Quando a Devolver revelou o seu catálogo na típica conferência de imprensa de verão, muitos jogos destacaram-se pela sua aparente qualidade. Porém, um deles pareceu completamente desenquadrado do alinhamento de uma editora que prima por jogos violentos e repletos de sangue: Fall Guys: Ultimate Knockout. Este jogo parece ter sido roubado à Nintendo, mas até Shuhei Yoshida, o patrão da divisão indie da Sony não ficou indiferente a este título, tendo-o apadrinhado na apresentação, e praticamente garantindo o exclusivo de consolas na PlayStation 4, jogo que foi oferecido no Plus de agosto. 

Se passaram ao lado daquele que é o novo fenómeno dos videojogos, superando Fortnite e afins nos mais vistos na Twitch, estamos perante um Battle Royale, bem diferente das ofertas existentes. Imaginem os Jogos Sem Fronteiras, os Gladiadores Americanos ou mesmo o Nunca Digas Banzai, aquelas competições de verão onde os participantes têm de ultrapassar provas e ser o grande vencedor entre os 60 jogadores presentes. 

É um jogo colorido, repleto de charme, com bonecos tresloucados, ajudado pelo leque de acessórios e vestimentas para tornar a participação ainda mais ridícula. E o Season Pass já oferece uma série de itens exclusivos para os verdadeiros fãs. 

Fall Guys é um battle royale diferente, mas igualmente visceral e frustrante, que tanto dá para rir às gargalhadas face às situações ridículas da competição, como vontade de atirar o comando à parede quando somos desclassificados em cima do risco da meta. 

O jogo coloca-nos a solo, ou em equipas de até quatro jogadores, em provas aleatórias sucessivas, divididas entre corridas, as mais populares, perícia e até memória. Mas também há jogos em equipas, seja a tentar recolher mais ovos para a sua base, somar pontos passando por anéis, ou tentar manter o máximo de rabos de galinha. As provas em equipas, caso não tenham amigos na vossa equipa, vão ter de depender de estranhos, e muitos podem estar a ralar-se a cumprir o seu papel ou serem muito noobs, o que pode custar a partida. 

As corridas são as mais populares, e de longe as mais divertidas, por ser uma molhada total, um caos para passar em determinada bifurcação e ver os jogadores a literalmente espezinharam-se para passar. As armadilhas e obstáculos, materiais gelatinosos e outros elementos do cenário só complicam as coisas, já para não dizer os saltos entre plataformas. 

A prova final é sempre emocionante, seja uma corrida até à coroa, ou tentar manter-se em plataformas destrutíveis, até caírem todos menos o rei da partida. 

E não existem armas ou habilidades. Há o velho salto e uma projeção para a frente, assim como a capacidade de agarrar objetos. Ou se preferirem, agarrar nos adversários e não os deixar passar, há muito troll neste jogo, e é essa imprevisibilidade das partidas que tornam a diversão ainda mais dinâmica. 

O jogo parece um party game, e é, mas é ao mesmo tempo um battle royale e por isso vale tudo para alcançar os objetivos, desde empurrar ou agarrar, ou tentar sabotar o jogo do adversário, mesmo que isso nos custe a nós um lugar na classificação para a prova seguinte. O jogo desenrola-se ao longo de 5 ou 6 provas, deixando para trás alguns jogadores. Mas quanto as provas chegam ao fim, as pantominas dão lugar a uma grande concentração, porque ninguém quer perder o jogo. 

Fall Guys é uma das grandes surpresas do ano. Um jogo que ninguém daria conta pela sua arte berrante e colorida, muito simples, como se fosse um jogo para crianças. E a ironia é que ninguém fica indiferente ao seu charme, jogabilidade e vício, sobretudo se jogarem com amigos.

Mas o jogo ainda funciona melhor em doses mais curtas, jogar uma hora e fazer uma pausa, para não se tornar repetitivo. Com o sucesso que o jogo está a ter, certamente que a Mediatonic vai introduzir mais conteúdos em breve, sejam cosméticos para comprarem na loja, mas também novas provas e outros conteúdos.