E termina hoje o ano de 2020, parte 2. Um ano ainda mais estranho que a primeira parte de 2020, e se me vou abster de falar da pandemia, de questões pessoais e políticas, se me centrar em videojogos não foi de todo um ano pobre, já que o mercado indie assumiu a responsabilidade de manter a indústria em alta, qual Atlas a carregar o mundo nos ombros. Mas foi um ano em que o mercado AAA não foi a jogo, perdeu a partida por falta de comparência, tirando raríssimas excepções. E assim sendo aqui fica o meu top 10 de videojogos de 2021, ou lá o que este ano foi.
10 – ENDER LILIES: Quietus of the Knights
Se a direcção de arte do ponto de vista visual é tão boa quanto os grandes jogos da NIS, a joia da coroa é o excelente sound design, de Keiichi Sugiyama, um veterano da SEGA, que contribui na perfeição para a construção do ambiente de Ender Lillies, e que o tornam um dos mais interessantes metroidvanias do ano.
9 – Loop Hero
Loop Hero é a minha grande surpresa d primeiro trimestre de 2021. Um jogo enganadoramente simples que complexifica a simplicidade de um idle game. Que atribui uma camada de estratégia a um jogo deste tipo, misturando elementos de tantos géneros diferentes que fazem dele algo verdadeiramente diferente. Tudo isto com o condão de nos agarrar de forma a que queremos sempre mais uma run, perceber se conseguimos chegar ainda mais longe, amealhar ainda mais recursos e derrotar o boss do capítulo.
8 – Returnal
Num jogo tecnicamente irrepreensível, desafiante, artisticamente brilhante, Returnal tem ainda a mais valia de representar a inclusão original de elementos de roguelike e metroidvania num third person shoot’em up com o cunho único da Housemarque, num título excelente que mostra que o risco criativo em jogos AAA é muitas vezes recompensado com jogos que permitem quebrar barreiras.
7 – Genesis Noir
Genesis Noir não é um jogo para todos, nem tampouco foi concebido com essa perspectiva. Prova, sobretudo, que no meio de jogos mais comerciais existe espaço para momentos de pura genialidade artística, que eleva o meio ao mesmo que quebra preconceitos culturais. O pequeno estúdio novaiorquino Feral Cat Den assume assim uma abordagem de art house e traz-nos uma das experiências mais maduras e originais que o meio já assistiu, num dos melhores jogos que joguei neste ano de 2021.
6 – LOVE – A Puzzle Box Filled with Stories
LOVE – A Puzzle Box Filled with Stories apanhou-me de surpresa pela sua depuração visual com alta complexidade narrativa sem ter de expressar uma única palavra. São assim as histórias mais marcantes: aquelas que são universais, intemporais, e tangíveis na sua simplicidade. É dessas histórias que este cubo mágico entre o passado e o presente está presente. Sempre que uma persiana se abre para vermos o que está lá dentro, conseguimos tocar noutra dimensão, noutra história de amor que podemos cristalizar no tempo.
5 – Lost in Random
Quanto a Lost in Random é um daqueles geniais mundos que merecia uma vida para além do brilhantismo que alcançou nos videojogos. Um universo sombriamente delicioso que seria (será?) um filme de sucesso se algum dia a oportunidade surgir. E, a pouco meses do final do ano, junta-se a outro jogo da chancela EA Originals para lutar pelo meu topo de preferências de melhor jogo do ano.
4 – Metroid Dread
Metroid Dread soa amplamente moderno, e parece-me que a MercurySteam conseguiu fazer algo difícil: trazer uma série com 35 anos e com apenas 4 iterações até então para o mercado dos dias modernos. Seja o sistema de counter (implementado no remake da 3DS), a direcção artística, o ritmo (ainda que este sofra com o excesso de interrupções), e o desafio dos bosses multi-fase, tornando-o um sério candidato a melhor jogo do ano. Metroid Dread é um jogo obrigatório da Switch, e daqueles que, mesmo para quem não conhece a série Metroid, criará a vontade de jogar tudo o que está para trás. Para estes não sinto que exista o risco de sentirem excluídos por mergulharem na série por aquele que é o encerramento do seu arco, já que Metroid Dread é verdadeiramente brilhante em praticamente tudo o que faz.
3 – It Takes Two
It Takes Two é esta metáfora perfeita para os solavancos de uma vida a dois. Um jogo que acima da genialidade de todos os pequenos pormenores que o compõem, poderá ser a dissimulada terapia relacional que muitas relações podem estar a precisar, mesmo sem o identificarem.
2 – Ratchet & Clank: A Rift Apart
Ratchet and Clank: Rift Apart é um jogo maravilhoso. Tecnicamente impressionante, sobressaindo-se a experiência da Insomniac a criar mundos intensos, histórias cativantes e personagens memoráveis. Este é sem dúvida um dos melhores jogos do ano, e daqueles que me fariam comprar uma consola para jogar. Talvez o único problema é que nem damos pelo tempo passar enquanto jogamos, e fica-se com a sensação de que é uma aventura curta, ainda que dure uma boa dezena de horas. Um filme animado com 10 horas de duração, leia-se.
