Desde que o conceito de realidade virtual me chegou aos ouvidos que eu tenho desenvolvido um fascínio cada vez maior por esta tecnologia, permitindo-nos ‘mergulhar’ – quase literalmente, em mundos que durante tanto tempo estiveram ‘presos’ dentro de um monitor. Sim, eu sei que para muitos de nós a realidade virtual já é ‘coisa do passado’, já estamos habituados, está em todo o lado; mas eu sou orgulhosamente da geração Johnny Quest, e ninguém me vai conseguir tirar o deslumbro de cada vez que meto o capacete e me teletransporto para uma nova realidade. Adeus Johnny Quest, olá João Quest (sim, chamo-me João, não havia muito espaço para ser criativo aqui com este trocadilho…)

Assim que a PS VR foi lançada, lá estava eu na fila, prestes a correr para casa e jogar a um nível superior a todos os outros comuns dos mortais! Escusado será dizer o ótimo investimento que fiz pois os jogos têm de facto conseguido transmitir toda a imersão que eu espero de um jogo VR. Joguei de ponta a ponta o Resident Evil 7 (várias vezes) usando apenas a realidade virtual, e nunca mais com monitor, uma vez que depois de viver a experiência cara a cara com os Bakers, ‘there’s no going back!’. O SuperHot VR não só me tem ajudado a não gastar em vão uma mensalidade no ginásio, com os quilos perdidos a imitar o Neo do Matrix, como consegui garantir nunca mais ter de me cruzar com a minha vizinha de baixo (se isto não é uma situação win-win, então não sei o que poderá ser!). Mesmo com outro género de jogos, como puzzle games, onde fisicamente continuamos sentados, o capacete afasta-nos do mundo real e a presença física de e adaptação a uma outra realidade (virtual) põe à prova os nossos sentidos, exigindo mais do jogador do que com um monitor e um comando; o Keep Talking And No One Explodes deixou-me literalmente sentado na pontinha da cadeira e a escorrer aquela gota de suor frio na testa, com medo pela minha vida se não completasse os desafios para desarmar a bomba a tempo!

Conseguir esquivar-me de setas enquanto bloqueio ataques é melhor que ginásio!

Voltando um pouco atrás, ao meu tempo A.RV (leia-se Antes de Realidade Virtual), andava a ouvir falar num jogo que fazia muito furor nas plataformas de RV e não fosse eu um curioso experimentalista, tinha de pôr as minhas mãos nele. No entanto, frustrava-me não poder jogá-lo, pois não tinha nem um headset VR, nem um computador para jogar noutra plataforma que não a PS4. Até ao dia, em que numa LAN Party com mais 3 amigos meus – isto já no tempo actual D.RV (Durante Realidade Virtual), estávamos a explorar o headset e as suas possibilidades (alguns dos meus amigos ainda não tinham tido contacto com uma plataforma de realidade virtual – sim, senti-me o maior) quando alguém menciona o GORN. Em três segundos já estava eu na loja online da PS; em 5 segundos a ler “GORN, recentemente lançado para PS4”. Comprado!

Foi um fim de semana que passou a voar! A sala lá de casa transformou-se numa arena de gladiadores em que quem estava a jogar encarnava guerreiros com a fúria de Spartacus, e quem estava de fora gritava em êxtase a cada morte sangrenta! O jogo disponibiliza todo um arsenal de armas e desafios que vão de encontro ao gosto de qualquer pessoa, desde arcos e flechas para treino de pontaria (para conseguir acertar nos pontos fracos dos adversários desprovidos de armadura em sítios mais específicos), a armas de curto alcance que podem ser usadas uma em cada mão ou nas duas, como espadas, marretas, escudos ou nunchucks, para libertares o teu Bruce Lee interior a todo o gás! 

Têm cara de maus mas nós fomos piores!

Apesar dos gráficos mais “cartoony” e das mecânicas de combate um pouco “ragdolly”, GORN simula na perfeição a adrenalina que é estar numa arena a lutar pela tua vida (sim, fui gladiador numa vida passada e sei do que falo, confiem). Desde tomares decisões sobre que armas usar para enfrentar múltiplos inimigos de cada vez, a ter de improvisar e usar os punhos quando tudo o resto falha, a ser atingido e repentinamente soltar um frenesim de murros e cabeçadas para te conseguires manter vivo, sem nunca conseguir descansar mais do que uns poucos segundos. Facilmente este jogo entrou para o meu top 3 dos melhores jogos do universo VR, e recomendo vivamente para todos aqueles que sintam necessidade de descarregar um pouco de raiva acumulada (nem que seja para ‘mandar’ o Covid-19 para um certo sítio), ou treinar um bocado os skills de boxing, ou diversificar nos treinos em casa, ou só porque o jogo é incrível!

Só sei que 2ª feira de manhã acordei cansado e dorido mas psicologicamente relaxado. Isso tudo, e um candeeiro desfigurado – mas com arranjo! Pergunto-me como…