Não vou estar a ser injusto com um jogo Early Access, até porque sabemos que há muitos exemplos que merecem a nossa atenção nos meses de desenvolvimento em alpha aberto. Mas outros, nem esse desconto de estarem inacabados merecem.

Arboria é um desses casos: uma premissa interessante, a de encaixar num souls-like um ambiente vegetal, no qual controlamos um troll-guerreiro cuja única missão é restaurar as raízes do Pai Árvore. Dizer que é um souls-like deixa-vos já perceber todos os clichés de ataques leves e pesados, padrões de inimigos e all that jazz, mas nem é esse o maior problema de Arboria. É que o combate ainda está muito emperrado, e para um jogo à Souls ser justo, não podem ser os controlos a tramarem o jogador.

Outra ponto que cai numa onda meh é que Arboria, com o seu estilo único, em que todas as criaturas são conceptualmente ligadas a um mundo vegetal, há algo que rapidamente destoa na coesão e aplicação do estilo visual. É estranho que todas as imagens promocionais vendem o estilo como algo deslumbrante, e é, mas em movimento, durante a gameplay, tudo aquilo que é detalhe e textura passa a ser uma amálgama de ruído.

Já que somos uma criatura vegetal retirada da terra, sempre que morremos isso significa morte permanente, e é aí que entram os elementos de roguelike. Estamos em 2020, é claro que um jogo destes iria ter elementos de roguelike. O que seria dele se não tivesse? Quando ressuscitamos num novo troll temos uma progressão que se mantém, num sistema de hub, que, também ele, não podia faltar. 

Estamos em 2020, não é?

Mas mesmo esse sistema de hub materializado em favor dos deuses ainda é amargo pelos benefícios que nos dá, que são marginais, na melhor das hipóteses. O risco/recompensa, um dos elementos que mais pesa em jogos souls-like, aqui é deitado por terra, ao sentirmos que esses bónus permanentes não valem a nossa morte.

Sendo Early Access ainda há aqui muito pouco conteúdo, tanto em variedade de inimigos como de armas, e ainda é pouco perceptível a diferença de ataque entre as diversas armas. O combate ainda é muito rígido, doloroso por vezes, lento, o que poderia ser um elemento integrante do jogo mas contrabalanceado com outros momentos que lhe dessem sabor. Mas não.

Neste momento em alpha, Arboria é apenas uma amálgama de coisas pouco polidas que nos deixam dúvidas se a versão final algum diria dará sentido a um jogo que parece algo deslumbrante ao longe, mas de perto é apenas um conjunto de musgo e pedras que ´nos deixam perfeitamente indiferentes.