1 – Forza Horizon 5
Se me dissessem que um jogo de carros poderia vir a ser o meu jogo do ano, duvidaria. Mas é precisamente a injustiça desses preconceitos que afastou Forza Horizon 5 do topo das escolhas de muita gente, que sentem que um jogo para poder ser merecedor desse galardão tem de cumprir uma série de pressupostos pré-definidos. Tudo o que Forza Horizon 5 faz, fá-lo de forma brilhante e irrepreensível e isso deveria ser suficiente para o avaliarmos com a isenção que ele merece. Possivelmente o melhor jogo de carros alguma vez feito, com o seu open world sandbox a provar que consegue ser tanto, para tanta gente diferente.
MELHOR JOGO MOBILE
A provar que o serviço Apple Arcade é uma tremenda aposta, com muitas gemas escondidas a serem lá lançadas em exclusivo, ainda que muitas de forma temporária, encontramos o regresso do criador da série Final Fantasy, Hironobu Sakaguchi, com o seu mais recente jogo, o deslumbrante Fantasian.
SURPRESA DO ANO
Um city builder roguelike. Se esta descrição não vos soa estranha, então é possível que não recebam Against the Storm com a mesma surpresa que eu recebi: um brilhante candidato ao Indie X 2021 que se tornou o meu jogo go-to dos últimos 2 meses do ano.
MELHOR JOGO FAMILIAR
Num ano que cá em casa ficou marcado por ser aquele em que o meu filho mais novo descobriu o gaming, e também um ano onde a Nintendo revisitou os seus party games mais conhecidos, Mario Party Superstars é um best of da série de party games campeã da gigante nipónica, e aquele onde passámos mais horas de riso e diversão.
MELHOR JOGO COMPETITIVO
Seria fácil dizer que Forza Horizon 5 foi para mim o melhor jogo competitivo do ano, mas visto que eu nunca o joguei dessa forma vou ter de indicar outro título. Contra todos os meus preconceitos do que poderia ser um MOBA de Pokémon, Pokémon Unite foi uma surpresa, e uma forma familiar de criar um bom gateway para o género e para os jogos competitivos online.
MELHOR JOGO DESTE ANO QUE AFINAL NÃO É DESTE ANO
Num período deste ano dediquei-me a jogar jogos open world (motivado pelo Biomutant, como sabem) e finalmente tive coragem para jogar Assassin’s Creed Syndicate, que saltou directamente para o segundo lugar do meu top de jogos da série. Com uma excelente dupla de protagonistas, um ambiente divinal que é a Londres victoriana, esta iteração da série da Ubisoft é injustamente esquecida e criticada pela maioria dos jogadores.
DESILUSÃO DO ANO
Foi um dos jogos que nos captou a atenção no evento digital de revelação da PS5, mas que rapidamente se demonstrou uma desilusão quando foi lançado. Destruction AllStars poderia ter sido uma abordagem interessante e moderna ao género, mas o resultado foi simplesmente mediano, e a comunidade já há muito o abandonou.
PIOR JOGO DO ANO
Balan Wonderworld não é divertido, tem um medíocre level design, os controlos e o ritmo são pouco fluídos e toscos, e nem as boss fights são interessantes. Com a ideia de que os 60€ que custa dão para comprar muitos bons e ainda sobra dinheiro para uma bica.
MELHOR BOARD GAME
Dos criadores do genial Root, foi uma felicidade para mim ver chegar pelas mãos de um estafeta o genial Oath: Chronicles of Empire and Exile, um jogo que no meio da sua estratégia brilhante, direcção de arte surpreendente ao estilo do que a Leder Games nos habituou, temos também algumas histórias que vão sendo desenvolvidas neste mundo.
Melhores Séries:
15. Young Rock/Heels
14. Sex Education
13. Foundation
12. Maya and the Three
11. Evil
10. Solos
9. Modern Love
8. The Salisbury Poisonings
7. Nine Perfect Strangers
https://www.youtube.com/watch?v=QvqujH6boEI&ab_channel=Hulu
6. The Morning Show
5. Dopesick
4. Deceit
https://www.youtube.com/watch?v=Lc7XMev5mJQ&ab_channel=BlockBusterTrailers
3. Arcane: A League of Legends Story
2. Mare of Easttown
1. Ted Lasso
Menção Honrosa
Pôr-do-Sol
Only Murders in This Building
https://www.youtube.com/watch?v=-V1rQdXXXyI&ab_channel=Hulu
MELHORES ÁLBUNS:
16. Carcass – Torn Arteries
15. Duran Duran – FUTURE PAST
14. Tribulation – Where the Gloom Becomes Sound
13. Big Big Train – Common Ground
12. Architects – For Those That Wish to Exist
11. Converge + Chelsea Wolfe – Bloodmoon:I
10. Spiritbox – Eternal Blue
9. Cynic – Ascension Codes
8. The Dear Hunter – The Indigo Child
7. VOLA – Witness
6. The Paradox twin – Silence from Signals
5. Anneke Van Giersbergen – The Darkest Skies Are the Brightest
4. Insurgent – Sentient
3. Leprous – Aphelion
2. Steven Wilson – THE FUTURE BITES
1. Deine Lakaien – Dual