Ainda não tinha jogado o que muitos diziam ser o melhor jogo de tabuleiro de 2019 quando o Pedro Nunes escreveu um artigo sobre ele. Sem conhecer quase nada do jogo, para mim, que só tinha visto fotografias, Wingspan era pelo menos um jogo deslumbrante, com brilhantes ilustrações realistas de pássaros e um comedouro/torre de dados que quase sozinho já vende o jogo. Mas depois de o jogar no início da pandemia percebi não só o porquê de todo o reconhecimento em torno deste jogo, e como este passou a ser um dos nossos favoritos cá de casa.

Dito isto, tivemos a sorte de mais uma vez sermos seleccionados pela Stonemaier Games para analisar as suas mais recentes produções, e logo nos primeiros dias de Dezembro recebemos Wingspan: Oceania Expansion, que prometia, logo à partida, estender mecanicamente Wingspan.

Ao contrário de European Expansion que é uma expansão mais tradicional, sem agitar muito o jogo base, e que se limita a prolongar o conteúdo que Wingspan tinha, Oceania Expansion vem contribuir para uma mudança fulcral, com a introdução do néctar.

Uma das mudanças principais e que vai para sempre alterar a forma como jogamos Wingspan é a adição de novos tabuleiros para jogadores que podem, e devem, substituir definitivamente os originais. A inclusão de novas habilidades que utilizam o néctar como recurso permitem uma maior dinâmica ao jogo. Para além disso, adicionam mais uma contabilização de pontos de vitória, já que todos os tokens de néctar gastos no nosso tabuleiro vão voltam para a pilha, mas são guardados no contador indicado, na coluna mais à esquerda de cada área de jogador. No final, aqueles que mais néctar gastaram em cada fileira têm a recompensa devida em PVs.

O néctar é muito mais do que um novo recurso alimentar para os nossos pássaros. Para além de poder ser usado como elemento wild, substituindo qualquer recurso alimentar em falta, obriga-nos também a uma gestão diferente dos alimentos que vamos recolhendo. É que ao contrário com os outros alimentos, todos os tokens de néctar que não gastarmos no final da ronda tem de ser devolvido à pilha de recursos. Uma forma da autora nos obrigar a interagir mais com as novas habilidades e a gastarmos o néctar de forma mais activa possível.

Em termos dos novos pássaros, todos eles nativos da Oceânia, há a introdução de novos poderes que se despoletam apenas no final do jogo. Isto, interligado com novas cartas de objetivos que foram introduzidas, e a percepção de vitória fica ainda mais esbatida, exponenciando o desafio e a disputa entre jogadores.

A qualidade de produção de Oceania Expansion continua na mesma senda de extrema qualidade ao qual a Stonemaier já nos habituou. No entanto, e isto já a pensar nas dores de cabeça logística que muitos coleccionadores/jogadores de board games têm, olhando para os 3 lançamentos de Wingspan (com as suas 2 expansões), cada um com o seu formato e espessura, e pensar “como raio é que se guarda isto?”. Mesquinhez minha, eu sei, perante um jogo tão bom, e percebo o porquê de Oceania não ter o mesmo formato da expansão europeia (incluir os cartões obrigou a uma caixa rectangular maior), mas é com pena que todo o conteúdo não caiba apenas na caixa original.

Por outro lado, diz muito sobre a qualidade de um jogo quando a maior crítica que eu lhe posso fazer é à falta de normalização do formato das diversas caixas. Isto deve-se sobretudo porque este Oceania Expansion conseguiu fazer o mais difícil: melhorar um jogo que já é por si só um dos melhores dos últimos anos. Uma expansão obrigatória cujos componentes devem substituir em definitivo os do título base, e cujas adições mecânicas adicionadas deverão passar a ser o standard na forma como qualquer pessoa deve jogar o magnífico Wingspan.