Se há alguns anos Gran Turismo e Need for Speed eram nomes incontornáveis no género da condução, simulação e arcade, respetivamente, atualmente a série Forza ganhou um lugar entre os melhores. E serve os dois formatos, com Forza Motorsports para quem gosta de mais realismo e Forza Horizon para os amantes da aventura, exploração e divertimento do formato arcade

A Playground Games tem feito um excelente trabalho com Horizon e o seu quinto capítulo era facilmente um dos jogos mais esperados do ano. Desde que foi anunciado, o mapa gigantesco inspirado no México deixou os fãs estupefactos e ao mesmo tempo curiosos para experienciar um dos primeiros jogos de condução de nova geração. E de facto, o grafismo em 4K é verdadeiramente estonteante, mesmo que tenham que optar pelo formato performance sem ray tracing para garantir a fluidez de 60 fps, caso contrário terão de jogar a 30 fps. é uma opção pessoal, e no meu caso, prefiro velocidade ao grafismo.

Mas esperem as belíssimas paisagens do México, uma escolha inteligente como palco para esta aventura motorizada, porque consegue reunir diferentes ambientes paisagísticos sem chocar: sejam vulcões em erupção como aquele que aconteceu em maio perto da Cidade do México; as dunas cristalinas dos cenários do deserto; ou as selvas luxuosas repletas de ruínas das antigas civilizações dos maias e aztecas; ambientes da montanha, cascatas, aldeias e cenários rurais; entre muitos outros cenários, conferindo uma variedade de ambientes impressionantes durante as corridas. 

E depois existem fenómenos atmosféricos que o estúdio quis introduzir no jogo, tais como as tempestades de areia ou as chuvas torrenciais, cheias de efeitos ultra foto-realísticos. E mesmo a Física é impressionante, com muitos elementos do cenário a partirem-se à nossa paisagem, evitando choques constantes. E isso faz com que, literalmente, os jogadores estejam pouco preocupados em seguir as estradas para chegar ao seu destino, para fazer corta-matos por meio das árvores ou descidas íngremes. 

Obviamente que os grandes protagonistas são os automóveis, centenas de modelos licenciados das principais fabricantes, sejam clássicos, protótipos, exóticos, grandes bombas nas habituais diferentes categorias. E os veículos são realmente incríveis, destacando-se os seus reflexos na chapa e vidros, o pó e lama, mas também toda a atenção ao detalhe dos modelos. É possível jogar em diversas câmaras externas, mas também do interior, incluindo um cockpit detalhado, com instrumentos funcionais. 

Obviamente que se mantém a tradição dos danos serem apenas superficiais e cosméticos sem qualquer impacto na sua performance. Nas corridas podem utilizar os adversários para aparar as curvas se assim entenderem que não serão penalizados. 

E apesar de ser um jogo arcade, não falta realismo no comportamento dos veículos, cada modelo com diferentes estatísticas no que diz respeito à velocidade, arranque, travagem, condução e assim adiante. É possível alterar componentes dos carros e afinar a performance dos veículos, desde a caixa de velocidade, a rigidez dos amortecedores, rebaixar o veículo, travões e outros aspetos. De ter em conta que melhorar o carro significa também subidas de nível na sua classe, o que pode ser impeditivo de entrar em algumas provas. E mais uma vez é possível partilhar ou receber configurações estéticas dos vinis dos jogadores da comunidade. 

Apesar de ser muito familiar, Forza Horizon 5 mostra que é possível melhorar um jogo que já nos oferecia tanto no passado, mesmo sem inventar qualquer roda. Herda o famoso Autlog dos jogos anteriores que confere aos adversários uma IA inspirada nos nossos amigos da lista de contactos. O objetivo é tornar os nossos rivais digitais mais desafiantes e com comportamentos mais “humanos”. 

Mas se a sua estrutura open world mantém-se, através da participação em diversos festivais Horizon, com centenas de atividades, entre corridas, a colecionáveis, placards para destruir. Mas também pequenas histórias compostas por diversos capítulos com provas interligadas, tais como tornar-se um duplo de cinema ou encontrar um carocha para melhorar, como introdução aos clássicos encontrados em celeiros secretos. 

Há tanta coisa para descobrir neste jogo que foi claramente inspirado em Burnout Paradise, exceto os takedowns, em que tudo o que fazem com os automóveis representam atividades, pontuando os jogadores pela destruição dos cenários, conduzir a alta velocidade, explorar as áreas do mapa ou mesmo “pintar” cada metro de estrada, que fica assinalado no mapa. Tudo se resume a constante experiência acumulada, com os níveis a gerar uma volta na roda da sorte e receber prémios monetários, veículos ou simples acessórios para a personagem.

Desta vez o estúdio até permite que os jogadores editem a sua personagem, a qual aparece em cut scenes com diálogos nas sequências mais importantes. 

E ainda no que diz respeito ao conteúdo, o jogo introduz o Horizon Arcade, uma série de mini-jogos coletivos realizados numa área marcada no mapa. Estes desafios são coletivos, obrigando os jogadores a encheram uma barra de objetivo conjunta, fazendo atividades aleatórias e muito rápidas, tais como dar saltos, acumular pontos em manobras ou simples espetanços para cumprir o objetivo geral. Estas provas estão constantemente a acontecer, prolongando a aventura, além de darem recompensas em Forzatons, uma espécie de criptomoeda do jogo para comprar carros raros e objetos. O dinheiro permite adquirir acessórios, veículos, assim como casas espalhadas pelo mapa e outros elementos. 

E existem carros raros, outros muito caros que podem ser adquiridos em leilões de veículos alimentado pelos jogadores. Podem colocar os carros na montra e esperar pelas licitações. Além das provas online, também podem editar pistas e criar desafios para outros jogadores, num maior sentido de comunidade. E o gigantesco mapa do México funciona como um hub online, em que observamos outros carros de jogadores, sendo possível buzinar, interagir, convidá-los para um grupo ou desafiar para provas. 

E depois existe o sentido de colecionismo, das milhares de medalhas apelidadas de accolades, arrumadas em categorias e cenários que vamos acumulando ao longo da aventura. São estes que acabam por guiar o jogador, detalhando os conteúdos que ainda temos para completar, dando origem certamente a dezenas de horas de jogo para os que gostam de completar tudo. 

Forza Horizon 5 é um jogo de luxo que chega ao Game Pass, que por si apenas justifica uma anuidade do serviço. É um dos grandes jogos do ano e provavelmente um dos melhores jogos de corridas arcade dos últimos anos. Não é uma revolução em função do jogo anterior, mas melhora praticamente em todos os campos e adiciona ainda mais conteúdo. A sensação de velocidade a correr nesta nova geração e a variedade dos visuais do México são mais que suficiente para simplesmente abandonar as competições e andar a passear por todo o mapa a descobrir os seus segredos, só porque podemos.