Caçada semanal #225
Não é fácil ser original nos dias de hoje. Nunca foi, mas hoje em dia com tanta informação e conteúdos literalmente na palma da nossa mão é fácil ser influenciado sem notar por alguma coisa que julgamos ser puramente criado na nossa cabeça e depois é fácil alguém ver de onde veio essa inspiração. Os 3 jogos da caçada de hoje padecem desse mal. São bons, parecem originais mas também parecem ou lembram outros.
Fly Punch Boom [PC, Switch]
Começando com Fly Punch Boom, que é dos jogos de luta mais alucinados de há alguns anos para cá. Sim, eu quero mesmo dizer alucinado e não alucinante, porque o jogo não tem os 5 alqueires bem medidos.
Este fighter mete dois adversários frente a frente em combates que são uma mistura de Dragon Ball FighterZ com ácidos que já passaram da validade. Tudo combinado num estilo de animação muito utilizado agora que é chamado oficiosamente CalArts, que se pode ver em séries como Steven Universe ou mais recentemente Thundercats Roar… O jogo também tem umas pitadas de Super Smash, um toque de Fatalities e a possibilidade de criar personagens no workshop. Modo single e multiplayer que pode gerar horas e horas de diversão.
As lutas são divertidas apesar de em alguns momentos os comandos QTE não serem ideais não é algo que estrague Fly Punch Boom. Não será um jogo para campanhas solitárias mas algo mais interessante e divertido como party game.
Apesar de agora não existirem muitas parties.
Se não quiserem investir nele, podem testar a demo antes de se decidirem.
Resolutiion [PC, PS4, Xbox One, Switch, Mac]
Resolutiion, sim com dois “iis” chamaria logo à atenção pela sua palete de cores neon se tivesse sido lançado há alguns anos, mas agora é simplesmente reminiscente de um Hyper Light Drifter menos fluorescente.
As semelhanças com Hyper Light Drifter ficam por aí, tem outras com outros jogos como a exploração de mapa e resolução de puzzles dos Legend of Zelda clássicos em top-down mas combina tudo numa mistura única com alguma dificuldade e desafio mais alta. Consegue, em algumas circunstâncias, deixar-nos no limite da frustração mas nada que uns segundos a respirar fundo para limpar a cabeça não ajudem.
É um jogo interessante, está bem feito. É belo dentro do seu estilo e se perde em alguma coisa é na falta de história que pode ser confusa demais em certas alturas. A tentativa de criar mistérios para descobrir acaba por quase nunca dar informações, mas se for jogado numa perspectiva mais old-school de exploração e acção, é recomendável. Nem que seja em saldos.
Someday You’ll Return [PC , Xbox One, PS4]
Por melhor que seja Someday You’ll Return, é uma daquelas coisas que pessoalmente me custa analisar pela sua temática. Nesta aventura de horror, controlamos Daniel, um homem que está à procura da filha que fugiu e desapareceu numa floresta.
Não obstante da minha visão pessoal do tema do jogo, o alto nível de produção aqui é mais que notável seja nos puzzles, nos cenários, diálogos ou na história muito bem contada. As influências de outros survival-horror são as mais comuns, mas quando colocadas num ambiente de folclore da Europa de leste torna-se quase sufocante. Dando muitas vezes aquele ambiente de Blair Witch Project. O filme original e não o jogo que tenho ali em backlog.
Dos pontos mais altos, dos vários que Someday You’ll Return tem, é provavelmente o seu conteúdo de folclore, cheio de lendas e mitos da República Checa, fãs do Witcher vão reconhecer vários nomes de criaturas e outras referências que lá aparecem. É um bom jogo de survival horror, surpreendente em mais que um aspecto e uma compra acertada para quem gosta do género.