Penso que todos os jogadores já passaram em algum momento por aquela sensação de quererem jogar alguma coisa, dizerem que não têm nada para jogar, mas ao mesmo tempo terem centenas de jogos virgens nas diversas plataformas. Com o Game Pass incluído tenho certamente mais de 1000 jogos que nunca joguei, mas parece que nunca sei o que jogar. Desta vez ao pesquisar a escolha recaiu em Evil Genius 2: World Domination. É para isto que o Game Pass serve, vermos um jogo que nos tinha passado ao lado, instalarmos e acabarmos com uma boa surpresa nas mãos.

Evil Genius 2: World Domination é um jogo de estratégia muitíssimo divertido. Pontualmente falo nisto, mas é muitíssimo difícil transpor a comédia convencional para um jogo, já que não há a habitual troca de galhardetes entre personagens na forma como estes são habitualmente construídos. Aqui esse problema é contornado com a representação do humor a ser feita maioritariamente nos momentos de cinemática, mas aí feito com especial cuidado com as representações e estereótipos, não tentando evitá-los, mas sim homenageá-los, o fez com que este jogo me remetesse para filmes de espiões antigos como a franquia 007.

O espaço para a nossa base desaparece num piscar de olhos.

O humor não acaba nestes momentos, muitas das acções no jogo também são animadas de forma engraçada, muito ao estilo de Two Point Hospital, contudo num jogo deste género cedo se tornam repetitivas, e após o sorriso inicial acabamos por remetê-las ao fast forward tradicional destes jogos.

Aqui jogamos com um de alguns vilões opcionais e o nosso objectivo é, como não poderia de deixar de ser, dominar o mundo. Temos de actuar em 3 planos. A construção da nossa base, a construção duma forma de branquearmos as nossas operações e as operações secretas espalhadas pelo mundo.

Ao início tudo parece um bocado confuso, mas o tutorial da campanha acaba por se revelar bastante bom para a compreensão de todo o jogo. Funciona por repetição, isto é, mesmo sem nos dizer ao certo para que serve o que estamos a fazer, guia-nos por tanto tempo que, para além de percebermos as mecânicas, vamos acabando por nos aperceber para que é que estas servem ao ganharmos confiança para clicarmos em todo o lado e ao termos de resolver alguns problemas que vão aparecendo pelo caminho.

Temos que lançar operações secretas para dominar o mundo. MUAHAHAHAHAH!!!

O enfoque inicial é a construção da nossa base. Ao início parece que há espaço para tudo, mas Evil Genius 2: World Domination é um daqueles jogos em que a primeira vez que jogamos serve mais para aprender do que para nos tornarmos mestres no ofício. Ao fazermos as diversas salas da nossa base não temos qualquer noção da dimensão necessária para as mesmas, nem tampouco sabemos a real utilidade das estruturas necessárias para o seu funcionamento, ou se teremos de adicionar alguma no futuro. Isto é um problema que se revela chato a partir, talvez, do meio do jogo, onde o espaço que nos parecia gigantesco nos começa a escassear e temos de começar a tomar decisões sobre o que cortar. Mesmo a optimização de salas não é fácil de fazer. Eu optei por escrever à mão as dimensões que considerava pertinentes para a forma como gostava mais de jogar. O grosso da nossa actividade é gerido nesta base.

Paralelo à base há um casino que é usado para disfarçar a nossa actividade principal de génio do mal. Este casino pode ser usado para gerar alguns recursos suplementares, mas eu acabei por nunca precisar de dinheiro em nenhuma ocasião, usei o casino para distrair agentes de organizações rivais, fazendo que fossem embora sem espiarem a minha base. Por acaso esperava mais desta vertente do jogo, parece muito unidimensional, quando há tanto potencial que podia ser explorado com ela.

Muito do humor é remetido para momentos de cinemática, opção que acabou por resultar bastante bem.

Por fim temos as operações mundiais. Temos o mapa do mundo que aos poucos vamos dominando. Admito que olhei mais para esta parte do jogo do que ela merecia. Provavelmente não fossem as missões principais ou acessórias que nos são atiradas, pouco de interessante ela tem para fazer, no entanto há algo de compulsivo nela, pois temos sempre aquela vontade de dominar tudo. Iniciei as minhas operações no Brasil, mas rapidamente me comecei a expandir, e no dia em que se me acabou o Game Pass já praticamente dominava todo o mundo, faltando somente duas regiões. O que há para fazer fora das missões não é muito recompensador, pois muitas vezes os bónus passivos de cada região fazem com que seja dispensável prestar atenção às actividades que temos para realizar por nossa iniciativa.

Evil Genius 2: World Domination é um jogo muito bem composto, um daqueles em que o todo vale muito mais que a soma das suas partes. É possível que nem lhe tivesse prestado grande atenção caso não estivesse no Game Pass, mas foi essa a gota de água que mo fez instalar e testar. Valeu bem a pena. É um jogo muito competente e divertido, que certamente vos dará uma data de horas muito bem passadas.