Pensavam que eu, euzinho da Silva, a minha pessoa que andou tanto tempo a evangelizar toda a gente no Rubber Chicken ia deixar passar o ano sem falar de Forza Horizon 5? No México? Que é dos meus locais favoritos no mundo! Don’t you know I’m loco for Horizon?

A minha relação com Forza Horizon é… complicada. Quando joguei o 3, achei que era uma das melhores coisas do mundo, cheguei a dizer no meu artigo “Mas tu queres ver que um dos maiores candidatos a Machado do Ano é um jogo de carros?” Acabei por dar o Machado ao Master of Orion e Forza Horizon 3 recebeu o galardão de RPG do ano, porque para mim é um RPG mas com corridas em vez de lutas, e ouvir o Ricardo no Split-Chicken dizer que os eventos online são semelhantes a raids, é uma confirmação da minha visão.

Passei dias, manhãs e noites pelas estradas da Austrália no meu Ute favorito a desbravar caminhos e correr contra tudo e todos. Tudo corria bem até que o meu save corrompeu-se e perdi cerca de 100 horas de jogo. Joguei o 4, pouco porque ainda estava zangado com a Microsoft/Xbox por não terem opção de save backup ou vários ficheiros. A situação foi como quando nos zangamos com alguém e somos obrigados a estar na mesma mesa porque é o aniversário de um amigo comum. Convivemos, trocamos umas palavras mas ficou por aí, reconheci o valor do jogo no meu artigo mas dentro de mim, no meu coração não era a mesma coisa. E depois veio a minha grande ruptura com os jogos no ano passado em que não sentia prazer em jogar nada digital. E qual foi o jogo que me meteu com as mãos agarradas ao comando quase todos os dias nem que seja só *meia hora? Forza Horizon 5. A minha vida está diferente agora do que era em finais de 2016 e início de 2017, não tenho tanta disponibilidade nem energia para jogar como antes, mas a paixão foi reacendida.

O meu Nightwing I (Tenho um segundo)

Este artigo não é uma análise ao jogo mas sim uma visão do que eu considero invulgar no mundo dos videojogos. Forza Horizon é um jogo de carros, é um jogo de corridas mas também é mais que isso. Não é perfeito, tem bugs que já apanhei tem falhas em online (talvez porque não estavam à espera de tantos jogadores) mas roça o excepcional em tudo o que faz. Forza Horizon é um RPG para mim mas não só, e também é tanta coisa para tanta gente.

Diz o ditado que o homem dos sete ofícios não é mestre de nenhum, que é verdade se dispersamos a nossa atenção em vários campos é difícil ser os melhores em algo. Perfeição, ou algo perto dela, vem de treino, formação, empenho. Se forem ver análises de jogos aqui no site  é comum fazermos um comentário negativo quando tentam ser mais que uma coisa, habitualmente jogos são bons quando se focam no que querem fazer. Forza Horizon 5 por outro lado faz bem tudo o que se propõe fazer. Há muitos horizontes dentro de Forza e há lá algo para toda a gente.

Pessoalmente não sou grande piloto, mediano nos meus melhores dias, daí não me focar muito nas corridas, faço-as. Há algumas que prefiro a outras e abomino qualquer coisa relacionada com drifts  e por isso mesmo a inteligência artificial dos meus adversários é colocada acima de novice. Para muitos isto é um sacrilégio mas para mim é irrelevante. Eu gosto da pista desobstruída para simplesmente acabar a corrida e ganhar algum dinheiro e pontos para comprar carros e subir de nível e rolar aqueles sorteios para ganhar carros. Mas se eu não gosto de corridas porque quero mais carros? 3 razões.

  • Colecionismo – Há tantos carros, tantos modelos, tanta coisa boa tão bem reproduzida.
  • Pinturas- adoro pintar carros (se é um modelo de cinema ou série é pintado igual, se é um Transformer G1 também, e cada marca tem a sua pintura específica que é partilhada em todos os modelos. Acho que tenho problemas.)
  • Tuning – agora descobri o prazer das afinações e upgrades.
  • Flipping – Gosto de comprar carros baratos em leilão, fazer tuning, pintar e colocar em leilão para vender com lucro.
  • Conduzir – Lá porque não gosto de fazer corridas não quer dizer que não goste de explorar o mapa e todas as suas estradas e caminhos. 

Afinal foram 5 razões mas isso são os pontos que mais gosto no jogo, as horas todas que lá passo são para isso. Quando este artigo for publicado já fiz todos os Showcase Events, os da história principal, e estou no Hall of Fame. Tive que fazer Goliaths e Colossus de quase 20 minutos, mas valeu a pena. Agora é passear e dar saltos, acelerar por radares e ocasionalmente correr contra alguém. Mesmo assim, ainda tenho muitas horas de jogo pela frente. Há muitos carros que ainda não comprei na loja ou em leilões.

O meu Red Hood

Da mesma forma que eu tiro o meu prazer destes aspectos de Forza Horizon conheço quem viva para as corridas, drivatars adversários ao máximo e tentarem tudo para fazer as corridas perfeitas limando milésimos de segundo a cada tentativa com o objectivo de serem os melhores. Outros adoram a vertente online, frente a frente com outros jogadores. Alguns têm como objectivo conduzir em todas as estradas e destruir todos os cartazes de XP e Fast Travel, e por aí em diante. Forza Horizon tem um conjunto de combinações que das mais simples às mais elaboradas são capazes de satisfazer quase todos os jogadores.

É difícil não gostar de Forza Horizon 5, críticas de clubismos nos videojogos à parte é impossível não reconhecer a sua qualidade. Mesmo os mais cépticos são forçados a dar o braço a torcer sobre ele, podem não verbalizar a sua opinião mas lá dentro sabem que este é dos melhores, senão o melhor jogo lançado em 2021 e eu só tenho a agradecer-lhe porque não fosse ele talvez ainda estivesse fora do mundo dos jogos mais uns tempos. Se lhe puder apontar uma falha é a falta da Alfa Romeo nas marcas, sempre fizeram alguns dos meus carros favoritos.

*Eu digo sempre que é só meia hora. Spoiler alert, são sempre 3 ou 4 meias horas.