O que faz um bom comando?

Será o design? A costumização? A ergonomia? A funcionalidade? A qualidade? Um bom d-pad? Muitos botões? Os analógicos?

Os comandos de consola têm sempre dado muito que falar ao longo das gerações subsequentes, são a peça caracterizadora e identitária do sistema e têm sido sempre alvo de marketing focado, pois é aquele objecto que quando ligamos a consola teremos várias horas nas nossas mãos.

O comando tem o toque premium dos materiais: é um luxo vintage!

Nos PCs, mas sobretudo nas consolas, quando alguém projecta uma consola tem também de se preocupar com os periféricos da mesma, sobretudo os chamados gamepads ou controllers, por cá temos o costume de chamá-los simplesmente de comandos.

Acaba por ser para o consumidor final uma peça íntima e na altura de venda acaba também por ser um dos factores que pesam na decisão final pela sua compra, bem como também pode decidir a trajectória de sucesso ou insucesso do produto no seu conjunto.

Há alguns exemplos célebres e, que isso aconteceu, como o caso da ínfame Atari Jaguar cuja aceitação geral do publico foi má ou o celebre caso da Nintendo 64 com a Nintendo a projectar a maioria das atenções para o design “revolucionário” do comando da consola, num mercado que estava a dar as suas primeiras pisadas no campo do tridimensional.

No fim nenhum comando é perfeito, mas há um comando perfeito para cada pessoa, é algo extremamente pessoal.

Porque uns preferem a ergonomia à funcionalidade, outros dão maior importância a um d-pad melhor do que a um analógico, há quem prefira botões com maior feedback outros com maior tempo de actuação, membrana ou mecânicos.

O direcional digital ou d-pad continua ainda a ser usado em muitos géneros tradicionais, sobretudo jogos arcada.

No final o que interessa é mesmo o que pretendemos jogar, durante estes últimos 20 anos a jogar com comandos sempre preferi os DualShock da PlayStation para determinados jogos, nomeadamente jogos de luta que necessitam duma precisão maior de movimentos, como por exemplo a serie King of Fighters ou shmup estilo R-Type, ou Aerofighters. Isto porque ao logo dos anos a qualidade do d-pad (direcional digital) têm mantido uma qualidade aceitável e a melhor precisão que se pode ter num gamepad. Obviamente que nada disto ultrapassa um bom arcade stick.

Quanto a outros géneros, sejam jogos na terceira pessoa ou primeira ambos os designs são bons seja PlayStation seja Xbox, no entanto há dois géneros que se destacam para quem gosta de jogar com comandos da Xbox.

O primeiro são jogos de corridas, os gatilhos evoluíram precisamente para acelerações e travagens meticulosamente ajustadas e isso tem uma história. Outro género que por acidente encaixou-se bem com a qualidade dos gatilhos foram os shooters, sobretudo os de primeira pessoa como a serie Halo e Call of Duty. Falei da história dos gatilhos, e esta é uma história interessante porque a Microsoft pegou num legado com muitos anos de experiência que começou com a Sega.

Durante muitos anos a Sega focou-se sobretudo em jogos arcada de corrida e muitos shmups.

A Sega já possuía nas consolas o que considero o melhor direcional digital o chamado d-pad, que evoluiu desde a Mega Drive até à Sega Saturn, quanto aos gatilhos laterais que falo, o direito e o esquerdo, que mantemos o nossos indicadores sempre prontos, a experiência surgiu um bocado por acidente nascendo um dos melhores comandos de consola que viria a influenciar as consolas modernas, até mais do que o comando da Nintendo 64 e até o DualShock da PlayStation, sendo que não lhe tiro o mérito porque este também foi influencia na necessidade de usarmos dois botões analógicos em jogos cujo movimento tridimensional evolui para lá de apenas nos movimentarmos em meia dúzia de direções.

