Tycoons: aquele género cujos jogos são bons o suficiente para desligar a passagem do tempo, ou fracos o suficiente para os desligarmos num ápice. Infelizmente, no caso de Startup Panic, a segunda hipótese aplica-se melhor.

Já dei 5 hipóteses a Startup Panic. E quando digo 5 hipóteses, refiro-me ao facto de por 5 vezes ter feito New Game. Não porque tenha tido Game Over, muito pelo contrário, mas porque das 5 vezes tive esperança de me ter falhado algo no tutorial, que existissem camadas ignoradas por mim que me justificassem o porquê de não estar a compreender o jogo como um todo, e o porquê de a sua jogabilidade ser tão, tão superficial.

Startup Panic começa como qualquer idílica startup: não na garagem mas no quarto do seu CEO. Os primeiros passos de lançar um website naquilo que sabemos ser um piscar de olhos ao Facebook e à Google, são dados numa pequena secretária no nosso quarto.

Sem grande income gerado pela plataforma, temos de fazer trabalhos de freelance para pagar as contas. 

Mas por trás de um putativo management game com potencial, Startup Panic é apenas um jogo onde tentamos chegar a valores específicos nas features que queremos implementar na nossa plataforma e nos contractos que aceitamos. Cada personagem, seja o nosso CEO ou os futuros empregados da empresa têm 5 contadores: Tecnologia, Usabilidade, Estética, Marketing e Motivação. Os 3 primeiros são utilizados para tentar chegar aos valores exigidos por cada tarefa, o último é o desgaste do empregado antes de pedir férias. 

Já tentei 5 vezes jogar a Startup Panic e continuo sem perceber o racional por trás do sucesso ou insucesso das nossas tarefas. Sei qual o valor a atingir, mas a percentagem que dedicamos das nossas tarefas para chegar a esse objectivo continua a ser uma informação críptica. 

Para além disso, de uma mecânica tão monótona que faz de muitos idle games os jogos mais frenéticos que já joguei, o loop mecânico é tão repetitivo que rapidamente nos sentimos desgastados com ele. Fazer tarefas, ver a motivação dos funcionários a cair, enviá-los de férias, fazer tarefas, e aí por diante. A mesma coisa repetida à exaustão.

Os upgrades que vamos fazendo ao escritório, como a compra de mobiliário, são interessantes, mas é estranho que num jogo destes não possamos controlar os nossos personagens, nem interagir com nada. Este é um management game, mas muito mais um options menu simulator.

Por curiosidade: quando há 1 mês falei de Mars Horizon trouxe para o Rubber Chicken um artigo sobre um management game que praticamente é jogado apenas através dos seus menus. A diferença entre Mars Horizon e Startup Panic é que aquele tem uma densidade mecânica estrondosa, onde todos os seus menus de gestão fazem sentido e contribuem para uma bigger picture. Startup Panic, por sua vez, é apenas vazio e sensaborão, de uma superficialidade atroz para os tycoons que a tinyBuild nos habituou a jogar.

Sim, é apelativo na sua utilização de pixel art – um factor que me fez dar-lhe mais tentativas do que ele merecia, mas que após diversas horas em que me obriguei a tentar compreendê-lo, vaticino-lhe o meu juízo final: Startup Panic é uma perda de tempo para fãs de tycoons como eu. Um jogo vazio, monótono, que nos lembra que na última década já saíram jogos com esta temática que merecem mais a nossa atenção que ele.