Quando falo com game developers e vejo entrevistas das mais brilhantes mentes do mundo dos videojogos, todos dizem que o segredo para criar um bom jogo não é inventar a pólvora (se isso acontecer, temos génio), mas sim pegar no que já existe e criar uma ideia interessante com um twist aqui e um acrescento acolá. Deve ter sido um pouco o que se passou na cabeça dos criadores de Sherwood Extreme: porque não pegar no Robin Hood e fazê-lo percorrer níveis aos saltos e piruetas em câmara lenta enquanto tenta matar o máximo número possível de inimigos para competir num leaderboard? Não sei quanto a vocês mas eu aproveito qualquer oportunidade para entrar nestes jogos super espalhafatosos com explosões, piruetas e música acelerada para soltar aquela criança em mim e dizer a cada mortal encarpado que me leva a uma penta-kill : WOOOOW!

O hub onde passas mais tempo a rezingar com o leaderboard que outra coisa

Mas já estou a pôr a carroça à frente dos bois, Sherwood Extreme é um shooter arcade em terceira pessoa que dá ao jogador controlo de um personagem com estilo de Robin Hood e tem como objetivo de cada nível chegar ao fim com o máximo de estilo possível (e rapidamente também claro). Esse estilo vale pontos e no final quem tiver mais pontos fica no topo de uma tabela com todos os jogadores que já concluíram o nível.

É também importante mencionar que Sherwood Extreme é free to play, com isso traz todos os pontos bons e maus que esta modalidade nos oferece. Por um lado não custa nada instalar o jogo (inserir memeit’s free real estate”), por outro lado temos toda uma economia dentro do jogo feita para nos aliciar a comprar a moeda premium para desbloquear mais recompensas que com a moeda standard são impossíveis de comprar. Neste caso específico não é tão mau pois nada do que se compra facilita o progresso ou a performance do jogo propriamente dito, são puramente itens cosméticos e mais flashy.

Em relação ao gameplay está bastante bem imaginado e depois de se perceber bem como é que as mecânicas fluem entre si, a experiência de completar um nível é muito agradável (a tal criança interior começa aos pulos de alegria e a gritar de excitação como se não quisesse ir para a cama). O problema vem quando essas mecânicas e essa fluidez são interrompidas por alguns bugs nas animações e na música.

A atmosfera está bastante bem conseguida, pena que a pressa de acabar os níveis não deixe apreciar.

Não são muitas vezes que acontecem mas quando aparecem quebram a imersão e o embalo com que vamos ao ver o boneco  ter comportamentos semelhantes a quando há lag num jogo online. Consigo descrever como sendo um  “Síndrome de Schrodinger” em que o personagem não sabe se está num sítio ou mais a frente criando uma dança peculiar para quem vê de fora e náuseas a quem está a jogar. Com a música o bug torna a experiência simplesmente irritante já que volta e meia o som do jogo decide que é um disco vinil riscado e repete os mesmos 2 segundos de uma música  até o nível acabar (irritante ao ponto de me começar a espumar e a ter convulsões caso não saia do nível imediatamente). Mas como disse, acontecem poucas vezes e não duvido que os developers vão corrigir estes problemas já nos próximos dias pós-lançamento.

Para dar aquela cereja no topo do bolo, o último nível é um horde survival mode em que temos de sobreviver o máximo tempo possível aos ataques de levas atrás de levas de inimigos cada vez mais poderosos até morrermos. Embora seja só um nível, está bem polido e também acredito que se o jogo ganhar tração, os developers vão criar mais conteúdo à volta disto para um possível futuro DLC.

Para um free to play rápido que se pode jogar com amigos sem grandes complicações e competir mundialmente para ser o melhor de cada um dos níveis, Sherwood Extreme é um bom jogo para se experimentar sem compromisso e para ter algumas horas de diversão espalhafatosa.