F1 é das minhas franquias fetiche. Não sou tão dedicado como com o Football Manager, mas dedicado o suficiente para ir jogando e para pedinchar veementemente ao nosso querido líder para me dar o jogo. Muito do que vou dizer sobre F1 2021 foi o que disse sobre F1 2020, e é sempre este o problema com as franquias anuais “o que é que mudou para eu ter de comprar o jogo?”.

“Olha, o Mazepin aqui não é assim tão mau. Porque é que este desgraçado não me deixa passar?”.

A grande adição que a Codemasters fez a F1 2021 foi o modo história ou Breaking Point. No papel funciona como um conjunto de clichés retirados duma qualquer novela venezuelana, mas na prática é uma fórmula testada que garantidamente resulta, e na verdade manteve-me sempre atento e, mesmo quando eu desconfiava do que vinha a seguir, a querer saber tudo o que vinha ia acontecer. Admito que este modo me parece muito bem construído, oferecendo-nos uma data de desafios diferentes que nos obrigam a conduzir em cenários que poderíamos nunca experimentar no modo carreira.

“Caramba que aqui o Ocon parece uma estrela. Quem ensinou este gajo a fechar a porta? Já me doem os indicadores.”

Para um fã da franquia existiu este ano a expectativa de ver se a magia da EA já começaria a entrar em cena, e mal vi a animação facial do meu boneco no modo história lembrei-me de imediato de Mass Effect Andromeda. Felizmente foi fogo de vista, este ano ainda não há nada de predatório, e tudo o que pode ser pago dá perfeitamente para ignorar, tal como dava em entradas anteriores. Temos que lhes dar algum tempo… afinal F1 é uma franquia anual.

Já vi expressões faciais melhor conseguidas

Graficamente o jogo é lindo, mas o que eu temia começa agora a acontecer. Com o advento das novas consolas com muito melhores processadores começo a notar que a minha 1070 já não acompanha com a mesma fluidez os novos jogos, e o meu portátil deu-lhe quinze a zero neste jogo. Já começo a apanhar grão e a ter esporádicas quedas de frames.

Algo a que presto sempre atenção é à forma como animam o público, e mesmo tendo elogiado a do ano anterior, este ano não vou fazer o mesmo. A verdade é que a estaticidade dos bonecos é agora muito mais notória, e até mesmo as bandeiras estão fixas. Claro que isto passa despercebido a 80% das pessoas, mas para quem nota, como eu, isso faz alguma confusão.

“O que é que o Leclerc anda a fazer aqui tão atrás? Ferrari, quem te viu e quem te vê… mas pior é o meu pescoço. De onde é que veio esta dor?”

Já o ano passado me custou conduzir no cockpit do carro por causa da barra de segurança e este ano não se alterou essa dificuldade. Conduzi essencialmente na vista da câmara que está por cima da cabeça do piloto, que era para mim a que obtinha o melhor compromisso entre sensação de velocidade e realismo, sem ter irritações à frente da cara. Adorei conduzir com a chuva. As alterações atmosféricas sempre foram um must nesta franquia e isso permanece inalterado agora. Algo que não me pareceu nada intencional foram os problemas que tive com as alterações tácticas a meio da corrida, especialmente no modo história. O que aconteceu foi simples de explicar, começou a chover a meio duma prova e o jogo embirrou que eu tinha de mudar para pneus intermédios, e só depois para pneus de chuva. Ora, eu queria mudar logo para os pneus de chuva mas não me permitiram, não mudei para intermédios, logo o jogo obrigou-me a ir à box todas as voltas até eu fazer o que ele queria. Decidi não ser teimoso, recomecei a prova e fiz como ele mandou.

Algo que é claramente notório é o uso incorrecto de pneus ou a diferença de conduzir com pneus gastos. A degradação dos pneus é notória e tive alguns dissabores à custa disso. Imaginem também que começa a chover à entrada da última volta. Há uns anos ainda conseguíamos saltar a ida à box e conduzir uma volta com slicks ganhando imenso tempo e posições. Tentar fazer isso agora é sinónimo de piões sucessivos e terminar no fim do pelotão.

A inteligência artificial pode ser afinada ao milímetro, mas continua a ser infinitamente superior a defender a posição que a atacar para ultrapassar, tornando a experiência de conduzir no meio do pelotão apenas semi-sofredora. Por um lado é muito difícil galgar posições, por outro é raro algum piloto fazer uma manobra imprevista para nos ultrapassar. Se nos mantivermos na linha certa, mesmo estando a correr e forma mais lenta, é relativamente fácil manter a posição.

“Se apanhar o Perez ainda tenho três voltas para tentar chegar ao pódio, mas este pescoço… como é que raio eles conseguem aguentar estas forças no jogo, eu estou aqui só a inclinar-me nas curvas e já estou assim? Pelo menos distrai-me dos indicadores.”

O modo carreira mudou pouco. Agradeci algumas alterações de qualidade de vida na carreira de equipa. Apesar de termos mais coisas para gerir, dão-nos a opção de conseguirmos alguns pontos de desenvolvimento de forma automática, sem termos mesmo de perder tempo a conduzir na pista. Isso valeu mesmo a pena.

Algo que há algum tempo a franquia F1 permite é que consigamos personalizar praticamente ao milímetro a experiência de jogo que queremos ter, o que faz com que o jogo vá desde uma experiência quase arcade até praticamente a um simulador.

Mesmo com essas opções se nos arriscamos a jogar online encontramos todos os veteranos, jogadores carregados de experiência acumulada ao longo dos anos que dão poucas chances a um jogador casual como eu.

“Já não passo o Bottas. 4º lugar não é nada mau. É melhor resignar-me. Tenho é que parar e tomar um paracetamol para este pescoço. Chiça!”

F1 2021 é um jogo excelente. A adição do modo história torna-o diferente o suficiente para justificar a compra, até porque a sua base já é bastante boa. Associando isso à qualidade reconhecida da franquia, temos aqui um dos jogos mais agradáveis, interessantes e entusiasmantes para jogar se formos, como eu, fãs de jogos de corridas e um jogo imprescindível se formos fãs de F1.