Este 2020 foi um ano cheio de porcarias. Um ano que partiu muita gente, e partiu-me a mim onde eu menos esperava.

O ano começou com a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial. Incêndios destruíram 20% das florestas na Austrália e uma praga de gafanhotos assolou o norte do continente Africano, e isso foi só em Janeiro. Depois disso o Reino Unido saiu da União Europeia, Covid-19 foi declarado uma pandemia, o Pentágono anunciou oficialmente OVNIs, um incêndio nas florestas de Chernobyl multiplicaram a radiação por 20. Cancelaram a Eurovisão que foi um desastre para alguns, a nuvem dos gafanhotos chegaram ao Paquistão e Índia, a morte de George Floyd espoletou protestos no mundo inteiro (o acontecimento foi mau mas esperemos que as repercussões sejam boas) e o ano ainda nem ia a meio… Em Junho reaparece Ébola no Congo onde já não existiam casos desde 2018. Monções destroem as casas de milhões na Índia, fogos em vários locais tingem os céus de laranja e vermelho, cheias destroem a subsistência de meio milhão de pessoas no Sudão. No Egipto, decidem abrir sarcófagos selados há mais de 2600 anos porque nunca viram um filme de terror e acharam que este era o ano certo para arriscar uma maldição. Protestantes contra a violência policial na Nigéria são mortos por militares, Covid-19 entra em mutação devido ao contacto com martas na Dinamarca que causa o extermínio dos animais. Como as campas eram rasas, o inchaço dos gases de putrefação fez as martas saírem do chão qual noite dos animaizinhos mortos-vivos. O Observatório de Arecibo auto-destrói-se e a água (o nosso recurso natural mais valioso) entra oficialmente na bolsa de valores de New York oficializando a nossa entrada na distopia Sci-Fi real. O mês de Dezembro ainda vai a meio quando escrevo estas palavras e estamos a tempo do aparecimento de Cthulhu para acabar com isto tudo.

E isto foram só algumas coisas que polvilharam este ano de cocó. Os confinamentos, os negacionistas, eleições americanas, federação galáctica, estou cansado pessoal, tão, mas tão cansado…

Este cansaço fez algo muito mau. Tirou-me o gosto de jogar. Joguei menos, joguei menos com gosto, e escrevi muito menos ainda. Não me apetece jogar, especialmente depois de ter acabado o Indie X, tento e não consigo. Durante uns tempos consegui que alguns jogos me ajudassem mentalmente a aguentar a pressão dos dias e da situação geral mas eram na sua maioria jogos mais antigos que eu não tinha tido tempo de jogar por prazer. Devido a isso, os Machados do Ano 2020 são ligeiramente diferentes, como é normal. Em 6 edições nunca repeti um formato, não é este ano que o vou fazer. Este ano o formato é:

Três Categorias, uma lista de jogos com uma frase sobre cada um. Como todos eles têm conteúdo no Rubber Chicken, não me vale a pena dizer mais do que já foi dito.

Machados Ferrugentos:

ou Jogos de outros anos que este ano me aliviaram muito pressão na cabeça:

Rebel Galaxy Outlaw – Na Switch o jogo encontrou a casa perfeita para eu explorar ainda mais o que já tinha adorado.

Pillars of Eternity – Também na Switch, curiosamente uma plataforma que nunca pensei que fosse aguentar bem o jogo, permitiu-me matar saudades dos clássicos RPG de Advanced Dungeons and Dragons.

Red Dead Redemption 2 – Arthur Morgan continua a ser dos melhores personagens com uma das melhores histórias da história dos videojogos.

Starlink – Usando as palavras do grande Shyriu: O mundo não merece Starlink (estou a parafrasear).

Darkest Dungeon – Nada como entrar na loucura para tentar manter a sanidade mental.

Machados a pingar de fresco:

ou jogos bons do Indie X mas que infelizmente não tive tempo para me dedicar a eles decentemente ou com o respeito que mereciam. Talvez em 2021.

Tiny Lands – Um Puzzle game minimalista com muito para dar.

Oniria Crimes – Resolução de crimes no mundo dos sonhos.

Raji: An Ancient Epic – Uma espécie de God of War 2D com divindades indianas.

Lust from Beyond – Um jogo adulto com muito conteúdo.

Umurangi GenerationPuzzle fotográfico.

Phoenotopia Awakening – Um grande pequeno jogo.

Encased: A Sci-Fi Post-Apocalyptic RPG – Tenho pena de não ter 16 horas livres por dia para jogar isto.

Rosewater – Pensem em Broken Sword em Deadwood.

Curious Expedition 2 – É o Curious Expedition. Mas novo.

Please Touch the Artwork – Dos jogos de puzzles mais originais do ano.

The Hand of MerlinXCOM, mas com o Rei Arthur.

Saturnalia – Horror e arte numa combinação perfeita.

Se quiserem saber mais sobre cada jogo destes ouvi dizer que há uns vídeos engraçados sobre eles no YouTube e Facebook do Rubber Chicken com o pessoal que os fez. Não sei, ouvi dizer, passem lá e vejam por vós mesmos.

Machados funcionais:

ou jogos que só peguei em 2020, mesmo que um deles seja anterior a este ano.

Journey of the Broken Circle – Talvez o meu indie favorito do ano. Simples, minimalista e invulgarmente profundo.

Hotshot Racing – Apesar das coisas que considerei falhas ou promessas quebradas, é uma homenagem aos Racers dos anos 1990 e estupidamente divertido.

Crusader Kings 3 Littlefinger simulator. O que o final do Game of Thrones queria ter sido.

Phoenix Point – Do criador do XCOM original. Espectacular.

Gears TacticsXCOM, em Gears of War.

É isto, se fosse dar um Machado do Ano iria para Crusader Kings 3. Phoenix Point também me encheu as medidas, mesmo sendo mais antigo. Mas não vou dar nenhum, este ano não merece um Machado. Os jogos não têm culpa, mas este ano não consigo mesmo. Estamos a falar de um ano em que foram lançadas duas consolas novas e eu não lhes liguei, jogos como Animal Crossing, Cyberpunk 2077, Ghost of Tsushima, Doom Eternal ou Assassin’s Creed Valhalla me passaram ao lado. Não toquei no Hades, nem sequer o comprei tal como o Desperados 3. Não faço a menor ideia de como se joga The Last of Us, e criminosamente não passei tempo nenhum no Ori and the Will of the Wisps que era dos jogos que eu ansiava por ver lançado. Streets of Rage 4 foi jogado na integra uma vez, e talvez compre um dia o Hyrule Warriors. No que diz respeito a jogos, e felizmente foi só nesse campo, 2020 foi um ano para esquecer. 

Não sei quando vai ser publicado este artigo, mas sei que é o meu último do ano, por isso desejo a todos um Bom Natal e um Ano Novo melhor que este que está a acabar.

Bem merecemos, todos nós.