O motivo pelo qual comprei a minha Xbox foi o Game Pass. Mal ele ficou activo em Portugal comprei a consola. Curiosamente um dos jogos que mais joguei com ela foi Forza Horizon 2 que na altura estava nos jogos com Gold, ou apareceu pouco tempo depois. Considerando o meu gostinho pessoal por jogos de corridas, sempre tive imensa pena de nunca ter conseguido jogar Forza Motorsports. O jogo parecia impressionante, mas sempre remetido para a exclusividade das consolas. Fui sempre olhando para a capa com pena. Pegava no jogo nas lojas, olhava, suspirava, pousava.
Forza Horizon 2 era então a minha oportunidade de entrar nesse mundo. Não sabia que havia duas versões de Forza, e quando entrei fiquei de queixo caído. Aquilo era um jogo de Xbox 360, mas era lindo! E era em Itália, mas também era em França. Também dava para associar as paisagens às zonas, o jogo era em mundo aberto.
2014 foi um ano muito interessante em termos de jogos. Dragon Age: Inquisition, Titanfall, Dark Souls II, Mario Kart 8, Super Smash Bros U, Destiny 2, Alien: Isolation, Wolfenstein: New World Order, … tantos bons jogos que até percebo porque se falou pouco de Forza. Também há o estigma de ser um jogo de corridas, e esses são para os fãs, não são para a elite informada dos connoisseurs gourmet.
Eu sou uma pessoa rude do campo. Forza Horizon 2 entrou imediatamente para a minha lista de jogos preferidos. Certo que a ideia de correr em mundo aberto já é bem antiga. Turbo Espirit de 1986 tem a fama de ser o primeiro. O primeiro que joguei muitas horas foi Need For Speed 2, que mesmo tendo saído em 1997 eu apenas o joguei muito mais tarde.
Havia no entanto algo com Forza Horizon 2. Era diferente. Já foi um jogo muito bem aceite, mas estava fechado na Xbox. Isso não era desculpa, claramente era um jogo especial.
Forza Horizon 3 melhorou a fórmula. Mapa do dobro do tamanho, casa de leilões para carros, loja para mostrarmos as nossas pinturas, no fundo praticamente o template do que já é. Este jogo foi também a primeira nota acima de 90 no Metacritic, no entanto as pessoas continuavam a não falar nele. Em 2016 saem jogos como Overwatch, Titanfall 2, o controverso No Man’s Sky, Gears of War 4, Dishonored 2 ou Uncharted 4. No entanto cada vez mais é difícil explicar o voto ao ostracismo que a franquia foi recebendo, com coberturas marginais, inclusões nas secções de desporto ou corridas e o habitual desdém arrogante dos portais na altura dos jogos do ano.
Forza Horizon 4 foi o primeiro jogo da franquia a levantar ondas. Começava a ser incontornável. A realidade é que a execução do conceito é sublime, mas o ano foi excepcionalmente bom com os videojogos. God of War e Red Dead Redemption 2 foram limpando todos os prémios entre si, mas no mesmo ano saem Spider Man, Super Smash Bros Ultimate, Celeste, Assassins Creed Odyssey, Octopath Traveler, Tetris Effect. Este ano excepcionalmente bom acabou por voltar a empurrar com a barriga as ténues vozes que começavam a reclamar um espaço para Forza Horizon na consideração para um dos melhores jogos do ano, mas o estigma estava sempre lá. A imprensa mainstream mandava o jogo para o jornalista dos jogos de corridas, a conversa nos podcasts não era grande. Porém havia aqui uma coisa que mudou. O jogo estava agora day one no Game Pass para PC. Isso mostrou o jogo a muito mais gente, mas faltou a vaga de fundo. Forza Horizon 4 estava muito mais completo. Tinha uma pequena história, múltiplos eventos online, teve expansões, uma qualidade gráfica ímpar, uma jogabilidade imaculada e apresentou-se praticamente isento de bugs ou glitches.
O ano passado houve um ano morno com videojogos. Faltou a killer app. Não faltaram bons jogos, mas quando se comparou Forza Horizon 5 com alguns outros que mereceram muito mais atenção parecia gritante. Mas para mim há aqui uma questão. Joguei este jogo no mesmo PC em que joguei o anterior e tive imensas dificuldades em identificar as diferenças óbvias. Claro que acabaram mais ou menos com o sistema de estações para um clima dinâmico, mexeram nuns modos aqui e acolá, tomaram a decisão de incidir muito mais na cultura do local onde o jogo decorria que em jogos anteriores mas deixem que vos diga, na minha opinião Forza Horizon 5 é essencialmente Forza Horizon 4. São ambos brilhantes.
Não sei porque de repente ficou mainstream, mas obviamente que notei que em imensos podcasts os paineleiros diziam que tinham experimentado pela primeira vez a franquia e que esta era genial, o próprio querido líder foi um desses. Talvez a maior penetração do Game Pass na comunidade, ou mesmo uma maior exposição à nova Xbox Series X/S dentro duma comunidade que não tem tido acesso fácil à dominante Playstation… efectivamente não tenho resposta para isto mas parece que as pessoas acordaram em uníssono para esta pérola de franquia que a Xbox tem nas mãos. Bem, talvez excepto o Óscar Morgado que quer um Forza Begueiro… podemos tirar a pessoa do azeite, mas não podemos tirar o azeite da pessoa.
Mas é isto amigos. Forza Horizon 5 é excelente porque Forza Horizon sempre foi excelente. Fico contente por agora toda a gente saber isso, porque sem dúvida que a Playground Games merece este reconhecimento.