O mercado do gaming é o colosso que conhecemos, e sem surpresas vamos vendo alguns dos gigantes tecnológicos a colocarem um pé dentro da área. Os caminhos para o fazer podem ser diversos, como a escolha da Apple, com o seu isolacionismo habitual, a desenvolver uma plataforma curada de jogos com exclusividade temporária como o Apple Arcade, ou, como percebemos na recente apresentação da Samsung, a de tecer ligações com players já sólidos no mercado.
A Microsoft passa definitivamente a ser o parceiro privilegiado da Samsung, que vê assim estendida a sua ligação dos últimos anos. E vê nos novos dispositivos da Samsung, como o Galaxy Tab 7 e os Note 20 e Note 20 Ultra uma forma de expandir o alcance do seu serviço xCloud, que foi recentemente anunciado que verá a luz do dia já a 15 de Setembro, incluído no pacote do Xbox Game Pass Ultimate.
Em termos de smartphones e da sua ligação ao mercado de gaming, a Samsung aposta tudo com os seus novos equipamentos, anunciados como os melhores e maiores já produzidos pela gigante sul-coreana. É claro que grande parte desta afirmação assenta sobre a versão Ultra do Note 20, com 6.9 polegadas de ecrã de alta resolução, a colocar os novos equipamentos dentro da gama dos phablets. O que justifica também a aposta na precisão da S-Pen, transformando definitivamente os Note nos “computadores de bolso” apregoados pela marca.
Já na gama das tablets e a sua incorporação com a Microsoft, a promessa de ter os Galaxy Tab S7 (de 11 polegadas) e o S7 Plus (com um ecrã de 12.4 polegadas) como segundo monitor do Windows 10 via wireless display.
Apesar de serem máquinas potentes em termos de componentes, tenho alguma curiosidade para perceber como é que os seus patamares de preço vão ser uma barreira de entrada para que os jogadores possam ver estes dispositivos como plataformas privilegiadas de gaming.
É que, olhando apenas para o preço de entrada das tablets, a Tab S7 tem um preço recomendado de entrada de 759,90€, o S7 Plus de 969,90€, e o Note 20 começa nos 989€, o que é elevado considerando que os argumentos de exclusividade de jogos não existem, nem temporários.
É claro que seria demagógico imaginar que o Apple Arcade por si só seja um system seller dos dispositivos iOS, e tenho a certeza que eles são argumentos de contribuição de venda, do que qualquer outra coisa. E é nesse sector que a Samsung quer apostar: ao confrontar o poderio tecnológico dos seus novos equipamentos com o argumento de permitirem jogar na melhor qualidade os grandes exclusivos que a Microsoft tem na algibeira no futuro.
A minha curiosidade estende-se sobretudo para perceber como é que esta ligação da Microsoft à Samsung, utilizando os novos Note 20 e os Galaxy Tab 7 como duplo campo de batalha: de um lado o xCloud como serviço que ofusque ainda mais o lançamento frágil do Google Stadia, e por outro afirmar os dispositivos Samsung como uma plataforma de jogo tão poderosa como o seu grande concorrente, a Apple, que leva um ano de avanço na sua aposta mais forte no mundo do gaming.
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