Jogo muitos jogos porque espreito o trailer e percebo o seu potencial, percebo a ideia subjacente ao jogo e o que se está a tentar criar. Eximius: Seize the Frontline tenta aliar no mesmo jogo a possibilidade de jogarmos um RTS e um FPS. É uma ideia bastante apelativa e parece uma associação lógica. Não é um conceito único, mas se for bem feito é difícil não acabar como um bom jogo. Deixemo-nos de coisas, este saiu arraçado de meeehhh!

Começo logo pelo que mais me saltou à vista no momento em que apareceu o ecrã inicial. O jogo nunca na vida parecia estar em 1980×1080. Andei a ver as configurações gráficas, fui ver se tinha feito algo ao meu monitor, mas não aparentemente está mesmo nessa resolução, mas não parece. O nível de grão presente em tudo o que aparece no ecrã é enorme e durante imenso tempo não me consegui abstrair disso.

Entramos directamente para o tutorial, mas apenas existe tutorial jogável para a componente FPS, para a componente RTS temos somente vídeos e, para piorar a situação, não há na fase inicial do jogo nada que nos remeta para eles. Eu estranhei não ter feito nada em RTS, mas fui avançando. Claro que quando optava por durante o jogo controlar essa componente, a minha equipa era cilindrada. Também convém dizer que antes de assistirmos a esses vídeos nem sabemos que estamos a controlar essa parte. Aparece um ecrã a dizer se queremos ser um Comandante ou um Oficial e, claro, queria ser Comandante. Durante muito tempo não comandei.

Não saber estas diferenças simples fez com que durante muito tempo quisesse desistir do jogo. Quando percebi o problema já lá tinha andado algumas horas sem tirar nenhum prazer do que estava a fazer. Imagino quantos mais terão passado pelo mesmo. Melhorar esta interface parece-me urgente. O jogo acabou de sair de Acesso Antecipado e passou de médias de um jogador por dia para vinte. Percentualmente é uma subida abismal, mas na prática resulta na crónica duma morte anunciada num jogo que depende tanto do PvP. Devo acrescentar que para um jogo tão assente nessa componente, não ter o matchmaking a funcionar desde o primeiro dia é o mesmo que ir à guerra armado com uma pistola de água, mas é exactamente isso que acontece.

A componente multiplayer incide essencialmente em duas vertentes, PvP e PvE.

Em PvP temos o tradicional mapa de controlo de zonas. Há três pontos que tens de controlar, cada um deles retira uma determinada quantidade de pontos de vida ao adversário. Consoante vamos perdendo pontos de vida atingimos alguns valores em que aparecem reforços para a tua equipa numa tentativa de equilibrar as coisas. Tudo relativamente convencional. Há 5 mapas, mas todos eles com disposições bastante similares, e com assets que, duma forma geral, não dão um aspecto único ao cenário, tornando-os todos cinzentos, baços e mortos.

Podemos jogar como Oficial e será a inteligência artificial o nosso comandante. Neste caso jogas como um FPS normal, o nosso Comandante vai-nos atribuindo unidades sempre que estas estejam disponíveis, e tentamos seguir as indicações que ele nos vai dando de forma a estarem todos os oficiais moderadamente coordenados. Para mim foi a maneira em que mais me diverti a jogar. Podemos também ir comprando fatos que nos atribuem acções especiais. Há 4 fatos distintos e todas as habilidades permitem diferentes estilos de jogo, tenho que assumir isso, no entanto eu só gostei de dois deles, os que mais se adaptavam à forma como jogava.

Se optarmos por jogar como Comandante jogamos o jogo como um RTS, embora também tenhas a opção de jogar como FPS. Não sou daqueles que consegue mecanizar tudo e mais umas botas e efectuar 1000 acções por minuto, por isso mal tinha tempo para fazer a minha cena como Comandante, quanto mais ainda andar aos tiros… Nesta vertente achei o jogo muito simplista, mas mesmo assim irritante porque muitas vezes as minhas ordens eram ignoradas, ou as equipas que eu atribuía aos Oficiais não iam com eles, o que tornava cada campanha um banho de sangue. Creio que nunca ganhei um mapa como Comandante, mas gosto bastante desta componente, de criar estruturas, definir estratégias, produzir unidades, enfim… fazer o que se faz num RTS.

Em PvE, ou co-op, temos de defender a tua base durante um determinado tempo. Joga-se da mesma forma, só temos de suster as vagas de inimigos que tentam destruir a nossa base.

Convém dizer que não existindo matchmaking estamos dependente dos jogos que crias para poderes jogar online. Agora vem a pièce de résistance, nunca ninguém se juntou a um jogo meu! Olaré! Com cerca de 20 jogadores ao mesmo tempo todos devem estar a passar pela mesma experiência e ou já estão a jogar com amigos, ou desistiram e estão a jogar offline contra o computador. Foi isso também que acabei por fazer. Sempre! Embora o nosso querido líder tenha oferecido ajuda, não valia a pena fazê-lo passar por este tormento. Não esqueçam que este jogo só foi lançado a 26 de Março e já parece morto.

É também importante mencionar que os devs são muito activos. O jogo já leva 5 updates oficiais, estão sempre a transmitir o jogo na página do Steam, mesmo que alguma gravação feita pela comunidade, e está neste momento a decorrer um torneio oficial dentro do jogo. A parte engraçada é que, no momento em que escrevo esta análise, estão mais pessoas a assistir à transmissão na página do Steam que a jogar o jogo.

Este é o primeiro jogo desenvolvido e publicado pela Ammobox Studios. Está morto! Provavelmente a única chance que tem de ganhar alguma vida é algum streamer conhecido pegar nele, mas aqui já entra em jogo outro capítulo, o da qualidade ou falta dela. Neste ponto só se safaria se fosse um grande jogo e merecesse atenção ou fosse tão mau que tivesse possibilidade de se tornar um meme. Não é nenhum dos dois. É um jogo mediano, cinzento com pouco de memorável, assente numa ideia interessante mas sem capitalizar em nenhum dos seus componentes. Não digo isto muitas vezes, mas provavelmente este é um jogo para dispensar.

http://https://youtu.be/w7zhdAyYSnw