Drift tornou-se uma das palavras que mais reacções anafiláticas nos causaram nos últimos anos, seja pelos filmes de Fast & Furious (desculpa, Óscar, mexer no teu franchise-fetiche), e pelos infames Joy-Cons que até motivaram acções judiciais.
O drift já aconteceu às duas Switch que temos em casa, ainda que tenham aparecido em períodos diferentes. A inevitabilidade dos analógicos desenvolverem essa maleita vulgarmente conhecida (por mim) como Síndrome de Drift é grande, quase tão grande apanhar uma mentira de um populista de direita. O Rui Parreira até alertou no episódio que sai hoje no Split-Chicken que os Dual Sense também já começam a revelar drift, com a pequena curiosidade que a empresa que faz os componentes para os comandos da PS5 e da Switch… ser a mesma. Será o drift a Covid-19 das consolas actuais? Esperemos a opinião de especialistas como os Jogadores pela Verdade para o sabermos.
Depois de ter facilmente ignorado o drift dos Joy-Cons da minha consola (comprada no dia de lançamento da consola) que desenvolveram a maleita logo ali ao final das duas primeiras semanas de “vida”, os meses que passei a jogar Animal Crossing quase que me fizeram esquecer que o analógico do meu comando direito há muito estava em derrapanço. Foi apenas com a chegada do Super Mario 3D All-Stars, a jogar Super Mario Sunshine, que percebi que seria impossível conseguir usufruir do jogo desta forma.
Meses antes tinha recebido um press-release dos Gioteck JC-20, representados em Portugal pela Infocapital, e de imediato pedi que nos enviassem uma unidade para experimentarmos, e posso-vos dizer que desde o momento em que chegaram que os Gioteck JC-20 suplantar por completo os Joy-Cons oficiais, e não apenas por estes terem drift.
Antes de vos dizer as muitas razões que os tornam verdadeiramente obrigatórios, e um substituto quase perfeito (em algumas situações melhores) que os Joy-Con, é preciso indicar tudo o que lhes falta.
Ao contrário dos Joy-Cons, os JC-20 não conseguem ser carregados directamente ao estarem acoplados à consola. No entanto, cada unidade vem com um cabo USB-C bifurcado, permitindo-nos carregar os 2 comandos ao mesmo tempo. Este é possivelmente o seu ponto mais negativo, ainda que eu sinta que a autonomia dos JC-20 é muito boa, e só após longas horas de utilização é que os temos de carregar, com uma autonomia que dará para perto de um dia de utilização.
O emparelhamento tem de ser feito como em qualquer outro comando Bluetooth, o que nos exige uns segundos a mais de configuração do que o literal plug-and-play dos Joy-Con.
Por terem um design diferente (e no meu entender isto entrará nos seus pontos positivos, como perceberão), os JC-20 não cabem em alguns periféricos da Switch, como a bolsa da perna do Ring Fit Adventures e alguns Labo.
O rumble disponível nos JC-20 é largamente inferior ao original, sendo não só muito barulhento como estando a milhas de conseguir emular na perfeição a hiper-sensividade da vibração dos Joy-Cons. Para além disso, a ausência de leitor de NFC e da pequena câmara de infravermelhos poderia ser uma limitação, não fosse no caso desta tecnologia um aspecto utilizado em pouquíssimos jogos.
Considerando estes pontos menos positivos destes JC-20 quando comparados com os Joy-Cons, é inegável que o seu preço de venda aproximado de 39,99€ os torna uma concorrência muito difícil de destronar. Quase 40 euros pelo conjunto dos 2 é mais de metade do preço de comprar o par de Joy-Cons, e neste rácio parecem-me uma proposta extremamente equilibrada no copto custo versus qualidade.
Por outro lado, por um produto tão mais barato espera-se uma qualidade de construção inferior. O que, considerando a qualidade dos Joy-Cons, nem é grande comparação. Mas depois de 3 meses de uso intensivo dos JC-20 eles continuam a sair por cima dos Joy-Cons, já que 2 meses e meio de avanço dos originais em termos de resistência (relembro que os meus primeiros Joy-Cons fizeram drift logo à segunda semana).
A adição de botões de auto-fire/turbo são um elemento interessante e único, que eu ainda só utilizei em 2 schmups indie. Uma adição usual em comandos third party desde que o mercado das consolas se expandiu.
Visto que estes JC-20 não cabem nos grip dos Joy-Con, incluído em cada caixa vem também um grip em formato mais simples, paralelepipédico, com encaixes laterais para unificar os dois JC-20 num comando só. E nem estes inibem a óptima emulação dos motion controls que estes JC-20 fazem dos Joy-Cons.
Mas a par do preço, o design destes JC-20 são talvez o seu maior argumento de venda. Com um formato estranho, curvo, com um vão extenso, e que colocado na consola em modo portátil quase que lhe confere a silhueta da PS Vita. Mas não só são muito mais leves dos que os Joy-Con (já que não possuem muita da magnífica tecnologia sub-aproveitada destes) como, do ponto de vista ergonómico, são muito mais confortáveis do que os comandos originais da Switch.
Não só os botões de trigger são ergonomicamente mais confortáveis e largos para nos permitir “pousarmos” os indicadores quando pegamos no comando, com a ligeira abóbada no verso permite um encaixe na nossa palma da mão com muito maior conforto, e sem marcas ou vincos causados pelas arestas dos Joy-Cons.
A leveza e a sua curva tornam o uso prolongado da Switch em modo portátil um conforto muito maior do que usando os Joy-Cons. Há poucos dias decidi voltar a experimentar jogar em modo portátil com os Joy-Cons e rapidamente senti a diferença que as arestas destes fazem ao segurarmos de forma prolongada na consola.
Os JC-20 têm muitas faltas tecnológicas quando comparados com os originais, mas faltam-lhe precisamente as tecnologias que nós, e os criadores de jogos da Switch, menos usam. Mas para o tipo de consumidores que eu e o meu filho somos, estes substitutos dos Joy-Con da Gioteck são perfeitos: mais baratos, mais leves, mais ergonómicos e mais confortáveis, e têm todas as funções e características típicas utilizadas em praticamente todos os jogos da Switch, mesmo os first party.