Lançado em 2005, Psychonauts foi o primeiro jogo da Double Fine, fundada por Tim Schafer depois da sua saída da Lucas Arts. Na bagagem levava todo o seu humor característico de aventuras como The Secret of Monkey Island, Full Throttle e Grim Fandango. 

A sequela surge 16 anos depois e o estúdio está mais maduro, com diversos títulos no seu catálogo, incluindo Broken Age que mostrou à indústria como fazer um crowdfunding no Kickstarter, e claro, o estúdio pertence agora à família da Microsoft. Isso significa que o jogo está disponível no GamePass. 

Apesar de Psychonauts 2 ser uma sequela do original, a história passa-se depois de Psychonauts in the Rhombus of Ruin, um jogo de realidade virtual. E podemos dizer que tudo se encontra na mesma no que diz respeito a humor tresloucado, ao ambiente animado que parece um cartoon, com um tom de Tim Burton, mas troca os cenários negros caracteristicos por cenários bem mais coloridos. Aliás, cor é o que não falta neste título, salientando as sensações audiovisuais que o jogo pretende transmitir, afinal, estamos a falar de um tema psíquico. 

Quem jogou o jogo original irá estar familiarizado com esta sequela. Controlamos Raz, um jovem de 10 anos, que depois do campo de férias dos Psychonauts, é agora um estagiário no quartel-general desta força especial. Com Raz regressam ainda todo o grupo de crianças da aventura original, assim como diversos mentores que vimos no primeiro jogo. 

O jogo mantém uma estrutura bastante semelhante. Trata-se de uma aventura de plataformas, jogado na terceira pessoa, com grande ênfase na exploração de cenários. A base dos Psychonauts serve de HUB a diversas zonas em redor, mas grande parte da aventura vão passar dentro da mente de outras personagens, oferecendo diversos temas, mediante a maluquice que lhes vai literalmente na cabeça. 

Num nível vão participar num programa de culinária, em que têm de cozinhar os ingredientes para fazer os pratos pedidos, mas neste caso parece um autêntico jogo sem fronteiras repleto de obstáculos e armadilhas que dificultam a Raz. E o juri é impiedoso. 

Noutro cenário têm de encontrar os membros de uma banda, cada um representado pelos sentidos do corpo, um olho, nariz, boca. E é um nível completamente alucinado, colorido, mas divertido, sobretudo quando a banda é reunida. E adivinhem quem dá voz ao vocalista? Nada mais que Jack Black, como já tínhamos visto nos trailers, ele que foi também  o protagonista de Brütal Legend

O jogo expande ainda a história da família de Raz, que vivem de forma nómada, como artistas de circo. Ao longo da aventura vão poder conhecer melhor cada membro.

Cada um destes cenários são únicos, mesmo que sejam lineares. Já o mapa geral é mais caótico de encontrar o caminho, visto que os mapas não dão uma grande ajuda, afinal foram desenhados por um miúdo de 10 anos. Mas o jogo continua cheio de colecionáveis para recolher, desde fragmento de memórias, às etiquetas para as malas, semelhante ao primeiro jogo. Mas há outros itens. 

A aventura é enorme, com grandes valores de produção, não só no que diz respeito ao grafismo muito colorido, como o design dos níveis, a qualidade de escrita dos diálogos, a vocalização dos atores e claro, a banda sonora, com orquestrações sempre a acompanhar a ação.  

E por falar em ação, talvez seja o elemento menos bem conseguido do jogo. Ou se calhar foi de propósito, pois esta aventura está mais virada para a exploração e narrativa. Os combates surgem para preencher e dar ritmo, mas os inimigos são pouco variados e não são muito desafiantes. O estúdio chegou mesmo a dizer que os jogadores podiam praticamente desligar a dificuldade dos combates para se concentrarem na aventura. Mesmo os combates com os bosses são geralmente muito simples e fáceis de ultrapassar. 

Raz continua a usar as suas habilidades psíquicas para superar os obstáculos, no combate e resolver puzzles na aventura. A conexão mental permite saltitar entre pontos espalhados pelo cenário para chegar a outros locais. Alguns podem estar invisíveis mas depois são descobertos com um gadget. Tem ainda telecinésia, a capacidade de apanhar objetos com a mente e arremessá-los. A pirocinésia permite conjurar uma bola e arder coisas. A rajada Psi dispara raios de energia com a mente. A Clarividência permite entrar na mente dos NPCs e controlá-los para alcançar certos objetos. A levitação permite saltar alto e planar.    

E todas as habilidades podem ser melhoradas. Raz ganha níveis de experiência e pode distribuir pontos por cada uma destas habilidades, tornando-as mais eficazes. 

Psychonauts 2 é um dos grandes jogos do ano. Uma aventura muito própria, uma trip audiovisual com valores de produção impressionantes. Pode ser um pouco confuso inicialmente, com os objetivos a não serem muito claros, mas é igualmente acessível a todos os jogadores. Quem gostou do primeiro título, que também está disponível no GamePass, vai certamente adorar esta sequela, onde não falta o humor sempre acutilante de Tim Schafer.