O comando que hoje identificamos da Xbox One ou Xbox Series X/S é uma evolução do comando da Xbox 360 que por sua vez evoluiu do primeiro comando da Xbox o chamado duke controller, que por sua vez foi inspirado no comando da Dreamcast – este que já era uma evolução do 3D Control Pad da Sega Saturn que foi desenvolvido em torno do jogo NiGHTS into Dreams – comando esse que sai para o mercado 1 mês apenas depois da Sony ter lançado o DualShock!

No que diz respeito aos comandos da Xbox, a Microsoft também já tinha alguma experiência com a linha de periféricos SideWinder e notam-se determinadas características ergonómicas no comando Duke da Xbox original que foram buscar ao SideWinder Game Pad.

Agora depois deste resumo histórico falo do que interessa: o gamepad para PC e Xbox edição especial dos 20 anos da marca. Este comando pode ser usado tanto em PC como em Xbox One como na nova geração Xbox Series.

Todo o design tem um propósito e significado, o facto de ser transparente e verde serve para relembrar a edição especial cristal da primeira consola Xbox, aproveitando para apresentar um aspecto minucioso e high-tech e precisão a relembrar muitos mecanismos como relógios mecânicos.

No geral o comando não é muito diferente dos normais, à exepção dos acabamentos e da qualidade dos materiais que aparentam ser um bocado mais premium.

As funcionalidades novas continuam lá e não são diferentes do regular comando da Xbox Series onde destaco sobretudo o chamado d-pad híbrido com micro-switches que é mais preciso que os anteriores e ideal para jogos de movimentos precisos como shooters e jogos de luta em side-scrolling 2D e 2.5D.

Não tentem jogar Cup Head com uma mão para tirar fotos!

Além do motivo verde, a transparência, destaca-se ainda a iluminação branca do botão Xbox central com o logo da Xbox que é visualmente mais apelativo e a superfície emborrachada na parte traseira do comando nas laterais onde pousamos os nossos 3 dedos – anelar, médio e mindinho. Esta nova superfície ajuda a mantermos o comando agarrado mais tempo sem o desconforto da transpiração natural das mãos.

A experiência que tive com o comando foi particularmente boa, usei durante 12 anos comandos da Xbox 360 e Xbox One para jogar determinados jogos como acção e aventura, e até jogos de corrida quando não me apetece montar o volante ou quero jogar algo mais casualmente.

Para este tipo de uso continuam a ser usados, mas este comando passará a ser o preferido para isso, e fica aqui mais um quando a crise da pandemia passar e ter cá amigos para as jogatinas de FIFA. Comparativamente à geração anterior da Xbox One a melhoria não foi um salto tecnológico grande, mas um refinamento que tornou o comando melhor.

A primeira semana de uso testei-o com o Resident Evil 2 Remake, Shadow of The Tomb Raider, Forza Horizon 4 e Cuphead.

Este ultimo jogo o Cup Head foi jogado para testar a qualidade do d-pad que continuo a preferir em detrimento do analógico, e a experiência foi positiva, não digo que perfeita ou a melhor mas nota-se perfeitamente a melhoria neste campo, que requer alguma habituação.

O comando é uma boa opção para jogos de corridas como o Forza Horizon para quem prefere jogar de comando, mas continua a ser o comando ideal para jogar jogos do tipo Resident Evil e todos outros tantos com vista de terceira pessoa.

Pegar neste comando foi não só a necessidade de renovar um periférico, mas o mote para contar esta hisória que já tem muito para contar, e bem mais do que 20 anos de evolução natural. Recomendo esta versão sobretudo para os nostálgicos da marca Xbox, se não querem gastar tanto ficam igualmente servidos pela versão normal.

O Comando Sem Fios Xbox – 20th Anniversary Special Edition custa entre 65 a 69€ e pode ser encontrado nas lojas do costume.

https://www.xbox.com/pt-PT/accessories/controllers/20th-anniversary

O comando tem alguns easter eggs, um deles é a assinatura do Phil Spencer, os outros têm que descobrir, uma pista, um deles está na caixa!