Caçada Semana #303

Vivemos globalmente um dos períodos mais pacíficos da História da Humanidade, ainda que existam guerras a serem travadas em alguns pontos do planeta. A nossa existência foi definida pela nossa própria beligerância, e por isso não será de espantar que a guerra seja de tal ponto inspiradora para qualquer meio cultural e artístico. 

Os dois indies de hoje mostram o conflito enquanto inspiração, entre guerras reais e ficcionais.

War Mongrels [PC, PS4, Xbox Series, Xbox One, PS5]

Com tantos jogos a serem lançados, e tantos géneros a serem esmiuçados até à nossa saturação, ainda hoje me admiro como é que saem tão poucos real time tactics games com uma vertente furtiva ao bom estilo de Commandos. Jogos onde cada movimento e cada peça importam, onde o mais ligeiro erro é suficiente para nos fazer perder o jogo.

O mais recente jogo a tentá-lo é War Mongrels, um jogo do género que também é passado na Segunda Guerra Mundial, onde controlamos dois soldados desertores do exército alemão, Manfred e Ewald, ao qual se vão juntando o restante elenco, à medida que avançamos nas missões.

Cada um deles tem características e capacidades diferentes, o que será o ónus de dificuldade de conseguir, furtivamente, escapar por entre as ruas da Europa de Leste durante a contenda entre os exércitos do Reich e da União Soviética.

Com um modo de planeamento disponível, em que podemos ir, tacticamente, pensando em cada um dos nossos movimentos, ou um modo mais de acção – que se desajusta às pretensões conceptuais do jogo, War Mongrels é um interessante e difícil jogo de furtividade táctica. Assim como os jogos que lhe servem de inspiração, a tentativa e erro são essenciais a cada um dos capítulos deste jogo.

Com uma temática forte e uma abordagem extremamente pesada, War Mongrels não é para todos, nem pela história que conta nem pelo tremendo desafio que apresenta. Mas é um título obrigatório para todos aqueles que têm saudades de jogar jogos como aqueles que tornaram famoso os espanhóis do Pyro Studios.

 

Age of Darkness: Final Stand [PC]

Continuando nesta lógica de jogos difíceis como a própria guerra, temos Age of Darkness: Final Stand, recém-lançado em Early Access no Steam. Um RTS altamente desafiante onde o número de vezes em que vamos perder é muito, muito elevada.

Age of Darkness: Final Stand é um base builder hardcore, no qual temos dois momentos do ciclo de cada dia: a fase diurna, onde temos de explorar o mapa e de recolher recursos. É nesta fase que temos de ir fazendo level up ao nosso herói, dotando-o de novas habilidades que lhe permitam sobreviver à fase realmente difícil: a noite. Mas já lá iremos. É também durante o dia que temos de ir recrutando novas unidades e construindo/melhorando edifícios, pensando nas defesas que temos de instalar para sobreviver às agruras do anoitecer.

É a noite quem traz o verdadeiro perigo: para além de uma névoa mortífera que penaliza as nossas unidades, ela traz também consigo uma exponencial de inimigos para derrotarmos, em vagas, cujo único objectivo é destruírem a nossa pequena povoação.

Em teoria, os developers anunciam que o jogo está preparado para nos atacar com 70000 unidades numa noite, o que demonstra o desafio verdadeiramente sangrento que corresponde este Age of Darkness: Final Stand.

As semelhanças com They Are Billions é mais do que evidente, ainda que lhe falte ainda a profundidade e o nível de depuração daquele. Mas o tempo logo dirá se Age of Darkness: Final Stand conseguirá cumprir com o tremendo potencial que apresenta agora nesta fase em alpha.