Estamos em 1996, e eu gozava umas valentes férias depois de um 5º ano com muitos dissabores no recreio e no caminho de e para a escola. Em casa de um colega, numa tarde de jogatanas, lá colocámos o cartucho de Wonder Boy in Monster World na Mega Drive à espera de saber se aquele jogo comprado em promoção pelos pais deles valia alguma coisa. Termos ficado um par de horas colados ao ecrã sem parar foi um sinal de homenagem para com um título de uma série do qual nunca tínhamos ouvido falar.
Para mim uma memória recente veio logo à cabeça: as semelhanças com Adventure Island que vinha incluído com a minha Famiclone. E não era para pouco: entre o cenário insular coincidente a ambos, e o rol de inimigos similar entre os dois jogos, as semelhanças eram muitas. Ainda que, convenhamos: com as limitações técnicas de então, quantos jogos não eram, na realidade, semelhantes ao nosso olhar destreinado de então?
Explicar a série Wonder Boy, ou Monster World, é uma tarefa bem mais difícil de explicar porque é que Final Fantasy tem diferenças de numeração entre o Ocidente e o Oriente. Uma tarefa onde eu nem sequer me vou aventurar.
Nomenclaturas de parte, chegou há um par de semanas a PC, Switch e PS4/PS5 o remake do único jogo da tetralogia original de Wonder Boy que nunca chegou ao Ocidente: Monster World IV, o quinto jogo da série Wonder Boy (sim, o quinto), lançado originalmente para a Mega Drive unicamente no Japão.
Wonder Boy: Asha in Monster World foi o título dado a este remake, que, para bem ou para o mal, ficou excessivamente colado ao original.
O interessante da versão física do jogo (ainda se lembram que elas existem?) é que para além de Wonder Boy: Asha in Monster World, o “pacote” traz de forma completamente gratuita o original localizado para inglês, para que possamos traçar as nossas comparações.
Wonder Boy: Asha in Monster World, por outro lado, é apenas uma boa utilização de cel-shading sem qualquer qualidade de game e level design a acompanhar, impedindo-o de dar a merecida glória a uma iteração que esteve até então limitada ao lançamento nipónico, em 1994. O que distancia este remake de 2021 do jogo de 1994 é apenas o visual. O que está por baixo desta roupagem é do mais desinteressante que podemos encontrar nos dias de hoje.