Caçada Semanal #290

Acabei agora de perceber pelo título que tudo isto encaixava na série A Song of Ice and Fire de George R. R. Martin, ou em termos plebeus a série de TV Game of Thrones. Mas não é sobre isso que vamos falar, até porque por este andar já o meu filho mais velho está na Faculdade quando sair The Winds of Winter. Esta caçada é dedicada a 3 indies bem diferentes (ainda que 2 deles sejam multiplayer games em Early Access).

Rustler [Switch, PC, Mac, Xbox One, PS4, Xbox Series, PS5]

Sabem aquele momento em que acham que fizeram uma piada genial e afinal ela já tinha sido feita? Aconteceu-me a olhar para Rustler. Assim que o comecei a jogar depois dos meus momentos tabula rasa em que me obrigo a mergulhar num jogo sem saber praticamente nada sobre ele, o trocadilho GTH: Grand Theft Horse apareceu de imediato.

A parte triste deste trocadilho tão bom (vão já perceber o porquê), é que os próprios autores o utilizam como nome não oficial do jogo. Rustler é uma óbvia sátira medieval ao GTA original: um sandbox open world em vista aérea onde podemos espalhar o caos de espada em punho.

Somos um ladrão ébrio que começa o jogo numa escaramuça à porta de uma taverna. É esse combate que nos serve de tutorial e nos ensina o estranho humor desta hilariante sátira que é Rustler, onde os momentos estilo Monty Python rapidamente se revelam mais interessantes que o resto do jogo.

Neste sandbox medieval podemos roubar cavalos e andar a explorar o mapa a seguir missões ou simplesmente a destruir propriedade alheia e a importunar os pobres aldeões e cortesãos que se cruzam no nosso caminho.

O grande problema de Rustler é a sua superficialidade em termos de conteúdo, com a sua abordagem satírica a esgotar-se mais rapidamente do que gostaríamos.

 

Plunder Panic [Switch, PC, Mac, Xbox One, PS4]

Desenvolvido pelo estúdio Win Win Games, o multiplayer brawler Plunder Panic tem atraído atenção em diversos eventos. Não quero afirmar que uma das razões para todo este alarido é graças aos piratas. Mas… sim, são piratas o segredo de Plunder Panic.

Apesar de poder ser visto sobretudo como um party game e de ter na sua essência muitos elementos de arcada, é interessante como este jogo multi-jogador até 12 pessoas – seja em local ou online – criou diversas formas para que as equipas vençam as diferentes partidas.

O facto de termos um leque diversificado de condições de vitória obriga-nos a uma adaptação estratégica no meio das partidas. E estes caminhos são diversos, seja por procurarmos a vitória por termos a supremacia em ouro capturado, por afundarmos o navio inimigo da forma que conseguirmos ou por derrotarmos o capitão da tripulação adversário.

Plunder Panic tem um vasto leque de itens e de customização de partidas e de personagens, tornando-o, já nesta fase de Early Access, um interessante título para grupos de jogadores.

A Way to be Dead [PC]

Continuando pelos multiplayers, mas desta feita assimétricos, desta feita encontramos A Way to Be Dead, um título lançado em Early Access que, a par do que acontece com muitos dos indies (e por vezes não só) que são criados com a obrigatoriedade de comunidades online, que se encontra, tal como o seu próprio título, morto.

Apesar de ter um baixo preço de entrada para um multiplayer assimétrico – não me lembro de nenhum ter saído até hoje com um preço como 6,99€ – é algo estranho que exista ainda quem ande a tentar repetir os erros que outros jogos do género, alguns de perfil maior, fizeram anteriormente.

Os survival horror games multiplayer assimétricos já tiveram títulos de grande destaque como Evolve e mais recentemente Friday the 13th, mas nenhum conseguiu ser apelativo ou longevo o suficiente para acalentar uma comunidade online que é a única maneira de manter o jogo vivo.

Neste jogo onde quatro jogadores estão a combater contra um, há, porém, boas ideias. Em A Way to be Dead ou somos vítimas capturadas para experiências de terror, e o nosso objectivo é conseguir escapar com vida, ou somos o cientista cruel que os persegue, o louco Dr. Ridley.

Enquanto vítimas, se formos mortos na nossa tentativa de sobrevivência, temos uma espécie de segunda vida ao regressarmos ao jogo como zombies. Neste estado a nossa locomoção é lenta e os nossos ataques danificam-nos, mas existe um elemento interessante: já que mantemos a nossa consciência (não fossemos nós humanos atrás do ecrã), podemos decidir ou ajudar o Dr. Ridley a capturar os restantes jogadores, ou atacá-lo.

Este é um pormenor interessante que ainda assim não vos vai garantir uma comunidade para jogarem. Nem agora, nem no eventual dia em que A Way to be Dead saia de Early Access.