
Nunca dei nos ácidos. Todo o meu imaginário alucinogénico, contudo, envolve caos, cores e o espaço sideral. É o melhor resumo que me ocorre sobre #Funtime.
Ah é verdade – o título tem uma hashtag. Mas não se fiquem pela superficial primeira impressão de adolescente dos nossos tempos. #Funtime tem muito mais do que aparenta e é, caramba, divertidíssimo.
Rapidamente #Funtime conseguiu ativar-me várias imagens no cérebro. Se calhar é mesmo o ácido dos videojogos. O jogo é um twin-stick shooter – navega-se e dispara-se em todas as direcções com o analógico esquerdo e direito, respetivamente – em que comandamos uma nave espacial. Na minha cabeça o polegar esquerdo era o Chewbacca a pilotar e o direito Luke Skywalker a disparar contra os maus. Tem um aspeto bastante colorido (não se esqueçam que temos de voltar a esta parte) sobre um fundo preto (espaço sideral estão a ver?), como se fosse um Asteroids a cores, e fez-me imaginar esses salões de jogos nos anos 80 onde andar aos tiros no espaço era comum. Mas só imaginar, porque – os anciães do Rubber que me perdoem – eu já sou do tempo em que máquinas de arcada só se acabasse a sobremesa a correr no restaurante e esperar que o meu pai me desse cem escudos para um Metal Slug ou Puzzle Bobble.

#Hashcidtag
Ah é verdade – os maus. Estava tão preocupado a rebentar com eles e a sobreviver que não percebi bem o que eram. Essencialmente formas geométricas, com mais ou menos brilho, ativa ou passivamente hostis para com a minha nave. Seja qual for o modo de jogo, aparecem bastantes, demasiados até. Rapidamente se instala o caos, dou por mim a praguejar com as sucessivas repetições de nível e a odiar a minha falta de jeito. Este caos requer alguma prática e bons reflexos. O modo desafio dá-nos gradualmente as várias ferramentas para fazer frente a este caos, e inicialmente ignorei o modo arcada porque era só eu e a minha nave face a hordas intermináveis. O que só mais tarde me apercebi é que todos os pontos feitos em arcada – muitos ou poucos, não importa – se convertem na divisa do jogo para adquirir melhorias para a nossa nave e assim resistir mais tempo por esses níveis infinitos. Há mais vidas, armas e… cores?

Algures na imagem conseguirão ver a nave
Ah é verdade – as cores. Já vos disse que não consigo prestar atenção a tudo neste jogo? Deve ser dos ácidos a mexer com a concentração. Se até aqui não apontei nada de inovador em #Funtime (Geometry Wars ou Waves também são twin-stick shooters passados no espaço, e com melhores valores de produção), a sua mecânica mais interessante só valerá a pena para 90% dos cavalheiros que lerem este artigo: a nossa nave começa branca, mas pode ser vermelha, verde, azul ou amarela. E sim, alterna-se cada uma em linha com os botões coloridos de um comando Xbox.
Os outros 10% dos cavalheiros (senhoras, estatisticamente, vocês não terão de se preocupar) que sofram de algum tipo de daltonismo (normalmente afeta 1 em cada 10 homens) vão ter sérias dificuldades com uma parte significativa do jogo. Em certas partes o criador coloca a letra do botão a carregar para facilitar a distinção, mas num jogo que apela a reflexos rápidos esta mitigação não é tão eficaz como na leitura ou em visionamentos mais passivos. Ainda estão para inventar um ColorAdd que resulte nos videojogos.

É preciso trocar a cor da nave para a cor da linha que vamos atravessar em segurança. Boa sorte daltónicos!
Mas se felizmente não padecerem dessa condição, esta mecânica vai-vos valer umas horas divertidas. Isso e ter coisas como uma bola de demolição atrelada à nave com a qual podem simular pesca de arrastão (rotativa) com os inimigos. Como o mapa é bi-dimensional, cria-se um efeito semelhante ao de andar com os Joy-Cons à roda em Mario Odyssey. Não testei #Funtime na Nintendo Switch, mas imagino que pudesse ser compatível.
Tenho pouco a dizer negativo de #Funtime. A dificuldade e a rapidez com que a mesma escala não será compatível com toda a gente, bem como o constante caos no ecrã. Ah, já vos falei nos daltónicos? Posso ter referido que estou com dificuldade em concentrar-me, não sei quanto tempo estas substâncias demoram a eviscerar-se do organismo. Mas não se esqueçam que estamos a falar de um indie, pela mão da One Guy Games (o tipo chama-se Brandon e podem segui-lo no Twitter), o que me deixou de boca aberta uma vez conferido o resultado.
http://https://youtu.be/iKGJn_9q17U
O que quer que esse tipo tenha tomado, só gostava de saber onde o arranjou.













