Sabes aquela sensação de receber um jogo novo pelo qual estás extremamente entusiasmado? Aquela sensação super infantil de andar aos pulinhos sabendo horas garantidas de diversão que certamente virão por esta nova adição à tua biblioteca de jogos.
Pois o meu dia começou assim e que bom inicio de dia foi, visto que duas horas depois toda esperança e entusiasmo transformou-se em aborrecimento.
Por isso o meu mau humor de hoje deve-se ao Highrisers. Vou fazer o que toda a gente faz e tentar primeiro culpar-me a mim e dizer que se calhar dei demasiado hype ao jogo na minha cabeça, muito mais do que o trailer prometia. Mas por outro lado o conceito era tão prometedor, era como se visses um pequeno Mozart a dizer que não queria nada com música e dedicar-se à agricultura.
Highrisers é um jogo de sobrevivência em que controlamos quatro personagens num mundo pós apocalíptico. Como se isso não bastasse, eles têm sempre o azar do seu helicóptero avariar cada vez que aterra num edifício (um bocado como o meu primeiro carro que mais valia ir para a sucata a um certo ponto mas ainda tem aquele valor emocional) e todo o jogo resume-se a tentar encontrar as peças necessárias para reparar o helicóptero no edifício onde aterramos para ir avariar-se noutro prédio dois quarteirões abaixo.
Como aterramos no topo de um arranha-céus, temos muitos pisos até ao chão de mobília para desmontar e objetos para permitir construir todo um arsenal de armas e barricadas para nos mantermos seguros à medida que vamos descendo para os pisos inferiores que começam a ter cada vez mais criaturas semelhantes a zombies que atacam os personagens assim que os veem.
Assim que a noite cai esses zombies tornam-se mais agressivos e começam a subir os andares até encontrarem os personagens o que nos obriga a criar defesas para aguentar a noite. Em cima disto tudo, e como é um jogo de sobrevivência, temos de alimentar cada um dos sobreviventes com o que vamos encontrando nos andares.
Com tudo isto explicado, até parece um jogo interessante, não?
Pois aí é que a separação se faz para a experiência real.
Passadas duas horas de jogo, o meu estado era o seguinte: tinha os 3 pisos superiores do edifício cheios de componentes, objetos e toda a tralha dos 15 andares abaixo. Encontrei umas árvores de fruto que davam comida uma vez por dia suficiente para todos. o personagem de casaco amarelo alojou-se no meu subconsciente e cada vez que falava eu sentia o meu cérebro a ser martelado pela sua voz calma e de quem tem a rapidez intelectual de um caracol.
O helicóptero nem perto estava de ser reparado…
Visto que tinha entrado numa rotina aborrecida de adquirir materiais, depositar nos pisos superiores e repetir até ter as peças certas, com combate chato pelo meio(não é difícil mas dava a sensação que estava a desmontar mais um pedaço de mobília, que só servia para consumir tempo), percebi que o jogo não passa disto, e por isto é que estou irritado.
Não era preciso muito, um inimigo diferente aqui ou uma forma mais expedita de desmontar coisas do que ficar 5 minutos a ver um personagem a fazê-lo era o suficiente para acelerar o jogo e não deixar quem o joga neste estado catatónico.
Mas enfim, Highrisers é o jogo que temos e há que julgá-lo pelo que nos oferece. Acredito que com alguma atenção dos devs á comunidade que vá pegar no jogo, um update ou outro venham a corrigir isto mas até lá vou continuar a desejar nunca ter ouvido a voz do personagem de casaco amarelo.