Apesar de não ser o mercado onde a provocante Devolver Digital mais se costuma aventurar, mas no ano passado, em parceria com o estúdio Moonkid, lançou um jogo exclusivo de Android e iOS. Não seria surpresa nenhuma que o jogo chegasse mais cedo ou mais tarde a outras plataformas, e rapidamente o jogo que no mercado mobile custava 2,99€, recebeu uma “taxa” de 1 euro adicional e chegou finalmente à Switch e ao PC.

Para além de ter uma excelente pixel art e mecânicas simples e intuitivas, Witcheye traz-nos também uma história a compaginar toda esta aventura de fantasia.

Em Witcheye somos uma bruxa que persegue um cavaleiro que roubou os ingredientes de uma poção. E qual a forma escolhida por essa feiticeira para perseguir o incauto ladrão? Transformar-se num olho gigante, que é, como sabemos, o método de locomoção mais optimizado do mundo.

Apesar de ter chegado agora à Switch e ao PC, percebe-se que foi feito para mobile. Este é um jogo de plataformas onde não saltamos, o que pode parecer um paradoxo, mas não é, e até nem é o primeiro caso destes. 

Quando foi desenvolvido originalmente para dispositivos móveis, a única mecânica de controlo era o simples swipe, gesto tornado tão famoso que dir-se-ia que muita gente já sofre de tendinites do indicador por causa disso. Mas é com esse gesto que atiramos o olho numa direcção, fazendo-o ricochetear pelas paredes. 

A mecânica é simples, e como dizia, intuitiva. Para derrotar os inimigos temos de colidir com eles, ainda que à medida que o jogo avança, cada um dos monstros com o qual nos cruzamos vá começando a ter protecções que nos impedem de os atacarmos de qualquer direcção, obrigando-nos a procurar os seus pontos fracos.

Apesar de, como dizia, ser fácil de mergulhar no seu controlo, a realidade é que a transição de algo que era gestual num ecrã de dispositivo móvel para um gesto do rato no PC é algo que prejudica o próprio jogo. A precisão dos nossos dedos não se compara ao movimento de “atirar” o rato numa direcção, e rapidamente senti que provavelmente teria gostado ainda mais de Witcheye se o tivesse jogado no iPad.

As muitas nuances e armadilhas que os seus criadores vão colocando pelos níveis tornam-no difícil de masterizar, e aquilo que parece um jogo muito simples rapidamente ganha um desafio surpreendente. Alcançando o ponto alto deste mesmo desafio nas excelentes boss fights que carecem de muita estratégia, de aprendizagem nos padrões de ataque e nas vulnerabilidades dos inimigos.

Witcheye é uma proposta interessante para mobile que parece, como o filme da Sophia Coppola, perder-se na tradução para a Switch e o PC.