Há cerca de 30 anos, era lançado na Mega Drive um schmup como muitos que saíram à época, mas este, segundo a capa, parecia ter saído directamente do filme Flash Gordon, de 1980, de Mike Hodges.
Gynoug (ou Wings of Wor como era conhecida no território norte-americano), é um sinal dos seus tempos, dos shooters com vista de perfil de 16 bits, na era dourada do género que nos deixava sempre petrificados pela diferença de qualidade entre os jogos que chegavam às arcadas e as versões de consolas.
Aproveitei para fazer um teste com os meus filhos: mostrar-lhes o que eram os schmups, pensando que tinha a idade do meu filho mais velho quando os jogos do género me ocupavam tardes inteiras de jogo. O teste era ainda mais difícil já que Gynoug, que chegou agora à PS4/PS5 e Switch é a mesma versão que conhecemos em 1991, com a possibilidade de adicionar filtros de CRT e de fazermos rewind instantâneo e outros elementos para facilitar o jogo.
O veredicto: um chumbo redondo. Não há nada nestes schmups tipicamente encerrados no tempo que apele aos meus filhos: nem a pixel art mais negra com monstros bizarros e desconexos, nem a própria jogabilidade. Derrotado, segui o meu caminho, a controlar o alado guerreiro a disparar projécteis por uma galáxia repleta de monstros, tiros e obstáculos que aparecem do nada.
Este relançamento de Gynoug a um preço acessível – 6,99€ – tal como tinha acontecido com o grande Greylancer, mostra a vontade da Ratalaika Games de escavar este filão dos schmups antigos e trazê-los para as plataformas actuais.
Admito que se é para jogar um schmup antigo, prefiro fazê-lo com todo o contexto da época do que aproveitar modernices como a capacidade de fazer rewind sempre que me apetecer. Sinto que isso retira o usufruto do género e da forma como os jogos foram feitos e pensados. Mata-lhes o desafio, e por consequência, mata-lhes a raison d’être.
Para os restantes que procurem uma experiência mais facilitada – e não leiam nisto nenhum tipo de julgamento da minha parte – há uma série de ajustes, tais como a manutenção de power ups, vidas infinitas e afins. Permitindo que esta segunda vida de um schmup com 30 anos possa ser experienciada por pessoas com vontades e tempo para investir distintos.
Gynoug não é extraordinariamente relevante para a História dos videojogos, não revolucionou o mercado nem o género há 30 anos, e muito menos o faz agora. Mas isso não significa que não seja um excelente schmup para se jogar.
Mas para o seu reduzido preço de custo é uma excelente revisita (ou primeira visita) a quem não o jogou à época, e quer conhecer mais uma peça da História da Mega Drive, mas sobretudo dos shoot’em ups.