o jogo nos dá, e que funcionam como achievements práticos em cada nível. Alguns deles de uma necessidade de eficácia e precisão brutais.

Moving Out tornou-se num dos grandes jogos cooperativos que temos jogado, com a nossa inércia e descuido enquanto empresa de mudanças a ser a origem de largas gargalhadas. E não querem jogar sozinhos? Não há problema, que o jogo vem com o maravilhoso Remote Play Together incluído. Para além de o poderem jogar em couch co-op no PC, Switch, PS4 e Xbox One. Dizer que este jogo do SMG Studio é obrigatório para horas de diversão é um verdadeiro eufemismo.