Três anos. Pelo menos. Foi o que andei atrás de Racing Apex, seguia os devs no Twitter, seguia o site em busca de updates que eram bastante regulares até que há um ano e trocos ficou só o silêncio. Aos contactos directos respondiam apenas que iriam dar noticias em breve, e assim foi: No início do ano a Lucky Mountain anunciou a sua parceria com a Curve e que o jogo seria lançado na primavera de 2020 com o nome Hotshot Racing. Foi depois adiado outra vez e está disponível já em Switch, Xbox One (no Game Pass), PS4 e Steam. Mas Hotshot Racing não é bem o que Racing Apex era suposto ser, é um jogo ligeiramente diferente. Para menos. 

Hotshot Racing é uma homenagem aos jogos de corridas, e não só, dos anos 90. Quem passou muito tempo em salões de jogos agarrado ao Daytona USA, Sega Rally ou Ridge Racer vai sentir-se em casa, os gráficos low poli, o design dos carros (identificáveis o suficiente para não ser preciso pagar licenciamento), os sons, as frases que se ouvem ocasionalmente e aquele céu azul característico destes jogos é uma bomba nostálgica. Até os pilotos de nacionalidades diferentes com pequenos resumos sobre quem são e porque ali estão, é tudo clássico à falta de uma palavra melhor. Mas um clássico modernizado e com algumas falhas. 

A condução não é perfeita, mas tendo em conta as inspirações nenhum deles era, por isso não posso pegar como um ponto negativo. Pensando bem, o jogo não apresenta erros, é verdade que a IA dos adversários é violentamente brutal, batendo e empurrando-nos a cada oportunidade e sofrem muitas vezes do que eu chamo “efeito elástico”. Ou seja, quando estamos consideravelmente à frente, são puxados e lançados para a dianteira, é algo irritante mas aumenta o desafio também. A escolha de pilotos é grande e cada um tem 4 carros, um em cada categoria: equilibrado, velocidade máxima, aceleração e drift com desempenho e condução diferentes o suficiente para andar a saltar de carro em carro até encontrar o nosso preferido para cada tipo de corrida. Até os modos de jogo são bons. Além dos clássicos Arcade e Time Trial, temos Cops Vs Robbers no qual fugimos de carros da polícia até sofrer dano suficiente para nos tornar um e perseguir os restantes e Drive or Explode que é o Speed em jogo. Não podemos descer de uma certa velocidade ou o carro rebenta. Literalmente. O meu problema com Hotshot Racing é que ele perdeu muitos aspectos que fariam dele muito melhor. 

Quem trabalha em projectos, especialmente em TIs deve estar familiarizado com MoSCoW. A relevância de tudo num projecto, os Must, Should, Could, Would be nice to have. Desde o início a equipa de programadores mostrou coisas que não foram incluídas, como armas, e ainda bem mas também tinham outras que foram deixadas para trás e faziam uma falta enorme. As alterações visuais foram simplificadas só que as mecânicas foram totalmente retiradas, tal como os danos dinâmicos aos carros. Ajustar o carro mecanicamente era uma camada de estratégia adicional que daria muito mais gosto ao jogo, mas acima de tudo a falta de dano é imperdoável para mim. Em particular quando há tantos embates na corrida e o carro chega intacto à meta. 

Isto ficou de fora na versão final

E isto também

E isto.

Os desagrados que tenho com este jogo são puramente pessoais devido a seguir a sua produção à tanto tempo, não obstante é uma bomba nostálgica que merece atenção e tempo. Como um arcade racer é o melhor do ano, talvez o melhor dos últimos anos competindo apenas com Horizon Chase Turbo pelo lugar mais elevado do pódio.