Já não me lembrava de estar tanto tempo sem ter jogos atribuídos e isso tem-me dado bastante liberdade para simplesmente clicar num jogo e ver o que é. Está na cara que tenho aberto muitíssimo mais a página do Game Pass. Omno apareceu lá nas entradas recentes. Não pareceu mau, instalei. Que excelente surpresa!

Omno é um jogo de puzzles e plataformas que me fez lembrar, com a devida distância, jogos como RiME, mas sem toda a carga emocional associada, apenas similar no estilo de jogo. O jogo foi produzido apenas por um programador e isso nota-se em muitos dos seus aspectos. É relativamente curto, os cenários têm alguma repetição, os níveis são contidos. Vamos chamar-lhe uma experiência engraçada num pequeno pacote. Devo ter levado menos de 5 horas a terminar o jogo, embora em alguns níveis não tenha atingido 100% dos objectivos.

A música é bastante calma e relaxante, o que aliado à ausência de qualquer tipo de agressão, já que Omno é um jogo completamente pacífico, leva a que consigamos embrenhar-nos completamente no que estamos a experienciar sem o medo de aparecer uma turba de zombies por detrás duma pedra.

Um estilo artístico muito poligonizado, que me fez lembrar alguns jogos da época da PS2 combina bastante bem com a palete de cores tornando tudo muito mais sereno e tranquilo.

Algo em que Omno não é muito bom é a contar o seu propósito. Procurei nas sinopses disponíveis nas diversas lojas e apenas vem mencionado que é uma “jornada por um antigo mundo de maravilhas”. Fosse a história tão clara como o número de vezes que vi que o jogo foi feito por Jonas Manke e talvez conseguisse ser mais concreto sem entrar em spoilers. A verdade é que passamos muito tempo no jogo sem saber qual o nosso propósito, o que procuramos, ou o que são os biomas onde nos encontramos. Com o tempo percebemos que o objectivo é mesmo esse e vamos construindo a nossa história baseando-nos em pequenos textos que vamos encontrando ao longo de cada um dos níveis, transpondo essas experiências contadas na terceira pessoa para aquilo que estamos a experienciar.

Os níveis são lindíssimos mas fiquei um bocado decepcionado por serem tão pequenos e não terem propriamente uma exploração associada. Esperava encontrar segredos se os procurasse, mas aqui não há nada disso. Em Omno está tudo à vista e mal percebemos como funcionam as mecânicas do jogo acabamos, quase de forma intuitiva, por saber exactamente o que cada um dos níveis nos vai oferecer.

Temos acesso a um mapa que funciona de forma superinteligente. Inicialmente nem percebi que era um mapa, nem sequer estava a usar aquilo, parecia somente uma espécie de representação astral, como se estivesse a olhar para uma imagem da Via Láctea, por exemplo. Mal percebi a função disso praticamente que tive acesso a uma versão em speedrun de cada nível.

Não é preciso ter um cérebro brilhante para jogar de forma rápida neste jogo. A grande maioria dos puzzles são simples e temos sempre dois em excesso, o que permite que possamos ignorar um ou dois caso não queiramos perder tempo ou não encontremos a solução. Obrigatoriamente só temos de resolver 3 puzzles por nível e raramente temos um nível onde não haja 3 puzzles de mais simples resolução, ficando os outros dois para quem quer um desafio mais pronunciado, mas que em nenhum caso me pareceram duma complexidade acima da média. Claro que o objectivo deste jogo não é criar quebra-cabeças, este jogo é para aproveitar a experiência, não para andar a bater com a cabeça na parede.

Provavelmente fruto de ter um componente de fuga associado, parece-me que RiMe foi muito mais difícil de concluir. O que mantém então a progressão fresquinha é a adição de novas mecânicas ao longo dos níveis e o tempo que nos dão para as assimilarmos, de forma a que não sejamos forçados a planear muito um movimento que aparece à nossa frente. O objectivo é que tudo saia naturalmente, e comigo foi o que aconteceu.

Atravessamos diferentes biomas, porém nesse aspecto a palete de cores apenas nos transmite vibrações diferentes em 3 deles, as regiões desérticas, as regiões geladas e as outras. As desérticas achei um pouco estéreis, o que provavelmente significa que estão bem feitas, o que não altera o facto de terem sido as que menos gostei.

Uma coisa estranha que detectei no jogo foi o facto do analógico do comando não funcionar no menu de pausa, tinha que me socorrer do D-Pad. Não afecta em nada o jogo, mas é estranho mesmo assim.

Só muito perto do fim do jogo conseguimos encaixar todas as peças do que se está a passar à nossa volta. Depois de perceber isso também percebi os breves momentos de cinemática. Eu sei que a intenção era essa, mas pareceu curto ter apenas um momento marcante durante todo o jogo. Dado que não tomamos qualquer decisão havia aqui espaço para mais ligação emocional ao jogador, na minha opinião.

Avançando e concluindo, Omno é um jogo bastante bom. Muito polido e competente naquilo a que se propõe a fazer. No fundo mostra que se nos cingirmos ao importante, esquecendo todo o conteúdo acessório que por vezes pulula em alguns jogos, também somos capazes de criar uma experiência excelente sem ter de submeter o jogador a períodos de aborrecimento. Adorei o jogo desde que peguei nele até que o acabei. Recomendo!