Caçada Semanal #245
As minhocas não são uma mera piada por serem uma das iguarias de eleição dos galináceos. Vão perceber um pouco mais à frente do porquê da nossa escolha. Em relação ao resto, deixem-me revelar-vos uma coisa: a equipa do Rubber Chicken anda tão sedenta de interacções e de pen and paper RPGs que começaram recentemente uma campanha D&D com o João Machado como dungeon master. Aproveito para lhes dedicar esta caçada, cheio de saudades de todos eles.
Primordials of Amyrion [PC]
É com alguma ironia que escrevo sobre Primordials of Amyrion depois de ter uma sequência de jogos no LoL em que a minha equipa era uma valente treta. Sim, eu sei que usualmente isto é “desculpa de mau pagador” em qualquer jogo, mas desta vez era mesmo a sério. Tinha um Ornn como ADC que esteve só a morrer intencionalmente, enquanto eu estava 12-0 de Master Yi jungle. E perdi o jogo. Fim do rant.
Isto é algo frequente, especialmente numa comunidade tão tóxica como a do LoL. Toxicidade essa que eu sei que também contribuo. Primordials of Amyrion quer tirar-nos essa dor de cabeça ao apresentar-se como um MOBA em duelo, um tug of war onde as unidades vão sempre em frente até se cruzarem e onde as nossas decisões vão alterando ligeiramente o outcome desses encontros.
Ainda em Early Access e a precisar de muito trabalho, há aqui indícios de como trabalhar esta interpretação do género. Todos os personagens vão em caminhos pré-definidos, e não os controlamos, mas sim as suas habilidades.
O segredo de um jogo como Primordials of Amyrion é o de equilibrar os recursos que temos e saber onde os apostar, se em upgrades aos edifícios, minions ou champions.
Para quem se queixa de outros MOBAs de ser prejudicado por outros jogadores, Primordials of Amyrion é indicado. Onde a culpa de ganhar ou de perder é apenas vossa (ou nossa). Ou então de bugs. Ou lag. Ou da internet.
SOLASTA Crown of the Magister [PC]
Eu bem dizia que os meus amigos e colegas de redacção andavam cheio de saudades de jogar D&D. E como eles muita gente pelo mundo fora. E é um pouco a pensar em todos eles que está direccionado este SOLASTA Crown of the Magister, recém-lançado em Steam Early Access.
Um videojogo que é uma tradução mimética de D&D, e que até recebeu a licença da própria Wizards of the Coast para usar o D&D SRD 5.1. Criamos a nossa party a partir de personagens pré-feitos, deixamos que seja o sistema a criá-los de forma automática ou desenvolvermos os personagens de raiz nós mesmos.
Para quem já jogou D&D tudo isto é reconhecível. Aliás, nesta fase de alpha diria que o facto de ser fidelíssimo ao material original é ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição.
É ao mesmo tempo irónico que aquilo que me afastou de D&D seja aqui reflectido: um foco tremendo no combate, que, diga-se, é uma mimetização de uma campanha, mas que deixa muito a desejar em termos narrativos. A história deste SOLASTA Crown of the Magister é um cliché tremendo, e só posso desejar que mediante a hiper-fidelização que este jogo tem com o material original, que os seus criadores consigam escrever uma história mais interessante a curto prazo do que aquela que existe neste momento.
Tudo isto numa altura em que este género dos RPGs clássicos está dominado pelo lançamento de Baldur’s Gate 3…
Para quem é este SOLASTA Crown of the Magister, neste momento de desenvolvimento? Para todos aqueles que, ao contrário da equipa do Rubber, não têm com quem jogar (mesmo online) a D&D e estão com uma fome insaciável de pen and paper RPGs.
Worm Jazz [PC, Switch, Android]
Quem não gosta de um bom trocadilho? Apesar de esse não ser o único argumento de Worm Jazz, admito que o sorriso que o título me imprimiu foi um dos primeiros passos para o querer descobrir.
Este indie puzzle game com óbvia inspiração em Snake e Bomberman pega numa ideia simples mas obriga-nos a estar aqui a pensar e repensar cada um dos nossos passos. Ou neste caso, cada rastejo.
Cada nível tem um número de pérolas espalhadas, algumas delas opcionais. Sempre que comemos uma pérola, o nosso corpo cresce e isso vai tornando a nossa locomoção pelos labirintos cada vez mais difícil.
Uma das formas de irmos resolvendo cada nível é ir engolindo uma bomba já que elas vão explodir com parte do nosso corpo. Os labirintos são apertados, portanto temos sempre de repensar como é que nos movimentamos porque na maior parte das vezes não há volta atrás, e o mais provável é ficarmos presos no nosso próprio corpo sem possibilidade de chegar ao fim do nível.
Worm Jazz tem uma mecânica simples e um crescendo de dificuldade em cada um dos seus níveis. E a sua banda-sonora de jazz, surpreenda-se, é um excelente criador de ambiente a este divertido jogo.