LittleBigPlanet foi um dos jogos-bandeira da PlayStation 3, projetando a Media Molecule para um patamar de respeito na indústria, sobretudo pela disponibilidade das ferramentas de edição, permitindo não só criar níveis ou conteúdos para o jogo, como produzir experiências distintas. O estúdio britânico está neste momento ocupado em expandir o Dreams, e por isso, passou à Sumo Digital a responsabilidade de criar Sackboy: A Big Adventure, um dos jogos de estreia da PlayStation 5, ainda que tenha lançamento na PS4. E o estúdio já conhece este universo porque foi responsável anteriormente por LittleBigPlanet 3.
E para quem se pergunta se a fórmula é mesma, não é. Desta vez estamos perante uma aventura de plataformas pura e dura, sem qualquer elemento de edição de níveis. É basicamente uma inspiração na estrutura de Super Mario, com um mapa enorme, dividido em cinco mundos, com dezenas de mundos temáticos, corridas, mini-jogos e ainda níveis exclusivos para jogar em multijogador cooperativo até quatro jogadores, mesmo que a campanha no geral permita ser desfrutada com amigos.
A aventura começa como sempre, com Sackboy e os seus amigos a brincar na sua aldeia Loom. Mas do nada aparece o vilão Vex, uma espécie de arlequim com planos maléficos de construir uma máquina caótica, escravizando a população para trabalharem no seu projeto. Apenas Sackboy consegue escapar num foguetão para o espaço. Agora a simpática personagem terá de explorar diversos cenários para salvar os seus amigos.
Esteticamente trata-se de uma experiência semelhante aos primeiros jogos da série, quando tínhamos de seguir por um caminho, ultrapassar obstáculos e inimigos, É a fórmula mais antiga de sempre, mas o universo de Sackboy é adorável, construído com farrapos, materiais banais, bicharada estranha e qualquer tipo de lixo que possa ser encaixado para compor os níveis. E a PlayStation 5 oferece visuais coloridos com muito detalhe. As texturas e os materiais de pelo ou pano, parecem altamente realísticos.
E a Sumo Digital soube mesmo como produzir níveis divertidos, introduzindo mecânicas variáveis ao longo dos níveis. E isso significa utilizar gancho com corda, atacar inimigos com bumerangues, usar jetpacks e outros elementos divertidos, e bem refinados.
Considerando que este é o segundo jogo de plataformas do lançamento da PlayStation 5, a par de Astro’s Playroom, este título é bem mais requintado, não só por oferecer um universo conhecido dos fãs, mas porque os valores de produção são elevados. Basta ver os diversos níveis musicais, com músicas licenciadas, ou mesmo outras dissimuladas no ritmo e com diferentes instrumentos, mas rapidamente vão bater o pé a temas de Madonna, Depeche Mode, Bruno Mars, Britney Spears ou David Bowie, para mencionar alguns. E o melhor é que inimigos e elementos do cenário reagem às batidas, como se tivéssemos a jogar num musical. É muito divertido.
Em todos os níveis existem objetivos para os completar a 100%, caso queiram descobrir todos os segredos, invés de simplesmente os terminar. Existem esferas especiais, peças de roupa e pequenas bolinhas, além de terem de finalizar sem morrer qualquer vida para que fique totalmente encaixado. Portanto, tem diferentes camadas de dificuldade, para os mais jovens finalizarem rapidamente a aventura e para aqueles que querem perder mais tempo a explorar cada recanto ou a tomar riscos para chegar a locais mais complexos, e dessa forma prolongar a sua longevidade.
E diga-se que estamos perante uma aventura longa, com cerca de 10 níveis espalhados pelos cinco mundos, fora níveis secretos, e ainda desafios de corridas em diferentes cenários, desafiando a bater os três tempos para obter as respectivas recompensas.
Obviamente que não poderiam faltar os fatos temáticos para colecionar. Podem desbloquear peças avulsas ou adquirir fatos completos na loja do Zom-Zom, e explorar os níveis com aspeto que quiserem, seja vestido de Elvis, de escafandro como o Big Daddy ou o poderoso fato cósmico!
Os níveis não são muito grandes, variando entre os dois ou cinco minutos, aos mais complexos e mais longos que podem ultrapassar os 10 minutos. Mas podem repetir as vezes que quiserem para recolher o que faltar. Até porque este jogo apresenta um design típico de um Super Mario, numa primeira camada o jogo nunca é difícil se o objetivo for chegar à meta, ideal para os mais novos. Mas os graúdos têm acesso a mais puzzles e colecionáveis bem escondidos ou de acesso difícil se quiserem completar a 100%. Acreditem que não é fácil, até porque um dos desafios é, como disse, não morrer nenhuma vida no nível.
O jogo apresenta também bosses para enfrentar, assim como o confronto com o principal vilão, no final de cada mundo.
Sackboy: Big Adventure é literalmente uma grande aventura, com incontáveis níveis para explorar, puzzles para resolver e perigos para enfrentar. Sackboy continua destemido e adorável, mas para isso também contribui todo o universo de farrapos que exploramos. E a banda-sonora é soberba, dando ritmo ao jogo e contribuindo para os bons vibes que a aventura transmite. É impossível não explorar os níveis sem manter o pé a batucar no chão, e acompanhado com amigos ainda melhor.