A tradição que temos em nossa casa de termos muitas actividades em conjunto, que vão desde as mais contemporâneas, como os videojogos e os meios audiovisuais, ou os mais tradicionais, como montar Lego e jogar jogos de tabuleiro. Isto é parte de um espelho da forma como fui criado, onde a minha família mantinha e alimentava o convívio e as actividades conjuntas.
Uma delas, que partilhei com o meu avô, foi o da montagem de modelos de barcos, aviões e até, pasmem-se, mechas, quase tudo oriundo da marca Revell, a única, ou uma das únicas disponíveis no mercado durante a minha infância.
Model Builder, um simulador de montagem e pintura deste tipo de kits, cujo lançamento está previsto para 2022 e ao qual já tivemos acesso, tem como missão recuperar esta tradição. Um jogo na primeira pessoa onde o ambiente está circunscrito a um espécie de garagem com bancadas e vitrines, e onde montamos, passo a passo, os modelos disponíveis.
Nesta versão de acesso antecipado que experimentámos, existem poucos kits diferentes para montarmos, e cada um deles serve de tutorial às possibilidades que este Model Builder nos traz.
O primeiro é um caça, cujo objectivo é “apenas” a sua montagem. Depois de desempacotado o kit, as diferentes placas são separadas e abrimos o manual de instruções. Como num kit real, cada pequena peça está numerada de forma a que consigamos montar o modelo sem que fique a faltar, ou que tenhamos dificuldade em identificar uma peça pelo seu diagrama ou esquema.
É claro que – ao contrário da vida real e tratando-se de um objecto interactivo – temos o atalho de carregar no esquema de montagem e ser dirigidos automaticamente para a peça correspondente. Resta-nos pegar num x-acto e destacar a peça da placa, e ir seguindo as instruções. Podemos rodar o nosso modelo, colocar algumas partes de lado para começar outras secções do kit, num sistema muito bem traduzido do real para a simulação de um hobby.
O segundo modelo, um guerreiro anão reminiscente das figuras de Warhammer Fantasy, serve de aprendizagem ao sistema de pintura tridimensional com um aerógrafo virtual. Como se utilizam e misturam as cores, a forma como podemos (ou não) seguir as sugestões de instrução de pintura, assim como os acabamentos.
Após terminarmos as duas montagens, podemos expor os nossos modelos finalizados numa vitrina. E termina por aí cada “sequência”.
O futuro comercial de Model Builder – um simulador para um pequeníssimo nicho – passará pela aquisição de novos kits (pagos ou gratuitos). Para mim esta pequena amostra de simulador já me fez algo que julgava nunca mais sentir: a vontade de comprar kits de modelos da Revell e calmamente passar um fim-de-semana a montá-los.
